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Elói

Hoje é sexta-feira e nesse exato momento estou sentada na poltrona da recepção de um hotel situado na cidade de Xangai, o qual Calum entrou em uma discussão com os recepcionistas que já levam mais de trinta minutos tentando resolver o problema.

– Chineses inúteis! - ele senta no pequeno sofá ao meu lado e bufa com tanta força que penso que ele morreu sem ar ali mesmo, e por isso o analiso para confirmar se está tudo bem.

– Encontraram um quarto pra gente? - pergunto enquanto vou folheando as páginas de uma revista que eu apenas analiso as imagens, pois não entendo nada da língua deles.

– Estão dando um jeito na merda que fizeram. - disse. Calum estava mesmo estressado, mas não posso o julgar. Passar o dia inteirinho dentro de um avião depois de acordar super cedo, dormir super mal e ainda chegar no hotel e ter que lidar com a irresponsabilidade dos funcionários é realmente frustrante – Você tem certeza que fez a reserva do quarto?

– Pela décima vez desde que chegamos: sim, Calum. Eu fiz as reservas! - falei cansada sem tirar meus olhos da revista.

Perdi a conta de quantas vezes ele bufou desde que colocamos os pés no hotel. Calum estava começando a me irritar com a sua energia extremamente pesada que exala dele. Eu gosto do seu alto astral, e não desse Calum insuportável.

Ele se levanta quando um dos recepcionistas caminha até ele e fala algo como "cingoulai". Não sei se a pronúncia está realmente certa, mas foi o que meus ouvidos captaram.

Nós caminhamos até o elevador, e do elevador por um grande corredor até chegarmos em uma porta e o cara abrir ela nos dando passagem para adentrar. Calum trocou mais algumas palavras com ele e por seguinte fechou a porta.

– Seu mandarim é horrível. - o encaro séria.

– Como você sabe? Nem entende o que estou falando. - ele da de ombros.

– Exatamente por isso. Eu não entendo. - falo e ele roda os olhos com minha piada de tiozão – Seu sotaque é ruim e a expressão facial das pessoas quando você fala com elas... - torço o nariz – Ficam assustadas. Parece que você tem a língua presa.

– Cala a boca. - ele fala e depois caminha até o frigobar na pequena cozinha – Dorme um pouco, em algumas horas preciso de você descansada e apresentável.

– Estou com sede. Tem vinho? - pergunto e ele vira o pescoço na minha direção, tirando sua atenção do frigorífico.

– Você tá grávida. Sem bebidas alcoólicas pra você. - rodo os olhos com tamanha força. Gravidez é um verdadeiro tédio.

– Preferia não estar. - suspiro e me deito no sofá.

– Mas está, então lide com isso. - ele volta até a sala e se deita ao meu lado no espaço vago no sofá enquanto toma um gole da cerveja e faz careta para a garrafa.

Me viro de lado de forma que pudesse encarar seu rosto com mais facilidade. Deito a cabeça em cima das mãos as usando como apoio e suspiro – Se você estivesse no meu lugar, abortaria? - Calum vira seu rosto para mim revelando uma expressão totalmente negativa, como quem estivesse me reprovando. Acho que pensei muito alto.

– Nem pense nisso. - me repreende e da outro gole em sua bebida.

– Não quero que escolha por mim. Te perguntei outra coisa. - ele volta a me olhar e observa meu rosto por algum tempo sem dizer nada.

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