11. Jantar Beneficente

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Julho de 1820 – Grécia - Pireus

Quando chegamos em casa, Tasos estava descendo as escadas com sua namorada.

— Então a senhorita já voltou? Não aguentou ficar longe da gente? — falou ele sarcástico.

Eu olhei para ele com sangue nos olhos.

— Achei que tinha te ensinado uma boa lição naquela noite, mas pelo visto eu deveria ter te batido mais forte. Com licença.

E subi as escadas indo para o meu quarto, quero dizer, antigo quarto. De fundo ouvi Lili Bell perguntando para seu namorado o que eu quis dizer com aquilo. Entrei no quarto e comecei a colocar algumas coisas dentro da minha bolsa, sentiria falta daquele lugar. Melhor eu não me demorar muito e não pensar demais se não começaria a chorar.

Dimitri apareceu na porta e ficou ali encostado no batente me olhando.

— Fique, por favor, Agnes. — disse ele triste.

— Não dá...

— Se você for, eu vou ficar hospedado na pensão até você voltar! Eu não consigo mais ficar longe de você, Koúkla mou! Eu não tenho paz ou sossego sem ter noticias suas, sem te ver, sem saber se está segura! — disse ele aflito.

— Olha... eu estou tentado te dar espaço para você conhecer alguém, namorar, dar uma, ou sei lá fazer o que! Naquela noite acabei atrapalhando sua investida na Ester e eu não quero que isso ocorra novamente. — falei me recordando e tentando não fazer cara de raiva ou demonstrar ciúmes.

— Eu fui um idiota naquela noite, Agnes! Eu sinto muito pelo meu comportamento e do modo que falei com você! Eu vou me arrepender disso para o resto da minha vida! Eu te aprecio muito moça, e prometo tentar não te chatear novamente. Não gosto de vê-la assim por minha causa.

— Eu também sinto muito Baby, mas você sabe que é necessária nossa separação. Você precisa viver sua vida como se eu não estivesse aqui!

Dimitri estava com os ombros para frente caídos e ocupando a porta toda me impedindo de sair.

— Como eu vou fazer isso depois de te conhecer? Como você quer que eu te esqueça se estou vivendo os melhores dias da minha vida desde que te vi nadando naquele lago perto da minha cabana! E assim como você é teimosa eu sou muito persistente, você pode ter certeza disso, moça! — disse ele sério. — E quando se trata de você eu faço de tudo para te manter sob meus olhos, perto de mim!

— Você não deveria ficar me falando essas coisas!

Sentei-me na cama respirando fundo, eu não duvidava dos seus sentimentos por mim. Não sei se adiantaria eu ficar na pensão se ele ficaria hospedado lá também! Com essa atitude só gastaríamos dinheiro e não ficaríamos separados.

Ele se sentou na minha cama de frente para mim, pegou minhas mãos beijando-as e ficou as segurando.

— Eu quero tanto ficar com você só para mim, Koúkla mou, nunca duvide disso! — falou me olhando com carinho. — Eu já pensei em várias formas de como ficar com você, mais é complicado. Você precisa voltar para a sua época, aqui não é seguro para ninguém, você sabe muito bem disso.

— E também tem seus pais.

— Sim, tem mais esse empecilho. Eu fiz uma promessa de me casar com uma mulher grega, e se eu falhar vou ser deserdado pelo meu pai. E isso implica em muito sofrimento e meu afastamento da minha família.

— Eu sei que você os ama muito.

— Sim Koúkla, mas eu quero ficar com você também!

Eu sabia de todas essas implicações, mas eu o queria mesmo assim! Se por um lado eu gostava muito de saber que eu era correspondida, por outro lado eu sabia que aquelas declarações não serviriam para nada e ficaríamos na mesma!

Koúkla Mou - Livro 3 - Novos DesafiosOnde histórias criam vida. Descubra agora