6. Segundo dia de Trabalho

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Julho de 1820 – Grécia – Pireus

Acordei sentindo minhas pernas doloridas e com calor, me levantei e abri a janela e o sol estava bem forte, já era de tarde. Coloquei meu robe e fui tomar um banho para despertar. Precisava dar uma boa lavada no meu cabelo que estava com cheiro de cigarro e suor.

Depois do banho fui para a cozinha secando meus cabelos úmidos, ouvi a voz de Dimitri e Alekos conversando, fiquei atrás da parede ouvindo o que eles estavam falando com meu coração acelerado e com medo de alguém me pegar espiando.

— Ela vai me deixar louco trabalhando fora, primo! — disse Dimitri irritado.

— Primo, escuta! Eu já lhe disse. — disse Alekos. — A gata, não é mulher de ficar fazendo tricô sentada de frente para a lareira dentro de casa! Se ela quiser trabalhar ou fazer qualquer outra coisa, ela com certeza vai fazer!

— Eu sei! E isso me tira a tranquilidade! Eu sei que ela é uma mulher de muita personalidade. Quando ela não gosta de alguma coisa fica estampado em seu rosto. A vida foi dura com ela, e ela teve que amadurecer cedo por não ter tido família. E é por isso que eu quero dar tudo a ela, primo! Eu quero cuidar dela! Quero protegê-la e dar-lhe conforto. — disse Dimitri com a voz triste.

— Eu sei primo, e até hoje eu não entendo porque vocês não ficam juntos de uma vez. Mais você tem que deixá-la viver a vida dela. — disse Alekos.

— E como eu vou conseguir fazer isso? — perguntou Dimitri.

Ouvi passos no corredor e comecei a fazer barulho andando para eles ouvirem que tinha alguém se aproximando. Entrei na cozinha, Dimitri estava em pé e Alekos sentado, e agora os dois olhavam para mim. Tentei disfarçar que não tinha ouvido a conversa deles, mais não sei se funcionou.

— Bom dia, rapazes.

Dimitri veio até mim, pegou minhas mãos e deu um beijo, e eu lhe dei um beijo no rosto. Ele estava com seu cabelo dourado preso, o rosto liso por causa da barba feita, deu para sentir o cheiro de alguma loção pós barba bem gostoso, eu adorava esse cheiro, parecia que deixava o homem mais másculo. Alekos se levantou e me deu um beijo no rosto. E Dimitri puxou a cadeira para eu me sentar, eu me sentei e ele se sentou ao meu lado.

— Já tomaram café? — perguntei com fome.

— Sim gata, mas isso faz muito tempo. Acabamos de chegar e estou morrendo de fome de novo.

— Já estava me esquecendo que hoje é o dia de folga da dona Gilde. — disse Dimitri se levantando.

Levantei-me também para fazermos algo para comermos.

— E aí, Alekos, me conta. A noite foi boa para você? — perguntei me lembrando dele subindo para o quarto com duas mulheres.

— Ah, Gata! Pode apostar que foi incrível. — disse ele dando um sorrisinho sem vergonha. — Aquelas garotas foram incríveis, não gosto nem de lembrar que fico todo arrepiado. Koíta, koíta... (olha, olha...). — disse mostrando os braços com os pelos arrepiados.

Eu dei risada e Dimitri coçou a garganta como se advertisse seu primo para falar menos de sua vida amorosa. Ele ascendeu o fogão a lenha, depois foi colocando a água dentro de uma panela para esquentar, enquanto eu fui pegando os ingredientes que eu ia precisar.

— Mas me diz uma coisa Ale, você deu conta das duas? — perguntei curiosa.

— Até você Koúkla! — disse Dimitri surpreso olhando para mim.

— É só curiosidade, Baby. Poxa! Ele tinha bebido muito. Você também perguntou isso para ele?

— É claro que perguntei! Você estava lá e viu o quão bêbado ele estava.

Koúkla Mou - Livro 3 - Novos DesafiosOnde histórias criam vida. Descubra agora