21. Perigo em Alto Mar

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Abril de 1821 – Grécia – Methana

Acordei sonolenta e meio desnorteada por causa da gritaria que estava ouvindo. Deveria ser madrugada, ainda estava escuro.

— Senhora Montgomery, acorde! Preciso levá-la para um local seguro. — disse Tino batendo na porta aflito.

— Puta merda! Vou me vestir, só um minuto.

Me vesti, calcei um sapato e peguei minha arma e a adaga e as coloquei em minha cintura. E peguei mais munições e coloquei em meu bolso na saia. Meu coração já estava acelerado.

Abri a porta e a gritaria se intensificou.

— O que está acontecendo, Tino?

Ele estava segurando um candelabro, a expressão apreensiva, pegou em braço e começou a me conduzir pelo corredor em meio aquela confusão de pessoas.

— Os piratas estão tentando tomar o navio, senhora. Vou levá-la para o porão junto com as outras mulheres e as crianças.

— Tá de sacanagem, piratas?

— Sim senhora, piratas.

Eu peguei minha arma e conferi se estava carregada, Tino olhou para mim assustado.

— Em quantos eles estão?

— Eles são muitos senhora, e o capitão mandou eu deixá-la em segurança e é isso que eu farei.

Só me faltava essa! Porque os homens tinham que subestimar tanto as mulheres? Puxei meu braço e o fiz parar.

— Tino, é o seguinte! Você pode vir comigo e tentar recuperar o navio, ou vou logo te avisando que minha mira é muito boa e que não gosto de pessoas que tentam me dar ordens! — falei o ameaçando.

— Eu entendi o recado, senhora.

Fomos para o convés e vi Tasos e seus homens lutando contra os invasores, e realmente os piratas estavam em um grande numero. O navio deles estava preso ao nosso por cordas com ganchos e cada vez entrava mais homens no nosso navio. Eu tinha que fazer algo, me sentia nervosa com a adrenalina correndo pelas minhas veias.

— Me dê cobertura, Tino.

Peguei minha adaga e sai correndo abaixada e fui passando pelos homens lutando para cortar as cordas, e Tino ia para cima daqueles que tentava se aproximar de mim. Achei que seria fácil cortar, só que não, elas eram grossas. Me puxaram pelo cabelo me levantando, eu levantei meu calcanhar com força acertando o saco de um pirata que logo foi para o chão sem ar. Fui para a próxima corda e tinha um deles querendo passar para o nosso navio, eu comecei a cortar com toda a rapidez que eu conseguia, ele apontou a arma para mim, mas já era tarde e a corda arrebentou com o peso dele que caiu direto no mar me xingando. Alguém me agarrou por traz me apertando, eu bati a nuca em seu queixo e pisei com força em seu pé e ele me soltou, lhe dei um chute na barriga o jogando no mar.

Um tiro foi disparado e todos ficaram em silêncio, Tino ficou na minha frente me tampando enquanto eu continuava a cortar. Um dos piratas começou a falar em grego, ele estava nervoso e fazendo ameaças, Tasos respondeu no mesmo tom o xingando. Até nessas horas ele era arrogante. Tino me cutucou com o pé, eu escondi minha adaga na bota e fiquei em pé ao seu lado. Os piratas estavam armados e amarraram Tasos e seus homens e os levaram. E depois foi a minha vez de ser levada. Me empurraram para dentro de uma cabine com as outras mulheres, crianças e idosos e trancaram a porta.

As pessoas ali dentro estavam desesperadas, tinha gente rezando, crianças chorando, velho resmungando. Fiquei andando e olhando ao redor, eu tinha que pensar em algo para nos tirar daquela roubada. Notei que tinha uma entrada de ar pequena e fixada com parafusos, olhei para ver onde dava e vi os rapazes amarrados e sentados no chão na cabine ao lado. Eu só não conseguia ver se os piratas estavam ali.

Koúkla Mou - Livro 3 - Novos DesafiosOnde histórias criam vida. Descubra agora