13. Festa em Casa

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Junho de 1820 – Grécia – Porto de Pireus

Os dias foram passando e minhas expectativas quanto a ter uma vida sexual ativa com Dimitri foi diminuindo. Eu não o via mais, e nem Tasos desde o dia em que Lili Bell foi embora, parecia que eles estavam vivendo em uma eterna farra. Esse esquema das negociações deles serem feitas em bares e puteiros, eu não sabia até onde ia o trabalho e começa a diversão. Ou vice e versa.

Não sei se com a proximidade da guerra eles queriam aproveitar o máximo os dias livres, ou essa era a forma de Dimitri se manter afastado de mim, vai saber! Eu as vezes os ouvia chegando de madrugada cantando alto, as vezes ouvia o barulho de algo se quebrando. Só sei que minha vida continuou com muito trabalho e passeios com Mávro. Eu não ia cair na paranoia de ficar chateada só porque Dimitri simplesmente estava vivendo a vida dele e me ignorando.

Acordei tarde, coloquei meu robe, fiz um coque no cabelo e fui tomar banho. Praticamente eu tinha que levar os cabelos quase todos os dias por causa do cheiro de cigarro que impregnava neles. Depois do banho sequei bem os cabelos e desci as escadas para comer alguma coisa, eu sempre acordava com muita fome. E há essa hora só ficava em casa dona Gilde e sua sobrinha. No começo elas ficavam incomodadas de me verem andar de robe pela casa, mais depois foram se acostumando.

Entrei na cozinha e tive uma surpresa.

— Mais que milagre os encontrar aqui, rapazes. — falei olhando para eles.

Dimitri estava de cabelos soltos, a barba por fazer, um olho roxo e um corte no lábio. Tasos e Alekos também estavam machucados, menos Manus. Eles se levantaram e me cumprimentaram, Dimitri puxou a cadeira ao seu lado para eu me sentar, pegou minha mão e deu um beijo, e me sentei. Dessa vez não o cumprimentei com um beijo no rosto. Eu juro que eu não queria estar chateada, mas eu estava por ele ter sumido e por eu tê-lo encontrado em um puteiro se divertindo!

Dimitri começou a me servir e Tasos colocou vinho em meu copo, eles estavam conversando em grego entre eles. Eu entendia uma coisa ou outra.

— Não entendi, o que tem meu robe? — perguntei franzindo a testa.

Esse robe era bem lindo creme todo pintado e comportado de manga longa e ia até meu calcanhar, e fora que por baixo dele eu estava de camisola. Se eles vissem como eu realmente gostaria de estar vestida não reclamariam.

— Não é normal uma mulher respeitável ficar andando de robe pela casa. Ainda mais na presença de homens solteiros. — respondeu Tasos me provocando.

— Ah, Tasos! É sério! Como se você nunca tivesse visto uma mulher nua! — falei sarcástica.

— Todas as mulheres nuas que eu vi com essa vestimenta tinham passado a noite comigo ou iam passar. — respondeu ele se divertindo.

Dimitri bateu o punho na mesa olhando feio para seu primo.

— Não fale com ela desse jeito primo! Fique á vontade para andar do jeito que você quiser aqui dentro de casa, moça. — disse Dimitri.

— Eu sou acostumado com mulheres de robe, Aleksa recebe muitas amigas em casa. — falou Alekos.

Comecei a comer, já me sentia nervosa e ansiosa, eles seguiram conversando sobre rotas e distribuição de bebidas. E Dimitri começou a colocar mais comida em meu prato, assim como Tasos. Comecei a fazer uma barreira com a mão tentando barra-los, mais não adiantou nada. Com fome eu estava, mais comer aquela comida toda era gula.

— E aí? O que aconteceu com vocês? — perguntei para eles.

— Somos homens e fazemos coisas que homens fazem, senhorita. — respondeu Tasos.

Koúkla Mou - Livro 3 - Novos DesafiosOnde histórias criam vida. Descubra agora