15. Navio Clandestino

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Agosto de 1820 – Grécia – Porto de Pireus

Acordei com o barulho de alguém roncando, abri meus olhos mais só um abriu. O dia já tinha amanhecido e eu me sentia toda quebrada. Me sentei devagarzinho e vi um cobertor no chão, fui me aproximando da borda da cama e vi Dimitri deitado de barriga para cima. Ele estava dormindo com os cabelos espalhados pelo travesseiro, sem camisa, com uma das mãos em seu sexo e com o lençol cobrindo-o da cintura para baixo. Ele era tão másculo, forte e sexy, apesar do corpo marcado de dor e machucados.

Ah! Que visão era aquela, senhor!

— Você vai ficar me olhando dormir, moça? — disse ele com a voz rouca abrindo os olhos.

Baby, você estava roncando.

Encostei as costas na cabeceira. Senhor! Afaste de mim esses pensamentos pecaminosos logo pela manhã!

Dimitri se levantou só vestindo com a calça fina de dormir e se espreguiçou exibindo seu belo corpo e passando as mãos pelos cabelos soltos. A barba dele estava por fazer, como ele podia ser tão bonito? Ele se sentou nos pés da cama de frente para mim, me olhando atento e passando as mãos pelos meus pés. Suas mãos eram grandes, quentes e macias. Era incrível como a presença dele aquecia o ambiente todo do meu quarto e me tirava o fôlego.

— Como a senhorita está se sentindo?

— Bem melhor. Só estou com medo de me ver no espelho. — respondi ajeitando meus cabelos.

— Você é bela de qualquer jeito, Koúkla mou. — disse ele me olhando carinhoso.

— Agora me diz o que está acontecendo com você? O porque dessas lutas? — perguntei firme para ele saber que eu insistiria em saber.

Ele me olhou levantando uma sobrancelha.

— Minha cabeça estava cheia de coisas e eu precisava descarregar.

— Quais coisas? — insisti.

Ele respirou fundo e soltou a respiração.

— A guerra está se aproximando, tem minha família e tem a senhorita. Quem vai cuidar de você? Te defender e proteger? Te manter segura e longe de confusão? — disse ele com a voz rouca e a testa franzida.

Era nítido que aqueles assuntos o preocupavam muito.

— Não fique pensando nisso, Baby. Foque em se manter seguro e voltar para casa. Eu te prometo que ficarei bem aqui te esperando.

— Eu espero que sim, moça.

— E ache um novo jeito de você descarregar suas angustias, se não, eu juro que te dou uma surra!

— Eu tenho certeza disso, só que não vai ser preciso. Não quero que você se arrisque novamente ou se machuque mais por minha causa.

— Você dormiu aqui porque?

— Eu acabei dormindo aqui para ver se você dormiria bem, se não precisaria de alguma coisa. E também eu queria saber se está tudo bem ente nós? Eu não paro de pensar nisso e meu dia não ia reder sem antes falar com você.

— Está sim, Baby. Eu não gosto de ficar brava com você. E eu sei que você tem que lidar e administrar muitas coisas, mas eu não quero vê-lo ferido.

— Eu sei que você se preocupa comigo Koúkla, e eu também não gosto quando você faz algo imprudente como fugir no meio da noite sem avisar ninguém, ou entrar em brigas...

Alguém bateu na porta.

— Entra. — falei.

— Espera, quem é? — interveio Dimitri.

Koúkla Mou - Livro 3 - Novos DesafiosOnde histórias criam vida. Descubra agora