Capítulo 6

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Guardas a guiaram silenciosamente pelo observatório e depois até um corredor, onde Alina já podia ouvir a voz do rei berrar. Não conseguia entender nada do que estava dizendo, mas ouvia a palavra traição.

Pararam em uma porta formada por braços de lanças de duas estátuas de bronze – Alyosha e Arkady, o Cavaleiro de Ivets, sua armadura repleta de estrelas de ferro. O que quer que a câmara tenha sido antes, agora era a sala de guerra de Nikolai.

As paredes estavam cobertas com mapas mais atualizados do que os da antiga sala e desenhos de projetos, e uma mesa enorme de desenho estava cheia de bagunça. Nikolai estava debruçado sobre a mesa, braços e tornozelos cruzados, sua expressão perturbada, muito diferente do que da última vez que o viu. Alina quase não reconheceu o Rei e a Rainha de Ravka.

A última vez que tinha visto a Rainha, ela estava envolta em seda rosa e cheia de diamantes. Agora ela vestia um sarafan de lã sobre uma blusa simples camponesa. Seu cabelo loiro, sem vida e ressecado sem o polimento do dom de Genya, tinha sido amarrado em um coque bagunçado. O Rei, pelo visto, ainda preferia o traje militar. O galão de ouro e a faixa de cetim de seu uniforme de gala se foram, substituídos pelo tecido pouco atraente do Primeiro Exército, que parecia incongruente com sua constituição fraca e seu bigode grisalho. Ele parecia frágil inclinado sobre a cadeira de sua esposa, a prova contundente do que Genya tinha feito a ele em seus ombros encurvados e na pele solta. Assim que ela entrou, os olhos do Rei se esbugalharam de forma quase cômica.

"Agora ela tem sua própria cor?" ele resmungou revirando os olhos. Ela se forçou a se curvar, na esperança de que parte da diplomacia que havia aprendido com Nikolai lhe fosse útil.

"Moi tsar."

"Onde está a traidora?", ele uivou, saliva voando de seu lábio inferior. Pelo visto a diplomacia não ia dar certo, ela pensou.

Genya deu um pequeno passo à frente. As mãos dela tremiam agarradas em seu novo kefta vermelho. Ela tirou delicadamente as luvas, revelando as mãos feridas pelas sombras. As cicatrizes que sobraram no rosto ainda surpreendam Alina, mesmo depois do tratamento de um curandeiro elas permaneciam lá, assim como a mordida no ombro de Alina. O Rei engasgou. A Rainha cobriu a boca.

O silêncio na sala era a quietude depois de um tiro de canhão. Alina viu Nikolai prender a respiração. Ele olhou para Alina, boquiaberto.

"O que é isso?", murmurou o Rei.

"O preço que ela pagou por me salvar", disse Alina, decidindo mudar a narrativa, mostrar para o rei com quem ele estava lidando, "por desafiar o Darkling."

O Rei franziu o cenho. "Ela é uma traidora da coroa. Quero a cabeça dela."

Para sua surpresa, Genya disse a Nikolai, "Receberei minha punição se ele receber a dele".

O rosto do Rei ficou roxo. Talvez ele tivesse um ataque cardíaco e os salvasse de um monte de aborrecimento. "Fique calada quando estiver entre seus superiores!"

Genya levantou o queixo. "Eu não tenho superiores aqui." Ela não estava facilitando as coisas, mas ainda assim Alina quis comemorar.

A Rainha balbuciou. "Se você acha que...".

Genya estava tremendo, mas sua voz permaneceu forte enquanto dizia: "Se ele não pode ser julgado por suas falhas como rei, deixe-o ser julgado por suas falhas como homem."

"Sua meretriz ingrata", zombou o Rei.

"Chega", disse Nikolai. "Vocês dois.".

"Eu sou o Rei de Ravka. Eu não...".

"Você é um Rei com o trono em jogo", disse Nikolai calmamente. "E eu respeitosamente peço para que fique de boca fechada."

O Rei fechou a boca, uma veia pulsando na têmpora. Nikolai colocou as mãos para trás das costas. "Genya Safin, você é acusada de traição e tentativa de assassinato."

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