Capítulo 8

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Darkling ouviu os sinos. No mesmo instante os soldados e Grishas começaram a recuar, e então ele avançou. Sem piedade, sem remorso. Ele sentia os nichevo'ya começarem a surgir de suas sombras, um por um atacando e destruindo os homens a sua frente. Ele sentia a dor em seu corpo, fazer aquilo corroía uma parte que ele não sabia se poderia recuperar depois. Podia sentir seus pulmões se esforçando para ampliar todo aquele poder. Ele queria parar, queria descansar e respirar fundo, mas não se pode parar em uma guerra.

Ele avançou. Estava surpreso com a ferocidade dos homens, eles não recuaram, lutaram com medo nos olhos até suas mortes. Também se surpreendeu com os Grishas e os soldados do Primeiro Exército, eles estavam mais fortes e preparados.

Os jardins eram agora um campo de batalha sangrento e barulhento. Darkling se colocava a frente para diminuir o estrago, mas eles pareciam intermináveis. Os Grishas começaram a recuar após os sinos, mas Alina não havia voltado. Isso não fazia parte do plano. Então ele olhou para trás, buscando pela luz dela, qualquer sinal de que ela estava próximo. Mas não havia nada além de guerra e sombras.

O desespero começou a percorrer suas veias. Ele sabia que não poderia sair dali, não enquanto os homens avançavam. Então ele aguardou que todos recuassem, berrando para que corressem, pois o que estava por vir não seria controlado, não seria piedoso, e não deixaria sobreviventes.

Os nichevo'ya avançavam a cada passo de Darkling, crescendo entre as sombras, berrando um grito agudo e doloroso. Ele ouvia os homens sendo desmembrados, arranhados e engolidos pelas sombras. Agora ele mal se esforçava. Deixou toda escuridão dentro dele sair e corroer tudo ao seu redor. Era doloroso, frio e escuro. Ele odiava estar ali. Mas sabia que sem isso, não sobreviveria nada de Ravka para pelo menos julga-lo depois.

Quando os gritos cessaram, e nenhum homem permanecia de pé, as sombras se foram. E as criaturas evaporaram como nevoa pelo jardim. Ninguém mais chorava, nenhuma voz fjerdana gritava maldições. Estava dolorosamente quieto. Sua respiração arfava, seu corpo todo suava frio. E mais uma vez ele procurou a luz, e não a encontrou.

Darkling avançou em passos pesados tentando controlar sua própria respiração. Entrou novamente no palácio. "Alina?" ele chamou. Mas nada, nenhum sinal dela. "Alina!" dessa vez ele gritou, e sua resposta foi o silêncio. Ele começou a correr sem parar por todo palácio. Desviando dos corpos caídos, cacos de vidro e toda decoração agora destroçada.

"Pelos Santos... Alina!" ele berrou mais uma vez. Ela deve estar com os outros, ele pensou buscando esperança. Então correu até o Pequeno Palácio. Que agora mais parecia uma triagem para os feridos. "Alina?" ele berrava pela multidão de ravkanos feridos.

"Ei, o que houve?" perguntou Genya vindo ao encontro dele. Olhar para a visão de sua própria obra cruel o deixou enjoado.

"Ela não está aqui?" ele perguntou quase em desespero.

"Não. Os sinos tocaram, ela deveria ter avançado com você" disse Genya enquanto os curandeiros a sua volta tentavam salvar os feridos.

"Ela foi até os sinos. E não retornou. Já olhei em todo Palácio, ela não está em lugar nenhum"

Genya notava o desespero na voz dele, sabia que ele estava tentando sufocar seu medo, mas era forte demais para esconder.

"Se aconteceu alguma coisa... eles não podem estar longe"

"Vou atrás dela. Onde está Nikolai?"

"Ele está com a mãe. Está em choque..."

"Quem sobrou do conselho?" perguntou Darkling tentando manter os pensamentos em ordem.

"Estão todos bem. Nikolai tentou tirar todos daqui, mas os barcos estavam sabotados. Isolaram a gente aqui"

"Baghra... ela..."

"Ela está bem"

"Certo. Você parece a pessoa mais calma no momento. Encontre Zoya e Fedyor, cuide de todos. Preciso achar Alina"

"Onde ela está?" a voz irritada de Maly surgiu ao seu lado. Ele estava mancando, cheio de sangue, assim como todos ali.

"Se descobrir me avise" disse Darkling já se virando.

"Eu perguntei onde ela está?" ele resmungou novamente andando ao lado de Darkling, que não parou nem por um segundo.

"Por favor, seja um bom soldado e ajude aquelas pessoas morrendo atrás de você. Eu encontrarei ela"

"Sou melhor nisso do que você"

"Você é melhor morto. E só irá me atrasar se continuar com essa importunação. Se quer ajudar vá pelo outro lado e cubra outra possível rota"

"Rota de que?"

"De fuga. Alina não pode estar morta. Então ela foi sequestrada"

"Como pode saber que ela não está morta?"

"Se ela estivesse morta Oretsev, eu também estaria"

"Esperem" a voz grossa de Tolya os chamou. E ao seu lado Fedyor e Zoya. "Viemos ajudar"

Darkling decidiu não se pronunciar em relação a sua nova equipe, então apenas manteve os passos firmes.

"Tolya e eu iremos para o outro lado então" disse Maly rompendo o silêncio.

"Não" suspirou Darkling se rendendo a ideia de aceitar ajuda, "não tem outra rota, só tem um lugar por onde eles iriam, e se estivermos com sorte Ivan vai encontrá-los".

"Ivan ?" disse Fedyor quase em um grito.

"Eu esmaguei o coração dele, não tem como estar vivo" disse Tolya ainda mais surpreso.

"Eu não o deixaria partir assim tão facilmente" respondeu Darkling acelerando os passos.

Ele pode ouvir Fedyor tentando formular alguma frase que fizesse sentido, quase sorriu com aquela cena, mas então começou a imaginar o poderiam fazer com ela se não a encontrassem a tempo, e todo terror voltou para seu coração. Ele conhecia os fjerdanos, sabia que eles não teriam piedade, mas esse também não era o forte de Darkling.

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