Capítulo 12

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Respirar. Era o único pensamento de Alina agora. Focar em tentar respirar.

Ela pressionava a mão contra o furo da bala. Mas não tinha certeza onde exatamente ele a atingiu, já que tudo era sangue e dor.

Olhou para o lado, em direção a cabana em chamas. Parecia tão perto e tão distante. Ela cogitou gritar, mas no instante em que tentou, sentiu seus pulmões afogarem. Cuspiu sangue enquanto tentava respirar. Não não não não, agora não, não assim, ela pensou, se negando a morrer.

"Alina!" uma voz familiar a fez rolar para o lado.

Ivan. Ivan?

"Pelos Santos. Eu já morri ?" disse ela confusa, "Você está morto. Então se está aqui, eu morri. Mas... assim tão rápido ?"

"O que ? Não! Você não morreu" ele se abaixou segurando as mãos dela, arregalando os olhos com a quantidade de sangue, "Mas se não resolvermos isso você vai".

Ela sentiu o ferimento coçar sem parar e gritou, gritou tão alto que sentiu sua garganta secar. Ouviu passos ao fundo, vozes falando sem parar, mas não conseguia enxergar nada. Tudo era um borrão escuro. 

"Alina. Minha nossa!"

Ela levantou o rosto ao ouvir a voz de Aleksander.

"Precisa salva-los" ela tentou dizer sem fôlego, "estão nas colinas. Grishas. Salvaram minha vida. Por favor salve eles"

"O que ?" disse ele a olhando, segurando seu rosto com as duas mãos.

"São 4 pessoas, eles tem uma criança, por favor procure por eles, eu vou ficar bem, mas eles precisam ser salvos"

Alina segurava o pulso de Aleksander, olhava no fundo de seus olhos, implorando para ele ouvi-la.

"Zoya!" ele gritou ainda olhando para os olhos assustados de Alina.


As próximas cenas pareciam um sonho fora de foco. Ela tentava se concentrar nos lábios de todos enquanto falavam sem parar. Observava Ivan sério, tentando fechar o ferimento. Alina sabia que essa não era a especialidade dele, que com certeza aquilo deveria ser difícil demais.

Tudo estava em câmera lenta. Zoya correu para floresta e Alina soube que estava indo atrás dos Grishas que a salvaram. Seu coração pareceu em paz ao pensar nisso. Sua consciência foi se afastando, seu corpo parecia afundar na terra úmida, e suas pálpebras pesavam uma tonelada.

"Ei ei ei, fique acordada amor" Aleksander sussurrou balançando levemente seu rosto. Alina sorriu.

"Amor ?" ela disse antes de perder a consciência.



Aleksander cavalgava rapidamente, com Alina desmaiada a sua frente. A cabeça dela tombada em seu ombro. Ele a segurava com uma mão e a outra se mantinha firme nas rédeas do cavalo. Não estavam longe, o sangramento dela estava contido, mas ela não estava bem, e isso o deixava desesperado.

Quando passaram pelos portões Aleksander quis chorar de alívio e cansaço. Genya estava lá, de pé, com olheiras e um olhar cansado, devastado. Seus olhos se arregalaram quando ela viu Alina.

"Ela está..." ela disse enquanto ajudavam Aleksander a descer com ela do cavalo.

"Viva, mas precisamos de curandeiros. Urgente"

"Eles estão esgotados, mas vou achar alguém. Leve ela para o seu quarto, eu chego em um instante" disse Genya já correndo.

Arriscaram olhar ao redor. Homens estavam tirando os corpos dos jardins. Tropeçavam em cartuchos de balas, vidro, e sabe-se lá mais o que. Ainda tinha guardas rondando, mas seus rostos estavam paralisados, ainda em choque. Alguns encaravam assustados o corpo desmaiado de Alina no colo de Aleksander. 

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