Capítulo 22

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(Breve nota da autora: Achei que vocês mereciam um capítulo fofinho depois de tanta demora. Recomendo fortemente que leiam escutando a música table for two abel korzeniowski )

O dia começou com o som estridente de panelas caindo no chão. 

Aleksander se levantou em um pulo, ainda com a visão embasada. 

"O que foi isso?" murmurou Alina sonolenta ao seu lado. 

"Fique aqui, vou ver quem está destruindo nossa casa" ele respondeu deixando um beijo em sua testa "E bom dia, amor"

Nossa casa, Alina sorriu ao ouvir aquilo, era aconchegante a ideia de uma casa apenas para eles, sem guardas, sem pessoas de prontidão o tempo todo. Puxou os lençóis enfestados de seu cheiro, e espionou ele saindo pela porta. Ouviu-se algumas risadas e ele voltou novamente para o quarto com duas xícaras borbulhantes de chá e o cabelo bagunçado pela noite de sono.

"Genya está descobrindo a cozinha" disse empurrando a porta com o pé. 

"É seguro?" perguntou rindo. 

"Vamos ter que arriscar"

Ela se sentou na cama, apoiando as costas no travesseiro macio e gentilmente segurou a xícara em suas mãos. 

"Ei" ela chamou antes que ele se sentasse "Poderia abrir um pouco a cortina?" 

Aleksander assentiu, deixando sua xícara na mesinha e abrindo a cortina. Ela sorriu ao ver seu rosto pálido encarar a luz do sol. 

"O dia está lindo" ele se virou sorrindo, se sentando ao seu lado "Como se sente? Dormiu bem?"

"Foi a primeira noite tranquila em toda minha vida. Sem pesadelos. Sem pensar que o mundo inteiro depende de mim, sem dormir em um barco. Eu apenas... descansei"

"Eu sonhei com você" disse sorrindo "Sonhei que morávamos aqui. Só nós dois. E que você mandava as estrelas brilharem no céu todas as noites. Tudo era tão bonito e real" narrou com um olhar diferente. Alina sentia que estava, aos poucos, conhecendo um lado de Aleksander que sempre se escondeu entre as sombras.

"Acho que seu sonho está se tornando realidade. Posso acender as estrelas no céu essa noite para você querido" 

"Eu adoraria" ele respondeu erguendo seu queixo até que seus lábios pudessem se tocar. A paz que inundava seu coração era tão assustadoramente boa que o fez sorrir.

 "Quero te levar a um lugar" sussurrou em seu ouvido.

"Agora?"

"Acho que o chá pode esperar"

Alina assoprou a borda da xícara levemente para afastar o vapor e tomou um pequeno gole. Sua careta fez Aleksander gargalhar.

"Minha nossa, isso não pode ser bebível. Ande, me leve o mais longe possível desse chá"

Eles escaparam sorrateiramente pela porta dos fundos. Ambos descalços, afundando os pés na grama úmida pelo orvalho. O sol brilhava forte no céu, avisando que o dia seria quente e relaxante. Alina se sentia completamente livre rodopiando ainda de pijama ao lado dele.

Pela primeira vez caminhavam sem se preocupar com nada. Sem pensar em maneiras de fugir, ou em como não deixar rastros. Aleksander observava tudo a sua volta como se fosse a primeira vez que fizesse isso. Se deliciava no canto dos pássaros e no manto colorido de flores que cercavam o jardim. 

Seguiram uma trilha abandonada até um grande muro verde que se escondia na floresta. Não parecia ter nada lá a não ser mais muros e um oceano verde de plantas para todo lado.

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