Capítulo 18

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Tâmara

Há quase 3 dias Gregorio foi preso, há quase 3 dias a polícia está interrogando ele buscando saber se ele possui alguma informação sobre a quadrilha de tráfico humano chamada BG... Eu queria contar tudo que sei, queria dizer o que eu vi no escritório do Gregorio, mas eu temo por minhas filhas, não por suas vidas porque sei que nada de ruim aconteceria com elas, mas sim por seus sofrimentos, não quero ver elas sofrendo mais, mais do que já estão sofrendo.
Helena e Teresa tem sofrido demais com toda essa situação, em especial minha pequena Teresa, mesmo ela sendo durona, dizer que está tudo bem, que vai superar tudo isso, eu sei que por dentro ela está em ruínas. Conheço minha filha.
Já Helena, já chorou, já teve aqueles momento em que ela quebrou tudo e bom, até visitou o pai, mas ele não quis, aliás, ele não quer receber visitas, o que aumenta a dor dela.
Queria poder acabar com tudo isso que minhas filhas estão sentindo, queria trazer para dentro de mim cada dor, cada tormento, cada desespero...
Escuto algumas batidas na porta e logo a mesma abre revelando Helena, ela abre um sorriso largo e fecha a porta, após caminha até a cama e senta.
Termino de arrumar meu cabelo e me viro para minha filha mais velha.

- A senhora está bem?

- Estou, querida... Vou ficar no hospital o dia inteiro pra dar apoio aos Smith e bom, pra sua irmã.

Hoje é a cirurgia da Luz.
Teresa está abalada e mesmo Helena e eu dizendo que era melhor ela adiar a cirurgia, ela se mostrou decidida e agendou a mesma pra hoje.

- Assim que Lucas tiver livre vou deixar a Kate com ele e vou pra lá...

Balanço a cabeça assentindo e coloco meu relógio.

- O advogado do papai disse que ele vai ser liberado amanhã de manhã.

- Como?

-  Ele pagou uma fiança e vai ser liberado.

- Fiança? Como assim? Ele, ele sequestrou, ele deu a Lúcia para aquela enfermeira. Ele deveria estar preso.

- O advogado não quis me explicar o que houve direito. Só disse que ele vai pagar fiança e vai ser liberado.

- Essa é a justiça do nosso país! Basta ter dinheiro que pronto, tudo está resolvido!

Respiro fundo me sentindo frustrada.
Sinto algumas lágrimas se formar em meus olhos, apoio minhas mãos na cômoda e tento controlar minhas lágrimas, o que é totalmente impossível já que elas já abandonam meus olhos e rolam por minhas bochechas sem freio.

-

Mãe...

- Está tudo bem, filha.

- Não, não está tudo bem, mãe! - Helena levanta e pega minha mão, me guiando até a cama e nos sentamos. - Se Teresa e eu estamos sofrendo, tenho certeza que a senhora também está sofrendo. Dedicou anos da sua vida ao papai. Foi casada com ele por mais de 20 anos. Não esta tudo bem.

Não respondo, apenas deixo que as lágrimas falem por mim enquanto estou com a cabeça abaixada sentindo meu coração sem forças.

- Ainda ama o papai, não ama?

- Eu queria dizer que não, mas eu o amo demais. Amo tanto, Helena... Do mesmo jeito. Com a mesma intensidade. Eu o amo como se ainda fossemos jovens. Aqui dentro nada mudou. Mas eu antes dele, antes dos meus sentimentos vem você e sua irmã.

- Eu sinto muito, mãe...

- Sou eu quem sinto. Nunca pensei que Gregorio fosse capaz de coisas tão absurdas.

- Vem cá...

Helena me puxa para um abraço, ela aperta meu corpo contra ela tentando me consolar, e bom, eu faço o mesmo tentando consolar ela.
Nesse momento eu não importo.
Nesse momento o que eu sinto ou deixo de sentir não importa, o que importa são minha filhas, minhas doces e amadas filhas.

Dou algumas na porta do consultório de Teresa, não demora muito e escuto sua voz abafada pela porta dizer para entrar, giro a maçaneta e adentro ao consultório, assim que me vê, ela abre um sorriso fraco e levanta, em seguida, nos abraçamos.
Beijo sua testa quando nos afastamos.

- Como você está?

- Ansiosa e ao mesmo tempo confiante.

- Os Smith já estão na sala de espera. E a Luz?

- Luz está no pré operatório. Vamos começar as 9:00 em ponto.

- Vou ficar na sala de espera com os Smith mandando energias positivas para você e para a Luz, está bem?

- Está bem, mamãe! Saber que a senhora esta aqui vai me confortar.

Sorrio acariciando o rosto da minha pequena menina.

- E como se sente?

Coloco a mão na barriga de Teresa. Sim, vou ser avó mais uma vez, pela 3° vez terei uma miniatura de gente para me chamar de vovó.
Teresa abre um sorriso largo e luminoso, que me faz sorrir também.

- Estamos bem, mãe. Amanhã tenho a primeira consulta. Vamos ver se está tudo bem.

- Tenho certeza que estará. E quero estar com você, tudo bem?

- Claro, mãe! Eu vou adorar - ela da uma gargalhada.

- Sei que não sou uma mãe presente, filha, mas prometo mu...

- Não é uma mãe presente? - Ela me interrompe. - Uma mãe mais presente do que a senhora eu desconheço, dona Tâmara! Eu sou muito grata por ter uma mãe como a senhora. A senhora e mais presente do que qualquer outra mãe. Não fale mais isso, por favor+

Sorrio.

- Minha filha...

A abraço acariciando seus cabelos cacheados soltos. Depois de alguns segundos abraçadas, nos afastamos, Teresa sorri e então amarra o cabelo em um coque alto e volta a sua cadeira, me sento na cadeira de frente para a mesa dela.

- Quantas horas vai durar a cirurgia?

- De 5 à 10 horas, mãe. Quero ir com cuidado. Ver cada lesão. Ao final, quero dar boas notícias aos Smith.

Balanço a cabeça assentindo e digo:

- Depois de tudo que aconteceu, eles merecem boas notícias, filha.

Ela balança a cabeça assentindo.

- Ah! Lena disse que vem pra cá assim que Lucas estiver livre.

- As mulheres Brown unidas? Eu gosto disso!

Ela fala rindo.
Quando faço menção de falar algo, escutamos algumas batidas na porta e logo a ela abre revelando Jéssica, a enfermeira que ajuda Teresa.

- Doutora, sei que está quase na hora da sua cirurgia, mas é que acabou de chegar uma emergência e está chamando a você urgente!

- Sério?

- Seríssimo!

Teresa respira fundo e me olha.

- Mãe, pode ficar por aqui... - diz levantando e colocando seu jaleco. - Qualquer coisa peço para Jéssica vir lhe avisar se já começou a cirurgia, está bem?

- Está bem, filha!

- Até mais tarde!

Ela beija minha testa e sai correndo indo trabalhar e atender seus pacientes.
Respiro fundo e olho para um porta retrato em cima da mesa dela, o pego e vejo que a foto é da nossa família... Helena, Teresa, eu e Gregorio... Uma família... A família Brown...
Sorrio e sinto lágrimas se formarem em meus olhos, respiro fundo e devolvo o porta retrato para a mesa.

Nem tudo é o que parece...

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Até amanhã!

Unidos Por Ela - 2° Temporada - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora