Capítulo 29

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Texas

Teresa

Toco a campainha de casa, arrumo minha bolsa em meu ombro e respiro fundo esperando papai abrir a porta.
Cheguei há algum tempo e não vejo a hora de poder abraçar o meu pai e dizer que sei quem ele é.
Ninguém abre a porta, franzo a testa tocando a campainha novamente, mas nada, ninguém aparece.

- Papai!!

Bato na porta o chamando, mas ninguém responde, faço isso por mais 5 vezes e continuo sem receber alguma resposta.
Quando faço menção de virar, escuto a voz de Bartolomeu, o padrinho da Helena, me viro descendo as escadas e caminhando até ele, que abre um sorriso largo.

- Helena me disse que viria! Como você cresceu, garota!

Sorrio.

- O senhor viu meu pai?

- Eu vi ele no início da semana. E ontem pela manhã eu o vi no mercado. Mas acho que ele não veio para casa. Está tudo quieto desde que ele e sua mãe foram embora. Não acho que ele esteja ficando aí, querida.

- Tem certeza? Ele pode estar queito.

- Tenho toda certeza. Moro de frente para vocês. E posso dizer com certeza que ninguém entrou ou saiu dessa casa nesses dias todos.

Respiro fundo.

- Eu vou procurar nos hotéis para ver se ele está hospedado em algum hotel.

- Se eu o ver novamente, falo que está atrás dele!

- Obrigada, Bartolomeu!

Abraço o padrinho de Helena e me despeço caminhando e pegando meu celular para pedir um táxi.
Uma bola de futebol bate em minha perna, coloco meu celular no bolso e sorrio quando vejo um menininho se aproximando, ele sorri me pedindo desculpas e pedindo a bola, a entrego também sorrindo.
Quando levanto meu olhar, vejo que é a casa onde os Smith moravam, ao lado da minha, e toda a minha infância ao lado do Vicente, toda nossa felicidade, tudo o que vivemos até o acidente da Luz me invade minha mente como lembranças perfeitas de algo que existiu e que hoje se transformou em um grande amor e bom, o fruto desse amor cresce dentro de mim.
Coloco minha mão em minha barriga e sorrio sentindo uma saudade gigantesca do Vicente percorrer meu corpo, não vejo a hora de poder ver ele, abraçar, sentir seu toque, seu cheiro, seu carinho...

Ah, Vicente...

Depois de alguns minutos parada no ponto de táxi, finalmente consegui um que me levou até um hotel.
Antes de conseguir um quarto, verifiquei se papai não estava hospedado e como sempre, não está.
Coloco minha mala próxima a cama e me sento pegando o celular e ligando para Helena, que atende rapidamente.

- Achou ele?

- Não... Conversei com Bartolomeu. Papai não está em casa. Não está em lugar nenhum.

- E se ele foi para casa dos seus padrinhos?

- Não, Lena, acho que nao. Faz tempo que eles não conversamos muito. Seria difícil papai estar por lá.

Respiro fundo.

- Vou começar a ligar nos hotéis. No que eu me hospedei ele nao está.

- Eu vou tambem vou tentando falar com ele. Mamãe também esta tentando. Se conseguirmos algo, te avisamos.

- Tudo bem... Vou andar um pouco. Se eu souber de algo também, te aviso.

- Está bem maninha... se cuida viu! Lembra que você esta grávida!

Sorrio.

- Grávida... Meu bebê já veio no Texas. E já conheceu o lado de fora da nossa casa. Agora só falta a ca...

Me interrompo quando percebo que o óbvio está bem na nossa frente e não vimos de forma alguma.

- Teresa? Ainda está ?

- Acho que eu já sei onde o papai pode estar, Lena!

- Onde?

- Mais tarde eu te ligo! Tchau...

Ignoro as chamadas da Helena e desligo o celular pegando minha bolsa e saindo o mais rápido que posso.
Como eu não pensei nisso antes.

- Eu estou indo, pai...

O taxista para o carro em frente a casa que era da minha avó Geralda Brown, assim que salto para fora do carro, vejo o carro do meu pai estacionado, sorrio sentindo um alívio percorrer todo o meu corpo.
Quando Helena e eu éramos crianças, papai nos trazia para a casa do lago onde meus avós paternos moraram por toda a vida. Papai dizia que esse lugar trazia conforto a ele nos momentos em que ele se sentia com medo, desesperado ou queria ficar sozinho. A lembrança dos meus avós dava a ele, quando ficava na casa, a sensação de proteção e carinho.
A casa fica bem distante, de frente para o lago, o sossego e a paz interior que esse lugar exala é incrivelmente perfeito.
Quando Vicente foi embora, um tempinho depois, ainda mal, papai resolveu me trazer para a casa do lago, ficamos por 4 meses e foram os melhores 4 meses, e voltei para casa disposta a seguir em frente e sonhando com o dia em que Vicente e eu iríamos nos reencontrar e bom, eu segui em frente, o reencontro aconteceu e hoje, daqui a poucos meses, teremos um bebê.
Toco a campainha, arrumo minha bolsa em meu ombro, então a porta abre revelando meu pai, sorrio e sinto meus olhos se encherem de lagrimas.

- Teresa...

- Pai... - o abraço, um apertado e acabo chorando. - Não faz mais isso! Não faz mais isso por favor, pai!

- Minha filha! Minha menina...

Ficamos abraçados na porta da casa por alguns minutos, até que decidimos entrar.
Coloco minha bolsa no sofá e me sento, papai limpa suas lágrimas e senta ao meu lado, sorrio.

- Como me achou?

- Não foi fácil...

- Achei que vocês estivessem com raiva. Que queria distância.

- Pai... - pego sua mao. - Helena e eu não acreditamos em absolutamente nada.

- Nada?

- Nada!

Sorrio.

- Conhecemos você. Conhecemos quem você é, papai e sabemos que você nunca faria algo tão ruim.

- Teresa...

- Tem que ter uma explicação para tudo! Para tudo que aconteceu. Eu não sei porque você deixou a mamãe acreditar. Não sei porque você, você confirmou a ela as suspeitas dela, mas no meu coração e no coração da Helena, pai, nós temos certeza de que você não fez absolutamente nada!

Ele fica quieto, me encarando, com os olhos cheios de água, sorrio.

- Mamãe contou tudo...

- Sobre os BG?

- Sobre os BG. Os contratos. Tudo... Ela contou tudo, pai.

- Tere...

- E acreditamos que você não aceitou - o interrompo. - Temos certeza que você disse que não queria e permaneceu com a decisão! E ponto! Você não é um criminoso e disso eu tenho a total certeza, pai.

- Minha filha...

Meu pai desaba em lágrimas, imeditamente o abraco.
Ele abaixa a cabeça e chora. Se debulha em lagrimas.
Um choro sentido desesperado.
Um choro que parece que estava preso há muito, muito tempo.
E é aí, no meio do choro desesperado do do meu pai, que eu tenho a certeza de que ele nao tem nada, nada a ver com os BG e muito menos com o sequestro da minha filha.

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Até amanhã!

Unidos Por Ela - 2° Temporada - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora