Corte de Gelo e Sombras 𝘴𝘱𝘪𝘯-𝘰𝘧𝘧

Conheçα α prımeırα hıstórıα

TARYN.

(...)

— Você e Kitan parecem gêmeos. — Lareth fala passando os olhos por mim e meu primo.

— Acredite Lareth, nem eu mesma sabia que nossa semelhança estava grotesca — respondo.

— Há muito tempo que não nos víamos — Kitan diz se aproximando.

Sentamos em um dos acolchoamentos.

— Nem eu e Asthand nos parecemos tanto assim — Paradis replica bebendo um líquido azulado em seu copo.

— Ainda bem. — Asthand faz uma careta aliviado, o que nos faz rir.

— Quem é o mais velho dos dois? — Aran pergunta curioso.

— Eu — Paradis fala.

— Então você será a próxima Grã-Senhora da Corte Estival.

— Uma chatisse, mas é o que manda as leis — a Grão-Feérica olha para seu copo.

Quase um século e meio atrás, quando Feyre Archeron teve seu segundo filho, os Grãos-Senhores da Corte Noturna decidiram que não queriam desavenças entre ele e o mais velho pelo o cargo, então implantaram um sistema onde o poder devia ser hereditário. Claro que, o segundo filho podia reinvindicar seu direito, em uma batalha limpa e justa.

Ao longo dos anos as outras Cortes adotaram a ideia assim como a do título de Grã-Senhora.

— Pelo menos serei o braço direito de Paradis — Asthand dá de ombros.

Olho para Aran que encara o chão com um meio sorriso solitário. Conversas paralelas se formam, e logo, seu olhar está no que Lareth pergunta a ele.

— Então — Kitan fala baixinho ao meu lado. — Você... — hesita — Você conseguiu superar tudo aquilo que aconteceu?

Engoli em seco. Sei muito bem ao que se refere, foi o fator que nos fez afastar um do outro. Na verdade, entrei em um desespero tão profundo que fiz isso com todos. Até hoje sinto dificuldades em me relacionar com os outros

— Eu estou bem, Kitan — consigo responder. — Sinto muito por nunca mais ter tido contato com você, mas quero reparar isso, se me permitir.

— É claro, Taryn. Sinto falta da nossa amizade — eu sorrio

— Não vejo a hora da Corte Noturna chegar! — Lareth dá um gritinho e nossa atenção se volta para ela.

— Por que? — pergunto curiosa.

— Dizem que os filhos da Feyre e Rhysand são os mais bonitos e poderosos de Prythian.

Poderosos e temidos, assim que eram conhecidos os filhos de Feyre e Rhysand, como a Grã-Senhora possuía todos os poderes das outras Cortes, pelo que eu sei, seus filhos também herdaram.

— Bem, poderosos até podem ser, mas existe vários bonitos por aí — dou de ombros.

— Talvez — a animação de Lareth desaparece. — Me desculpe por falar assim da Corte Noturna, depois do que a Grã-Senhora fez com a sua Corte...

— Não precisa se desculpar — abano as mãos. — Não tenho ódio, e nenhum ressentimento pela Noturna.

— Entendo — Lareth faz uma pausa e continua. — Esse ano vai ocorrer o primeiro campeonato entre os filhos dos Grão-Senhores, não é mesmo?

— Vai ser incrível — meu primo se anima.

— Aprendeu a lutar com armas, Kitan? — provoco.

— Estou muito melhor que antes, Taryn — sorri convencido, eu rio.

O Exame Outonal, onde os melhores de Prythian poderiam duelar e serem considerados soldados de elite. Os filhos dos Grão-Senhores seriam  convocados para estrear a competição nesse primeiro ano.

— Você sabe como será o torneio, Aran? — meu primo pergunta e o filho do Grão-Senhor faz uma cara de surpresa — Como seu pai deu a ideia...

— Seria errado se eu soubesse, não importa minha posição.

— Aran está completamente certo — digo.

— De qualquer modo, poderemos colocar nossas habilidades em prova, vai ser um máximo! — Asthand replica.

Balanço levemente a cabeça, talvez um pouco preocupada.

Mas então, fico trêmula. Sinto aquela coisa inquietante de mais cedo se revirar dentro de mim, como se procurasse sua outra metade. Uma sensação estranha passa por mim.

Me levanto rapidamente, meio desnorteada.

— O que foi, Taryn? — Kitan levanta assustado.

— Você está pálida — Paradis arregala os olhos.

— Acho que a Corte Noturna chegou — Aran diz olhando para o outro lado da sala.

Eu me viro, para a mesma direção que estão observando, a grande porta está aberta, e as primeiras pessoas que entram são um macho e uma fêmea, ele tem cabelo escuro e ela castanho, coroas gêmeas estão em suas cabeças.

Mas não consigo prestar atenção neles, já que, percebo que a sensação perturbadora dentro de mim para.

Aquela coisa se estica em direção a Corte Noturna, começo a andar desesperadamente até eles, consigo sentir aquela coisa... Brilhando, uma luz branca tão perfeita, que chega a ofuscar a visão.

Paro a poucos metros de distância daquelas pessoas, o macho e a fêmea que adentraram primeiro erguem o cenho, sinto os olhares dos outros sobre mim.

— Taryn? — papai pergunta.

Mas não me importo, nada mais importa agora que um macho saí detrás da Noturna.

Nada mais importa quando nossos olhares se encontram, e eu perco o fôlego, percebendo a gravidade da situação e o que tinha se formado entre nós.

Um laço de parceria.

(...)

Esse é um dos capítulos de Corte de Primavera e Escuridão, que, para quem ainda não conhece, é o primeiro livro seguindo a ordem cronológica da Trilogia Cortes.

Se você ainda não leu, te espero por lá!