Capítulo 16

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Atravessamos para em frente a uma cabana de madeira velha

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Atravessamos para em frente a uma cabana de madeira velha. Meu coração bate desenfreado no peito, estou a uma porta de distância da minha mãe.

Ainda lembro do exato dia que me falaram da sua morte prematura, logo depois fui jogado no Refúgio do Vento. Disseram que ela contraiu uma gripe forte e precisava ficar em uma casa, isolada dos outros.

Foi o pretexto perfeito que a esposa daquele senhor illyriano que se diz meu pai arrumou. Nem ao menos deram o remédio adequado para minha mãe se curar.

O mais perto que cheguei de outro amor maternal depois disso foi com a mãe de Rhys. Engulo em seco. Ver Althaea mais cedo não foi fácil. Não foi fácil controlar o impulso de querer salvar ela e Helena do destino horrível que as aguardam.

Althaea cuidou de mim e Cassian como se fôssemos seus filhos, mesmo sem nenhuma obrigação. Helena nos tratou como seus irmãos mais velhos, independente de qualquer coisa éramos uma família.

Droga, por que isso está sendo tão difícil?

Respiro fundo e avanço um passo em direção a casa.

— Espere — Sellene pega minha mão esquerda. — Não acho que seja...

— Sellene — digo baixinho. — Sei de cor quantas vezes deixaram que eu a visitasse. Nunca consegui lhe dizer tudo que queria, e agora... — minha voz falha — Agora tenho a oportunidade. Não vim aqui para salvá-la, não se preocupe.

— Desculpe — desvia o olhar me largando, não respondo nada ao andar pelo curto espaço e bater na porta. Escondo as mãos nas costas, para não denunciar quem sou por completo.

Demora um pouco até que a fêmea abra, e quando o faz meu coração salta pela boca. Lirion continua do mesmo jeito que lembro, só que mais abatida, os olhos avelã — os mesmos que os meus e a única parte que gosto de mim — estão fundos, e o cabelos castanhos escuros sem vida. Ela não tem asas, lhe foram arrancadas quando mais nova.

— Vieram me levar de volta? — ela estreita os olhos.

— N-não — gaguejo. Nos encaramos, Lirion não parece me reconhecer.

— E então? — gesticula.

— Eu... Bem, eu... — não consigo encontrar as palavras certas. Toda minha confiança evaporou.

Sinto Sellene se aproximar, a rainha coloca a mão no meu ombro. Me volto para ela apenas para ver um sorriso estampado no seu rosto.

Se ela acredita em mim. Posso fazer isso.

— Não está me reconhecendo? — volto a olhar minha mãe, a fêmea parece confusa e me analisa de cima a baixo.

— Desculpe... — tosse um pouco — Desculpe, não lembro quem é você.

— Você costumava cantar as velhas músicas illyrianas enquanto passava a mão por meu cabelo. Você me disse para ser forte e lutar contra as sombras. Você brincava de esconde-esconde comigo para me alegrar mesmo que o espaço em que estávamos fosse minúsculo — ela pisca.

Corte de Gelo e Sombras  𝘴𝘱𝘪𝘯-𝘰𝘧𝘧Onde histórias criam vida. Descubra agora