Azriel nunca achou que pudesse ser feliz. Nunca achou que fosse merecedor de um sentimento tão glorioso para alguém tão indigno quanto ele.
Sua vida sempre se resumiu a sombras, e por muito tempo elas foram o que reconfortaram seu coração partido. P...
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Passamos dois dias planejando tudo. E daqui algumas horas vamos por em prática.
Vi Sellene poucas vezes, e já consigo sentir o vazio da sua ausência. Não sei como ficaremos após tudo isso, mas não acho que será possível me afastar novamente.
Não sei o que achar sobre esse sentimento crescendo dentro de mim, não sei o que fazer...
— Está pensando no que? — Mor senta-se perto de mim na beirada da Casa do Vento, ela traja roupas de combate, mesmo que não vá conosco. Ficará na cidade para proteger.
— Sellene — respondo sem rodeios, não dá para mentir pra ela.
— No que exatamente que envolva Sellene? — ergue o cenho, suspiro.
— Não quero falar sobre isso agora — balanço a cabeça. — Me conte como você e Eleanor se conheceram, nunca lhe perguntei.
Mor se remexe ao meu lado, um sorriso toma forma em seu rosto.
— Foi dois meses antes de Anakin e Taryn descobrirem o laço. Estava passeando pela cidade principal da Corte Invernal, quando ela esbarrou comigo, o café que eu bebia se espatifou no chão — ri. — Fiquei brava por um momento, mas Eleanor foi tão gentil e preocupada, que esse sentimento se esvaiu. Aceitei que me pagasse outra bebida, fomos em uma loja próxima e quando vi, o sol já estava indo embora. Passamos a tarde inteira conversando. Trocamos contato, e os meses se passaram... Então veio Amarantha e Clythia. Aquelas semanas no castelo foram torturantes, só me perguntava se ela estava bem, se um dia a veria novamente para que pudesse falar o que sentia... A primeira coisa que Eleanor fez quando me viu, foi me beijar. E eu soube, soube que era ela. Estamos juntas desde então.
— Uma verdadeira história de amor — falo. — Você merece essa felicidade, Mor. Acho que nunca disse, mas me perdoe por tudo que te fiz no passado.
Ela balança a cabeça.
— Devia ter lhe contado anos antes sobre gostar mais fêmeas. Posso nunca ter dado esperanças, mas foi errado da minha parte também não ter dito nada.
— Mas você desconfiava que eu sabia — ergo o cenho, ela ri concordando. — Descobri que gostava de fêmeas tanto quanto de machos décadas antes. Mas isso nunca me impediu de achar que poderíamos ter algo, não até eu saber que você preferia elas — murmuro, Mor me lança um sorriso triste. — Falei coisa horríveis a você, das quais me arrependo até hoje. Estava cego de ódio e de um amor que não era o que eu achava. Sinto muito, Mor. Sinto mesmo — digo as palavras que nunca consegui.
— Ei! — ela passa o braço por meus ombros — Isso foi há muito tempo, não guardo rancor. O que mais me machucou foi o jeito que se afastou de mim... Você sempre foi meu melhor amigo, Az. E de repente me vi sem você. Mas sei que esse tempo foi essencial para que percebesse a verdade, então também não posso deixar de ficar feliz.
