OBSTINADO

Capítulo Três

Dante

Reunião tava bagulho doido, chefão daqui dando só papo de lógica, velhinho era firmeza. explicou cada detalhe da favela, bagulho de droga, armamento e os caralho. No final fez geral citar os mandamentos. Essa é a hora que tu só lembra da  bandeira e dos que se foram por vacilação. Quando diz: "Se eu recuar, mate-me", não é só da boca pra fora não parceiro, o ditado dos mais antigos é um só: "O estado perdoa falha, o crime não!"

- Pros amigos que chegou agora, seja bem vinda pra uma das maiores do Rio.- fala e eu só aceno com a cabeça.- Pezão disse que mandou os melhores e eu tô botando aquela fé. Hoje vai ter baile na comunidade, e o salve do Dj será dado pra vocês que agora são crias daqui também jaé? Comemoração do novo time de monstrão nessa porra.- Avisa e a gente sai fora da sala.

Os cara era até suave, mais de longe já catei vários emocionados só no jeito. Bagulho é foda, vários cai nessa na ilusão de dinheiro e mulher, mais exquece que se faltar disposição não dura nem um mês no crime.

-Vem pra nova, vem pro P.U- Kauê canta fazemdo um passinho.- Sextou, vem tranquila xereca, só tem que tá careca.- Junin da risada é eu só nego com a cabeça.

- Dante não come xereca não, só vive com essa cara de bct.- Junin diz e eu só dou uma encarada.

- Vou nem render pra tu.- dou o Aviso.

Quem me conhece sabe que sou fechadão abeça. Não rendo e muito menos faço homenagem pros outros, só sai graça quando tá entre nós três, e mesmo assim é raro. Considero Junin e Kauê pra um caralho, tão comigo deis de pivete mato e morro sem pensar duas vezes.

Entro no bagulho de quentinha, pai tava cheio de fome, ruim de sair correndo é isso.

Encostei no balcão e só senti umas encarada sinistra de uma loirona. Se tem algo que faz eu perder interesse é mulher "dada", que não sabe se por no lugar. Mas é aquilo né, elas pede pau e eu não nego, não me explanando tá tudo nos conformes rs.
Sentei pra comer com os cria e mais dois dos mano daqui sentou com nós.
A quentinha de cada um chegou, e foi só "quebra" e manda pra dentro. Oque era apenas um almoço, não sei quem pediu o primeiro, mas quando dei por mim tava só descida braba de gelo com os cria.

- Diz o vulgo aí pô, que eu esqueci de tu.- Diz Junin pros dois.

- Tucano pô, um dos que tem moral por aqui.- fala dando um gole, e eu só observo rindo.
Quer saber aonde nós pega quem não é porra nenhuma em canto nenhum? É nessas perguntinha besta. Quem é não se divulga, quem sabe, sabe.

- Tendi de fé.- Kauê respondeu.

- Olha a minha de fé, chegando aí.- diz Tucano e o tal de Th começa a rir.

- Se liga Tucano, Viviane nem moral te da parceiro.- O  mano fechou a cara na hora, e eu e os moleque só virou pra vê quem era.

Observei ela chegando e só acenar com a cabeça pra eles. Me encarou por alguns segundos fechando mais o rosto e revirando os olhos, e eu dei uma olhada sinistra. Porra, não sei qual o k.o dessa mina de ficar nessa de olhada no fundo do olho, parece maluca.

- Aquela que tá com ela, caralho papai meu número.- Kauê fala e eu gasto com ele, até vê um cara chegar por trás dela e da uma imprensada.-  Exquece, virou homem agorinha mesmo.- Avisa e geral ri.

- Fiel do Robson pô, só que esse mano aí é maior doideira, da papo com ninguém e nem deixa ela ficar andando, maluco é estranhão.- Th deu o papo.

Reparo que ele diz algo pra ela, e vejo como a mão dele apertou forte seu pulso. Dali deu pra sacar que a mina apanhava.
Se tem uma coisa que eu sou é observador, a vida que eu levo fez eu ser assim. Fora que o "cheiro" da obsessão que ele tem nela e o medo da garota chegou aqui.
Reparei a tal Viviane ficar logo bolada, enquanto a garota levantava pra ir embora.
Eles passou por nois, e disfarçadamente olho pra tal de Larissa que tá com a maior carona de choro.

- Oh Viviane, encosta pra cá maluca. Vai comer aí sozinha?- Th chamou. Vi que ela ficou pensativa porém veio.- Qual foi? Larissa te deixou sozinha por que?

Ela olha pra ele e bufa.

- Cara, esse namoro dela com o Robson não me desce não, de jeito nenhum. Minha irmã sempre foi toda dona de si, e agora tá parecendo capacho. Cara só parou ali e disse que os dois tinham que sair e ela foi, apenas me pediu desculpas.- senta bufando, eai saquei que as duas são irmãs.

- É foda, mais já sabe né?! briga de marido e mulher, de fora não mete colher.- avisa.

- Ah meu filho, pois da minha irmã eu não meto colher mesmo não. Enfio logo um porradão e uma vassoura no rabo dele, colher é pros fracos.-
Fala toda cheia de marra, e eu observo Tucano quase babar em cima da mina.

Prato dela chega, e eu confirmo que tudo aquilo so pode ir pra bunda. Tá maluco, mina come mais que eu se duvidar.

- E hoje vai brotar no baile?- O tal Tucano pergunta.

-Ainda haha, hoje é o dia D.

- Vai ir com quem?- Pergunta.

- E eu te devo satisfação Henrique? Eu hein.- responde deixando o Tucano sem graça.- Vou com o Yago, minha faixa.

- Tu não solta esse viado nunca?- Th indaga rindo.

- Eu sei que vocês ama ele, solto nada.- Avisa rindo.- papo tá bom, mais vou ir adiando já que hoje ainda tenho que ir pra faculdade.-avisa fechando a quentinha dela.- Já sabem né, hoje o gelinho é na conta do Tucano.- diz se levantando.

- Se for pra você dou até o bar todo, tu merece o mundo princesa.- ela da um sorriso amarelo e vira as costas.

Vejo o mano seguir ela com o olhar, não ela em si, e sim sua bundona.

- Viviane ainda vai ser meu par, papo é reto. A cara do amor da minha vida ela.- Avisa e Th só ri.

- Você não é o primeiro que diz isso.- Afirma Th.- Mais da metade da boca paga um pau aí, e nunca vi ela render pra nenhum!! A mina não curti mesmo não.- Avisa e eu dou um meio sorriso.

Kauê me olha e nega com a cabeça, ele me conhece sabe já oque eu imaginei.

Pai ama um desafio, vou investir sinistro. Vamos vê se ela é essa marra toda que mete! Hoje nesse baile tem bb.

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