II. Inveja.

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Tempos atuais – Miami, Flórida.

Camila desligou fogo e mordeu o lábio inferior olhando para o chocolate derretido dentro da panela. Girou os calcanhares em direção à geladeira e puxou a garrafa de coca cola de uma das prateleiras.

- Seria bom se você, pelo menos, colocasse a pipoca no micro-ondas.

- Eu sou visita. - A loira falou sem ao menos tirar os olhos da tela do notebook que usava.

Camila bufou, abrindo o armário à procura de copos.

- Você praticamente mora aqui, Dinah. - Camila olhou para a amiga sentada no balcão que sorria feito pateta para a tela do aparelho em seu colo. - Larga isso por dois minutos e coloca a pipoca pra estourar. Eu vou falar com minha mãe.

Dinah fechou o notebook o colocando de lado e pulou do balcão com um sorriso de orelha a orelha que já estava irritando Camila. Era fim de tarde e ambas estavam aliviadas por terem conseguido entrar para a mesma Universidade, mas o vício da loira nas redes sociais atrapalhava no nível de controle de irritação que a cubana sentia. Não que Dinah não poderia ter outras amizades ou coisas do tipo, o problema é que Camila achava uma falta de respeito ser deixada de lado por tecnologias que as pessoas poderiam usar quando estivessem sozinhas.

- Okay. Entrei na caverna. - A loira riu para o termo. - Você não acha que tia Rafaella vai implicar com essas comidas saudáveis? - Os olhos castanhos fixaram-se na bandeja recheada de porcarias endereçada ao quarto da amiga.

- Ela não precisa ver. - Camila abanou a mão em desdém. - E o principal ela deixou, que foi o brigadeiro.

Rafaella estava largada no sofá desde o momento que havia chego em casa. Ainda usava as mesmas roupas de mais cedo e assistia a um canal de televisão qualquer que nem ao menos estava prestando atenção. Até tentou ler a documentação que Caon havia lhe entregado, mas desistiu assim que percebeu as palavras de Bárbara ecoando sem cessar em sua cabeça. Seus saltos estavam jogados pelo carpete junto a bolsa e os papéis que tinha tentado inutilmente estudar se encontravam espalhados sobre a mesinha de centro. Se não fosse pela conversa excessivamente alta entre Dinah e Camila assim que entraram em casa, nem teria notado a presença das meninas.

- Mamá? - Ouviu o chamado de Camila vir da porta da sala e apenas respondeu com um som nasal. - Como amanhã é sábado e não temos compromisso nenhum pela manhã, a Dinah pode dormir aqui hoje? - A juíza apenas concordou com o mesmo som nasal. - Podemos pedir pizza também? - Outra concordância. Estava exausta até mesmo para falar, mas não conseguia relaxar a cabeça. Pensou em pegar uma garrafa de vinho na adega, definitivamente um vinho seria uma boa companhia. - Mamá? - O chamado de Camila teve a mesma resposta outra vez. - Eu estava pensando em fazer uma tatuagem aqui nas costas. - Rafaea fechou os olhos e esboçou um sorriso fraco ciente do que a garota queria com aquilo.

- Não abuse, Camila. - Ouviu a risada leve da adolescente junto aos passos contados que se aproximaram até a cubana se agachar a sua frente.

- Estou preocupada com a senhora. Geralmente a primeira coisa que faz quando chega em casa é tomar um banho, e não me leve a mal, mas a senhora está fedendo. - Rafaella riu divertida e bagunçou os cabelos da garota.

- Eu estou bem. Não precisa se preocupar. Pode ir ter seu programa com Dinah. - Mentiu, querendo fugir da possível conversa que não queria ter. Precisava pensar, voltar a raciocinar devidamente e acima de tudo não queria colocar a garota no meio daquilo.

- É a mamãe? - Camila perguntou, ignorando qualquer coisa que Rafaella havia falado, fazendo a mulher fugir de seus olhos sérios. - Mamá, eu a quero de volta e sei que a senhora e ela quer também, então qual é o problema nisso?

The Middle | Versão RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora