I. Seja minha.

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Bianca ergueu os olhos baixos para encarar os grandes verdes a sua frente. Eles pareciam quentes, profundos, sinceros. Sentiu o coração acelerar dentro do peito ao repassar a frase na cabeça varias e varias vezes, o arrepio na espinha fazendo do momento ainda mais intenso. Talvez fosse a situação, talvez a proximidade, as palavras ditas e até não ditas, mas a força que envolvia as duas parecia palpável. Os corpos se atraíam fortemente, a respiração de Rafaella era acelerada demais enquanto a de Bianca quase inexistente.

– O que você disse? - A Andrade assoprou fraco contra o rosto delicado próximo ao seu.

Rafaella umedeceu os lábios sentindo os braços conhecidos lhe envolverem a cintura e puxar seu corpo para o encontro do da mais nova.

– Eu acabei de dizer que te amo. - Disse firme porém baixo encostando as testas. - Será que isso é o bastante pra tirar essa ideia estupida da sua cabeça?

Bianca abaixou os olhos para onde os seios se juntavam, podia sentir o coração da Kalimann martelar contra suas costelas. Um riso surpreso saiu da garganta notando o quanto tudo aquilo tinha se tornado real, o silêncio entre as duas dizia que a Juíza estava à espera de uma resposta.

– Eu... - Pausou erguendo os olhos para olhar a mulher mais uma vez.

Batidas sutis na porta ecoaram para dentro da sala mas as duas permaneceram no mesmo lugar. Se separaram quando as batidas se transformaram em murros.

– Quem é? - Bianca perguntou puxando a arma do coldre e se aproximando cautelosamente da porta.

– Rodrigues. - A voz masculina respondeu do outro lado.

Bianca destrancou a sala dando de cara com o Tenente, os olhos pareciam perturbados.

– O que foi? - Perguntou preocupada.

– Manoela. - Pausou. - Manoela encontrou a Bicalho.

[...]

– Mas que merda você foi fazer, Gavassi?

Bianca atravessou a porta do consultório rugindo para a baixinha sentada na maca recebendo os devidos curativos no rosto por uma enfermeira. Riu assim que viu a figura da Capitã irritada e preocupada parar a sua frente. Não tinha sido nada demais, o combate
corporal havia lhe rendido um olho roxo, um arranhado na testa e um corte no lábio superior.

– O meu trabalho. - Tentou sorrir mas torceu o rosto com a dor que sentiu na boca.

– Sua idiota. - Bianca desferiu um leve tapa no ombro da detetive. - Você podia ter morrido! Já não me basta toda a adrenalina que tive esse final de semana?

– Relaxa, a cobrinha teve um fim bem pior. - Deu de ombros.

– Não me diga que...

– Não. - Manoela tossiu uma risada. - Ela está viva, mas... digamos que ela nunca mais poderá usar uma arma novamente.

Bianca congelou a expressão neutra na figura debochada a sua frente antes de se render à um sorriso. Balançou a cabeça levando a mão ao coração.

– Agora eu imagino como Rafaella fica quando faço essas coisas.

– Wou, wou... - Manoela levantou as mãos com seriedade. - Isso significa que tem uma queda por mim? Desculpe amiga, mas não jogo no time de vocês. - Riu quando recebeu um tapa mais forte no mesmo lugar.

– Palhaça. - Bianca suspirou ao ver a enfermeira se afastar. Diminuiu o volume da voz ao continuar. - Você está bem, mesmo? O que aconteceu?

– Eu estou bem. - Se movimentou um pouco incomodada olhando a mulher com uniforme azul abrir a porta. - Não saí da cola dela desde o estaleiro, coletei alguns documentos interessantes pra você analisar, não que eu já não tenha os analisado.

The Middle | Versão RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora