I. Gizelly.

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- Você não pode simplesmente ir até lá. - Gizelly entrou no vestiário enfrentando a Capitã.

Bianca fechou o armário com calma antes de colocar a pistola prateada no coldre da coxa direita. O colete a prova de balas abraçava perfeitamente a camisa cinza do departamento. Apoiou um dos pés no banco longo que dividia o corredor de armários terminando de amarrar o cadarço da bota de cano médio, uma sobrancelha arqueada enquanto ignorava a Agente.

Bicalho buscou apoio na detetive encostada no portal de entrada, mas tudo o que encontrou foi Manoela à espera da capitã sem intenção de interferir no assunto. Bianca amarrou os cabelos em um rabo de cavalo alto rumando para a saída mas o corpo alto de Gizelly a bloqueou.

– Você pode, por favor, me dar licença? - Pediu baixo e calma.

– Isso é uma missão suicida. - Pausou vendo que as palavras não penetravam nos ouvidos da mais baixa. - Detetive, pode dizer a ela o quão estupido isso tudo é? Que ir até lá assim é uma missão suicida? - Gesticulou para Manoela que se aproximou a passos lentos e com os braços cruzados sobre os seios.

– Isso não é uma missão suicida. - Deu de ombros. Gizelly dilatou um pouco os olhos em descrença, a boca minimamente aberta. - Já sabemos o necessário sobre o local. Um guarda em cada entrada, o que totaliza três. Um único homem entra e saí a todo momento, parece não ter ficha e muito menos é conhecido. Uma mulher ruiva entrou pilotando uma moto e saiu agora a pouco carregando um pacote médio na garupa.

– Como vocês... - A agente tentou perguntar, mas a menor foi mais rápida.

– Mandei uma viatura vigiar o local. - Explicou com a voz suave, os olhos serenos com um brilho diferente: Hostilidade. - Eu não sou obrigada a lhe informar tudo o que faço.

– Mas deveria. - Bicalho rosnou dando um passo para ficar frente a frente com a Gavassi finalmente ganhando os olhos castanhos da Andrade sobre si.

– Não. Não deveria. - Bianca cortou chamando a atenção das duas. - Ela não lhe deve nenhuma satisfação e o mais importante ela fez; Me manteve informada. Você queria ajudar, não queria? Chegou a sua hora. Agora se me der licença. - Terminou abrindo passagem.

[...]

Rodrigues caminhava pelo pátio escuro sendo acompanhado por uma mulher latina. O cabelo escuro caía em ondas pelos ombros, os olhos de um castanho intenso eram minimamente puxados combinando com a pele morena. O jeans, o tênis esportivo e o casaco de moletom quase a tornavam normal se não fosse pelo distintivo pendurado no pescoço.

– E como ela está? - A voz baixa e profissional da mulher cortou o silêncio.

Rodrigues meneou a cabeça olhando para o chão.

– Não sei dizer muito bem. - Ergueu os ombros. Os braços cruzados sobre o peito. - Está mais séria do que de costume.

– Andrade não é uma pessoa que gosta de brincar em serviço. - Cruzou as mãos nas costas fitando o céu estrelado. - Nunca foi.

– Eu sei disso, mas o caso é diferente. É Rafaella quem está em cativeiro.

– E isso me preocupa. Razão e emoção são duas coisas que não devem andar juntas.

– Mas se não fosse essa combinação nunca teríamos achado a localização dela. - O comentário fez a latina girar o rosto para o Tenente estudando a frase.

– Pode ser. - Considerou estreitando os olhos.

Se encostaram lado à lado no capô da viatura observando a chegada dos mais experientes. Bianca surgiu da porta que dava acesso a delegacia sendo seguida por Manoela e Gizelly.

The Middle | Versão RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora