Comecei mais uma saga na minha vida, a saga de “A Procura de um Novo Apartamento”. Depois de analisar, analisar e analisar mais um pouquinho, cheguei a conclusão de que meu apartamento no Brooklyn é muito pequeno para mim e a bebê. Meu quarto até caberia um berço, mas seria uma verdadeira quadrilha para poder se movimentar ali dentro. Sem falar que uma criança não precisa apenas de um berço, mas também de uma cômoda, cadeirinha de alimentação - algo que não cabe na minha cozinha minúscula -, carrinho de bebê, bebê conforto, brinquedos… Sem falar na quantidade de roupinhas que ainda faltam comprar. Meu Deus, essa menina nem nasceu e já vai me levar à falência.
Enfim, aproveitei o tempo livre depois do trabalho na sexta para visitar alguns dos apês que pesquisei na internet com Julio. Assim que descemos do carro, encarei a fachada do prédio com a testa franzida, um pouco detonada, eu diria… Talvez seja por estar escuro.
-É um prédio antigo, mas o bairro é até bom. - ouvi Julio dizer, mas tive a leve impressão de que estava falando mais para si mesmo do que para mim.
Ouvimos o som de uma moto atrás de nós, dando pinote, e Julio entrelaçou seus dedos aos meus entrando no edifício o mais rápido possível. Encarando a penca de escadas que precisamos subir para chegar ao oitavo andar. Tadinhas das minhas pernas.
-Você não pode subir tudo isso. - Julio falou, olhando em volta a procura de um elevador. - fala sério, não tem elevador?
-É só eu subir devagar. - falei, subindo os primeiros degraus com a mão na barriga de vinte e duas semanas.
Sim, essa menina já está a cinco meses aqui dentro, já está do tamanho de um mamão - o que é bem estranho na minha cabeça -, e depois dos primeiros chutes, ela não parou mais. Deve achar que está em um pula pula, porque não é possível.
-Não, não. - Julio subiu alguns degraus na minha frente, me impedindo de subir mais. - Você me disse que estava cansando rápido.
-Porque eu sou uma sedentária. - revirei os olhos, me apoiando no corrimão. - precisamos ir ver o apartamento.
-Esse aqui está fora de cogitação, Isa. Como você vai subir essas escadas quando estiver com nove meses? E quando a nossa filha nascer e você for sair com o carrinho, para subir e descer oito lances sozinha? Sem falar no perigo da nossa menina cair daqui.
Olhei para cima, tentando visualar as situações que ele citou. A imagem da minha filha caindo das escadas me causou calafrios, me convencendo do argumento dele.
-Ok, ok. - falei, descendo os degraus. - você está certo. Sem falar que nas fotos esse aqui foi o que menos me agradou.
-Então podemos ir para o próximo? - ele também desceu, me acompanhando para fora do prédio.
Pretendia visitar dois apartamentos hoje, esse, e um mais próximo do bairro de Gaby. O problema é que naquela região os imóveis são bem mais caros, e mesmo sabendo que muito provavelmente não poderei pagar, me apaixonei pelo lugar nas fotos e decidi visitá-lo mesmo assim.
Voltamos para o carro e Julio seguiu em direção ao endereço que falei. Quando chegamos, vi pelo olhar dele que gostou bem mais desse bairro, analisando cada centímetro do prédio também. Entramos de mãos dadas e agradeci a Deus quando vi o elevador, ao mesmo tempo querendo chorar por saber que nunca vou ter dinheiro para morar aqui. Por que eu gosto de me torturar, hein?
-Estou com fome. - reclamei, me recostando no peito dele depois de apertar o botão do quinto andar.
Ouvi sua risada em meu pescoço quando ele deixou um beijo ali, deslizando as mãos pela minha barriga.
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Destiny • Isulio
RomanceAos vinte e quatro anos, Isabela leva uma vida monótona trabalhando em uma galeria de artes da cidade de Nova Iorque. Sem novidades, festas, ou relacionamentos. A história muda completamente quando ela recebe a promoção de seus sonhos, decidida a c...