Capítulo 4 • Problema

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Comida italiana, única coisa que me fez realmente ter vontade de comer. Tudo bem, comer sem enjoar é ótimo, mas se eu passar a gravidez inteira comendo massa vão ter que me levar para a maternidade rolando, ou com um guindaste.

Andando pelo apartamento enquanto mastigava uma garfada de nhoque, entrei no meu quarto olhando ele por completo. Pequeno, não teria como colocar um berço ali, ou uma cômoda para trocar o bebê.

-vou precisar de outro apartamento. - sim, eu falo comigo mesma. Isso não é estranho, é apenas sinal de que não tenho com quem conversar. Dizem que falar sozinho é sinal de inteligencia, sabiam?

Caminhei até a frente do espelho, deitando a cabeça um pouco de lado. Estava usando uma regata branca e uma calça de pijama azul. Levantei o tecido da regata virando de lado no espelho, tocando minha barriga.

-tão pequeno. - sorri. - ei, você é menino ou menina?

Esperei alguns segundos. Fala sério Isabela, você acha mesmo que o bebê vai responder? Ri de meu próprio pensamento, abaixando a regata de novo.

Me sentei no sofá com as pernas cruzadas, o som da série que passava na televisão era o único que ecoava em meu apartamento, assim em como todos os dias. Mas dessa vez, eu sabia que havia algo diferente.

Todos os dias eu chegava do trabalho e ou estava na casa de Gaby, ou no sofá de meu apartamento, sozinha. E no outro dia tudo de novo. Mas dessa vez, eu não estava sozinha, e não estaria mais assim por muito tempo. Tinha outra pessoa comigo, meu bebê.

[...]

-como assim você está grávida? - Rodrigo cruzou os braços arqueando a sobrancelha.

Sério que terei que explicar o processo, meu bem?

-simples, Rodrigo. Estou grávida. - falei simplesmente. - eu sei que é uma surpresa, foi para mim também. Mas como trabalho aqui preciso lhe deixar a par disso. Mas saiba que não irá mudar em nada meu desenvolvimento aqui na galeria.

-eu espero de verdade que isso seja verdade. - ele ficou de pé atrás da mesa de sua sala. - bom, acho que devo dizer meus parabéns, não?

-não precisa...

-eu insisto. - sorriu. - eu ao menos sabia que você estava em um relacionamento.

Mordi o lábio inferior, balançando a cabeça. Olhei para ele e depois para a vaca ambula... digo, Julia ao seu lado, que sorriu falsa para mim. Será que um puxão de cabelo me faria ser demitida?

-se não temos mais nada para falar, eu preciso voltar ao trabalho. - segui até a porta, saindo da sala. Soltei o fôlego aliviada, caminhando de volta ao meu dever.

Coloquei novamente meu avental de pintura, prendi meus cabelos em um coque bagunçado, voltando a pintar meu quadro.

-com licença. - respirando fundo para não surtar com essa voz irritante. - Oi, Isa.

-Oi, Julia. - me virei para ela, sorrindo cinicamente. Já disse que essa mulher não me descer? Ela não me desce.

-vim dar os parabéns pelo seu bebê. Confesso que fiquei surpresa.

-obrigada, Julia. Se não tem mais nada pode...

-quem é o felizardo? - se aproximou um pouco, e revirei os olhos entediada.

-isso importa pra você? - cruzei os braços erguendo a sobrancelha.

-sim, qual o nome daquele que roubou seu coração, fofa?

-primeiro. - me aproximei dela, sorrindo. - não me chame de fofa. Segundo, isso não é da sua conta. Agora me deixa trabalhar em paz por favor?

Julia me olhou de cima a baixo com um sorrisinho, antes de sair da sala de pintura.

Destiny • IsulioOnde histórias criam vida. Descubra agora