Capítulo 8 • Cuidado

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Não demorou muito para o almoço estar pronto, logo a carne, saladas e acompanhamentos estavam sobre a mesa de piquenique do quintal. O vestido branco já havia voltado ao meu corpo, e agora apenas meus cabelos estavam molhados. As crianças comiam e riam de seus assuntos sobre desenhos infantis, saudade de ser criança.

Eu me servia de salada, mas ao chegar na carne, senti aquele gosto amargo subir em minha garganta, me causando uma careta. Só podia ser brincadeira. É churrasco!

-Tudo bem, Maninha? - Gaby perguntou franzindo a testa. 

-sim. - respirei fundo, colocando a carne em meu prato. Isso ia dar ruim, estava até prevendo. 

Todos nos sentamos e começamos a comer. A mesa era regada a conversas diversas, enquanto eu encarava meu prato, tomando coragem para colocar o primeiro pedaço de carne em minha boca. Assim que provei a primeira garfada, podia sentir o gosto se espalhar por todo o meu paladar, e parecia que eu havia dado uma mordida em uma cebola.

Quando senti o líquido azedo subir por minha garganta, foi inevitável não fazer aquela cena já conhecida por mim, coloquei a mão sobre a boca, correndo para dentro da casa, ouvindo as vozes preocupadas atrás de mim. 

Não faço ideia de como cheguei ao banheiro tão rápido, mas agora eu colocava tudo o que comi - ou tentei comer - para fora. Senti mãos fortes em minhas costas, as acariciando, enquanto meus cabelos eram afastados para trás delicadamente. 

Ao perceber que não havia mais nada para vomitar, fechei a tampa do sanitário, me sentando no chão. Meus olhos se encontraram com os de Julio, que me olhava preocupado enquanto arrumava meus cabelos em um coque desajeitado. 

-desculpa por essa cena. - falei.

-claro que não, eu nunca tinha visto você desse jeito, quer ir ao médico?

-lembra do que você disse? enjoo é um bom sinal, e não faltam muitas semanas para isso passar. - o tranquilizei, vendo ele assentir.

Julio se levantou, pegando uma toalha de rosto e a colocando embaixo da torneira ligada, logo voltando a se sentar em minha frente no chão. Ele passou a toalha molhada em minha testa, bochechas, pescoço e colo. 

-obrigada. - sorri, recebendo o mesmo como resposta. - acho melhor voltarmos.

-você não vai conseguir comer o churrasco, quer que eu compre algo para você? não pode ficar sem comer. 

-não precisa, eu vejo com Gaby outra coisa que não me faça enjoar, apesar de amar churrasco. - murmurei a última parte, decepcionada.

-está bem. - ele se levantou, me estendendo a mão, e eu a aceitei me levantando também.

-eu vou lavar a boca, vou já. 

-tá bom, te espero. - deixou um beijo em meus cabelos, saindo pela porta. 

[...]

O restante do dia se passou sem problemas, Gaby como a irmã maravilhosa que é, me preparou um macarrão. Massa parecia ser a única coisa que não me enjoava. Após muita conversa e risadas, Giulia e Guido foram embora, me despedi com um beijo em Mia.

Já era noite, e eu ao menos vi o dia passar. Estávamos na sala, David sentado em meu colo com a cabeça em meus peito, enquanto enrolava um fio de meu cabelo em seus dedinhos pequenos. 

-você é tão bonita, titia. - falou sonolento, e eu sorri. 

-obrigada, meu amor. Você também é lindo. 

-a mamãe sempre diz isso. Eu gosto muito de ter você como tia, sabia?

-sério? fico feliz em saber. Eu também gosto muito de ter você e Nicolas como meus sobrinhos. - apontei para o mais velho, que jogava uma partida de algum jogo na televisão.

Destiny • IsulioOnde histórias criam vida. Descubra agora