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Maratona {02/10}

Victor Augusto

Babi estava presa e amarrada em uma cadeira quase seminua. Grito o nome dela, mas parece que não consegue me escutar, continuo gritando até alguém aparecer, era um homem e eu não via seu rosto. Achei que ele ia ajudá-la, mas ele deu um tapa fazendo-a virar o rosto sangrento. Ele aponta uma arma pra ela e segura o gatilho, eu escuto um barulho.

Acordo desesperado e aliviado ao saber que é o barulho do despertador. Olho pro lado e babi está do outro lado da cama e de costas pra mim. Vou até ela.

babi? Babi, acorda, temos aula daqui a uma hora -ela resmunga algo em português e levanta. Até que foi fácil acordar ela.

Deixo ela usar o banheiro primeiro e se arrumar, depois dou um jeito em mim, porque ainda tava assustado com o sonho, na verdade foi um pesadelo. Saio do banheiro já arrumado e a vejo tirando seu celular do carregador.

-Sua mãe está nos chamando pra tomar café, bora? -pergunta virando pra mim

-Bora -vamos descendo às escadas e encontramos meus pais no balcão comendo panquecas tradicionais, Chloe ainda devia estar dormindo de ressaca, aquela deve ter aproveitado a noite com alguém.

-Bom dia, Angélica, bom dia Tim! - babi os cumprimenta

-Bom dia querida! -minha mãe dá um beijo na bochecha dela e me dá um beijo também

-Espero não ter problemas se eu ficar aqui, se quiserem eu vou pra minha casa. - Babi fala meio nervosa.

-Querida, nós entendemos, problemas com os pais são chatos mesmos, a gente só está escondendo você pra esfriar a cabeça, ok? -meu pai fala e ela assente aliviada. Sentamos no balcão para comer, meu pai teve que ir mais cedo e minha mãe foi se arrumar no quarto, ficamos eu e babi nos seus próprios pensamentos.

Minha cabeça ainda não conseguia parar de pensar naquele sonho. Parecia tão real, e depois veio um pressentimento ruim. Babi virou uma amiga especial e eu não gostaria que acontecesse algo com ela, ela já sofreu demais no passado (dizendo ela) misterioso dela.

E eu ainda estou muito curioso pra saber quem era aquele cara, não sei porque eu me importo, acho que eu tô ficando doido. Saio dos meus pensamentos com a Babi me chamando

-OUUUU! VICTOR! -Grita estralando os dedos na minha frente. -Tu tá no mundo da lua? Tô te chamando à horas.

-Ah, o que foi? -pergunto. Ela arqueia as sombrancelhas.

-Esqueceu que a gente tem aula, e não formos agora vamos nos atrasar, lerdo. -a aula, tinha totalmente esquecido.

-Então vamos -pego a carteira e a chave do carro e saímos de casa.

-Então, o que o senhor estava pensando pra estar daquele jeito com cara de idiota? -pergunta colocando o cinto.

-Não era nada demais, só umas coisas da escola -menti porque era só um sonho, não tem porque eu falar e preocupar ela.

-Sei -ela fala desconfiada -mudando de assunto, a gente teria que ir embora mais cedo da escola esses dias.

-Por que? -olho pra ela por um segundo

-Você é muito lerdo, Victor. Eu tô fugindo dos meus pais e provavelmente eles vão pra escola atrás de mim, garanto que eles me caçam até o inferno quando querem. -ela explica, agora eu entendi

-Ahhh, por que não falou antes? -falei na brincadeira mas acho que ela se estressou

-Caralho, bixo lerdo -fala algo em português, mas acho que é um xingamento contra a minha pessoa aqui

[...]

Barbara Passos

Já tinha se passado duas aulas, eu expliquei onde eu fiquei pra Tainá , e ela obviamente ela surtou, mas eu lembrei ela que não tinha problema porque todos acham que é um namoro.

Estava na hora do intervalo, eu ia pra debaixo das arquibancadas. Quando ia passar pelo caminho da diretoria, alguém sai de lá, eu já vi esse alguém. Não! O Lucca?

Pisco várias vezes pra ver se é verdade, mas quando tinha aberto o olho ele tinha sumido, menos mal. Esse garoto tá perseguindo meus pensamentos, só pode. Vou pro meu lugarzinho de paz, onde só eu e a Tainá sabemos onde fica, ninguém vem aqui e isso é ótimo. Coloco meus fones e fecho os olhos, preciso relaxar a minha mente um pouco.

Tudo tá acontecendo tão rápido, que eu não consigo acompanhar. O Victor tá sendo um ótimo amigo, ele me conforta mas sem ser insistente pra saber o que passa na minha cabeça. E se ele perguntasse eu também não saberia o que responder, tá tudo tão bagunçado, é o Lucca, meus pais, esse namoro. Eu só queria ter o colo da minha mãe pra chorar, mas nunca tive isso minha vida inteira, por que agora seria diferente? Eu só queria meu pai me protegendo das coisas que me fazem mal, mas eu aprendi me defender sozinha.

Minha infância digamos que foi uma merda, eu sempre tive tudo que queria, pedia qualquer coisa ao meus pais e eles me davam, menos atenção. Eles sempre viajavam e quando voltava ficavam enfurnados naquele escritório. Eu sempre tentei enteder o lado deles, que eles eram empresários muito ocupados, então eu desde pequena perdi minha infância pra orgulhar eles, me empenhava na escola, todos os dias eu estudava, não dava tempo nem pra eu assistir algum desenho, coisas que crianças fazem. Teve um ano que eu tirei 10 em todas as provas, cheguei em casa com meu boletim e entreguei a eles, péssima idéia, meu pai falou que tava bom, mas eu tinha tirado 9.5 em uma, ele falou que eu precisava melhorar. E foi isso que eu fiz, estudei todos os dias, tanto que eu nem comia direito, e fiquei 2 semanas no hospital. Eu não tinha amigos no fundamental, antes de conhecer a Tainá, eu via todos os pais em apresentação de dia dos pais e dia das mães.

Por isso hoje eu sou assim, apaixonada em desenhos e faço algumas coisas infantis, eu perdi minha infância toda.

Depois de algumas lágrimas que escorriam do meu rosto ao lembrar de tudo, alguém chega perto, imagino ser a Tainá, mas ouvi aquela voz dos infernos.

-Sempre no mesmo lugar, né doce babi

-Merda...

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𝐘𝐎𝐔 𝐍𝐄𝐄𝐃 𝐌𝐄, 𝐚𝐬 𝐁𝐚𝐛𝐢𝐜𝐭𝐨𝐫 !¡Onde histórias criam vida. Descubra agora