Capítulo 24

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Terça-feira

    Fui novamente à biblioteca e finalmente encontrei o livro que queria.
   Quando entrei lá o cheiro familiar a capas velhas e folhas gastas invadiram-me.
Sou sincera, primeiro não gostava muito de ler, mas a perspetiva e um novo modo de ver as coisas foi o que me fascinou. Isso me fez mudar a minha perspectiva sobre pouco tempo de vida que já percorri.
  Neste momento, estou de volta ao restaurante com o papel de parede bonito. Ponho a mochila e o livro da biblioteca em cima da mesa. É engraçado o facto de que um lugar possa nos fazer lembrar tanta coisa.
Uma colega minha de infância uma vez disse-me que meter dinheiro em cima da mesa dá azar, por isso o dinheiro que tenho tiro da mochila e meto ao meu lado no banco.
Obsessão? Não sei, talvez sim, talvez não.

-"O que vai pedir?"- pergunta-me um rapaz que suponho que trabalha aqui.

-"Massa carbonara, por favor"-  adoro massa carbonara.

-"E para beber?"-

-"Ice tea de manga"-

  Sai de o pé de mim quando regista o pedido. Estranho, porque normalmente perguntam sempre o que se vai beber primeiro.
  Isto tem aqui muita gente, bem o motivo é óbvio, hoje o comer na cantina era puré... por isso, não que me queixe porque há quem coma bem pior mas pronto. Opções...

Tento mandar outra mensagem ao Tiago:

<Tiago... estás-me a deixar preocupada, fala comigo por favor
:((( >

<Onde estás?>

<Naquele restaurante do jantar do jogo>

<Vou ai ter, não saias daí>

Menos mal.... ao menos já vamos poder conversar sobre sábado.

   Enquanto espero olho à minha volta, pessoas que se parecem iguais a mim, anatomicamente, rodeiam-me.
Mas, interiormente não são nada iguais porque ao olhar para cada uma não  percebemos o que os olhos dessas pessoas já assistiram,... Por exemplo, o loirinho rico, pode ter dinheiro mas não recebe a atenção do pai, por isso está metido nas drogas.
A do canto... bem essa não faço a mínima. A da outra ponta tem problemas de saúde e os pais preocupam-se demais, por isso não vive a vida como deve de ser.
Mas quem vive, não é verdade?

   O Tiago chega finalmente, tem um aspeto formidável.
O fato de treino do clube e all star. Gosto. Mas, retiro o que penso acerca de formidável quando reparo no rosto dele. Ahm?
Aproxima-se de mim e dá-me um beijo na bochecha, bem mais perto da boca que na bochecha. Começo a corar, apesar de já termos tido contacto mais intímo, porém passa sempre por ser sempre aquela base.

-"Olá Mar"-

-"Hey. Está tudo bem? Belas All Star"- pergunto com cautela, porque sei que não está tudo bem.

-"Gostavas de umas assim?" - pergunta - "É quanto ao estar bem, estou mais ou menos"- encolhe os ombros mal diz isto.

  Ajeito-me no sofá e ponho a mão em cima da mesa para ir ao encontro da dele.
   Mal estabelecemos contacto eu fico contente e com o corpo em chamas.
-"Sim gostava, mas isso agora não interessa. Sabes que seja o que for podes dizer-me Tg"-

-"Tg?"- inclina a cabeça para um lado.

-"Sim, Tg, é o teu primeiro nome mas sem as vogais. Como tu me chamas "Mar" eu chamo-te Tg, em mais uma coisa que estamos kits ãh?!"-

-"Gostei dessa Mar"- dá uma intuição no Mar, uma de brincadeira, acho.

-"Ok ok, para de desviar a conversa"-

Do outro lado da pistaOnde histórias criam vida. Descubra agora