Acordo com um barulho de um telemóvel a tocar a meu lado.
Abro os olhos, vejo o meu irmão e reparo que já escureceu, o que me indica que devo ter dormido durante algumas horitas.-"É a Sara, queres falar com ela?"-
O Hugo posiciona-se mais perto de mim com uma expressão facial neutra.-"Sim idiota, eu é que lhe disse para me ligar. E já agora, estou sem telemóvel."-
-"Já tratei disso. Agora pega o meu"-
Faço o que ele diz e tento clicar no botão de "atender", nao consigo fazer , e dou sinal ao Hugo para que o faça.
Agora está no alta voz e o telemóvel apoiado na beira da cama.-"Olá"- digo primeiro.
-"O que se passou?"- ai outra vez não.
-"Depois da aula de natação deu-se o acidente. E agora aqui estou eu." -
-"Uhm OK" - ouço do outro lado da linha.-"Podias ter vindo visitar-me, tinha ficado contente."- o meu irmão põe-se a pé e caminha pelo quarto. Agora... Irrequieto e irritado? Não entendo.
-"Não desconfiei de nada, porque podia ser outra vez aquela crise que eu achei estúpida que tiveste da outra vez e que estivesses a ignorar-me ou algo assim, ou então tu a seres tu, uma nerd que precisasse de estudar o dia todo."- o que se passa com ela? Tem-me dado respostas e mostrado atitudes não muito agradáveis. Uau, mas um uau pela negativa. O Hugo olha para mim com um olhar de "Desliga essa porra, porque ela foi muito egoísta e má contigo "
-"Pois"-
-"Ai nem sabes, o que passou hoje, marquei um date com o novato."- o H revira os olhos e fazendo jus ao pensamento dele, só diz assim à Sara:
-"A minha irmã liga-te mais tarde, se não te apercebeste ela está no hospital e precisa de cuidar dela."- e desliga
-"Mas que lata"-
-"Também pensei isso."-
-"Quer dizer, tu no hospital e ela a tentar ser o centro das atenções, pelo amor de deus. E a desprezar a saúde mental. Menos, muito menos."-
-"Enfim. Podes-me chegar esse copo de água?"- ele tem razão no que disse, se bem que não quero admitir, afinal de contas... ela é a minha melhor amiga, não é? Dou uns goles e termino com o líquido. Com isto, tentei desviar a conversa.
-"Sim. E olha a mãe já vai embora hoje do hospital, por isso vou ter que a levar para casa e vais ficar sozinha por pouco tempo. Além disso, o fim de semana com o pai era este, mas como precisas de repouso vamos para o próximo."-
-"Falando nisso, preciso de ajuda para o próximo sábado."-
-"Qual ajuda Marta?"-
-"Porque o..."-
Somos interrompidos pela mãe, pelo médico e pelo Treinador. A sério? Posso-me fingir de morta?por uns minutos? Mais valia
É a primeira vez que vejo a minha mãe desde o acidente, e, sendo honesta está com um ar de quem não ia matando a filha. Entram e fecham a porta. O H vem para mais próximo de mim.-"Boa noite, Marta. Eu sou o teu médico. Chamo-me Carlos."- apresenta-se.
-"Boa noite."- digo-lhe com boa educação.
-"A tua mãe já me esteve a informar do teu excelente desempenho na natação. Ela está preocupada com consequências, e foi informada de que não haverá problemas a longo prazo."-
-"Ah claro que sim, porque a mãe só se preocupa com a natação" - o Hugo diz num tom de voz baixo, derrotado e principalmente cansado da conversa da nossa mãe.
Todos ouvem, mas não respondem. Apenas há uma troca de olhares entre a minha mãe e o treinador. E entre o meu querido irmão e a minha mãe. Muito intensa esta troca de olhares.
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Do outro lado da pista
RomanceAo que parece ser a história típica de adolescentes se apaixonarem, esta história mostra muito além disso. O foco é a Marta, a vida e o sonho da Marta. As pessoas que a rodeiam, uma mãe controladora, a melhor amiga da infância, um irmão sempre lá...