Capítulo 15

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Sexta-feira, noite

     Quero ceder à tentativa de ligar o telemóvel,- desta vez já é o meu, a minha mãe devolveu-o porque no fim de semana posso precisar de alguma coisa-. Não posso mais ignorar esta situação desta forma assim, quer dizer vou continuar a ignorar, claro, mas não posso permitir que pessoas que realmente gostem de falar comigo sejam impedidas por este infeliz sucedido.
  
   São 10:30pm, quando abro a aplicação do Instagram no telemóvel vou logo para o Dm da Sara, tem muitas por ler, todas de reconforto.      Falei com ela durante a semana, mas quase nada, mesmo nada.
  Ignorei ao limite toda a gente, até o meu irmão. Queria sossego. Não sei bem porque reagi desta maneira, talvez por ter demasiado stress acumulado.
Respondo-lhe e digo que vou passar à frente e esquecer esta semana. É o melhor, acho eu.
  Vou às mensagend do Tiago, reparo que no início da semana ele mandava mais do que mandou mais pro final da semana. -Normal, quando se é ignorado é o que acontece, repreende-me o meu subconsciente-

Leio algumas mensagens que ele me mandou <o que se passa contigo?>
<fala comigo,Marta>
<estive para falar contigo na escola, mas parecia que não estavas com vontade para isso> <Hey> <Estás-me a deixar preocupado, fui ...eu?> estas mensagens vieram todas dele, e tem mais algumas que eu passei à frente.

Coitado, agora que estou a ler isto percebo que desapareci da vida dele...como o irmão dele fez... mas eu não lhe sou nada, sim nós falamos se bem que eram só conversas normais. Fiz o que era melhor para mim, mas isto foi o melhor para ele?
Então escrevo:
<Olá, desculpa por não te ter respondido... achei que me devia afastar da situação e isso implicou largar o telemóvel...>

<Posso-te ligar?>

What? Eu não gosto de chamadas, nem pensar; Quer dizer, nunca fui de fazer chamadas com os amigos, e estar horas a falar. Mas devo-lhe isso,acho... e por essa razão:

<Podes>

Admito que não estou muito à vontade para tal na verdade nada à vontade para tal situação.

Nem percebi se era vídeo chamada ou o que era. Pelo sim pelo não dou um jeito ao meu cabelo, que até ele durante a semana nunca estava direito.  Noto as minhas olheiras, mas nem tento disfarçar.

Vejo que o telemóvel está a tocar e atendo.

-"Hey"- começo a conversa.

-"Ficas melhor de pijama, combina melhor com o teu aspeto, do género de quem precisa de uma boa noite de descanso"- relembra-me do que já é óbvio para mim.

-"Eu sei....mas devias te sentir lisonjeado"- mudo o rumo da conversa. Não quero estar mais assim, não por neste momento.

-"Ai sim? E porque? Por me teres ignorado?"- noto o desapontamento quando faz a última pergunta.

-"Bemm, porque..."- coro e dou um pequeno sorriso, o primeiro da semana penso - "...é a primeira vez que falo com alguém, assim por vídeochamada, exceto para trabalhos da escola claro, mas esses não contam. "- confesso-lhe.
Ele está com uma camisola cinza com um bolso no lado esquerdo, o cabelo bagunçado e um sorriso, reparo que tem covinhas.  Ainda estou a tentar ajustar o telemóvel na melhor posição possível. Merda.

-"Vejo que por trabalhos da escola fazes o esforço de fazer vídeos chamada. "-
-"Aparentemente, por ti também né"- o telemóvel escorrega, merda.

-"Marta?" - ele chama por mim.

Demoro um tempo até o compor e lhe responder. -
"Ai desculpa, o telemóvel caiu"- que idiota pá.

Do outro lado da pistaOnde histórias criam vida. Descubra agora