Capítulo 28- Parte 2

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-"Vamos lá minha querida, a casa de banho é aqui no quarto."-

-"É normal ainda ter muitas dores?"- pergunto quando me guia para a porta do Wc.

-"Estás dorida, por isso, sim é mais que normal. Mas uma menina bonita como tu recupera rápido com uma semana e mais poucos dias para descanso."-

-"Espero que sim. Porque se faltar aos treinos a minha mãe passa-se, mas eu não me importo de faltar."-  desabafo.

-"se gostas, porque não te importas de faltar?"-

-"Quem disse que eu gosto?"- direciono o meu olhar para ela, em modo de "não, não gosto".

   Estamos à entrada da porta, não queria pedir ajuda, mas preciso. Entramos e ela encosta-a caso o H venha ai.

-"Pode-me ajudar?"- a casa de banho tem um espelho grande que me reflete. Cara branca e olhos desgastados. Algumas nódoas que predominam no lado direito revelam-se.

-"Isso vai passar"- diz quando se apercebe para o que estou a olhar.
-"Posso ajudar sim, precisas do que?"-

-"Acho que me consigo sentar sozinha... só queria humm..."- sim estou com vergonha, muita -"algo para me trocar"-

-"Qual preferes?"- ainda bem que me entendeu.

-"Penso, por favor. Ontem, humm, quando vim..."-

-"Não te preocupes"-
Embaraçoso...demasiado para mim, é uma coisa normal mas mesmo assim...

.....

   Quando já estou pronta, vejo no espelho o maior hematoma do meu corpo, começa na cintura e percorre o início da coxa, o hematoma mais forte...
Que horror.
Estou em desespero, não quero ver mais isto. Cai-me uma lagrima do olho.

-"voltei"- diz o Hugo, ainda quando eu e a enfermeira estamos na casa de banho. -"Alo?"-

-"Podemos ir?""-

-"Sim sr. Enfermeira"- auxilia-me como à pouco, e abre a porta.

Estamos num hospital privado, claramente. Nota-se pela atenção que me está a dar, mas esta senhora não parece dar atenção só por ser num privado, ela é mesmo simpática.

O Hugo não está só.
   Tem o Tiago consigo, até pensei que era a minha mãe. Nem sei se estou feliz ou triste por ele me ver neste estado.

-"Pode deixar, eu trato de a levar para a cama enfermeira"- avisa o meu irmão, e aproxima-se para fazer o que disse

-"Come o iogurte minha querida, qualquer coisa chama. O médico vai passar à noite para ver como estás."- sorri e vai embora.
Esboço um pequeno sorriso como forma de agradecimento.

  O Tiago está-me a avaliar de cima abaixo, o meu coque já não está mais em condições, o que deve ser hilariante de ver. O meu aspeto não tem nada bonito de se ver para ser sincera. Ele ainda não disse nada, só olha.

  -"Mais devagar Hugo. Seu Troxa."- está a andar normal, mas neste momento é muito depressa para o meu estado.

-"Desculpa. Como te queres sentar na cama?"-

-"Tudo menos como estive durante ontem à noite."-

  As dores estão a aliviar, pouco mas estão. Faço cara feia, quando me sento como quero, pernas para fora da cama, para que possa comer como uma pessoa normal.

-"Ai"- a minha anca, fodasse.
Enquanto o Hugo ajeita-me cuidadosamente com almofadas e eu o encho de nomes por me fazer estremecer de dores- não é a lhe chamar nomes a ser maldosa, e ele entende. Um "xingamento" amigável-  o Tiago chega-se à frente com a colher e o iogurte.

Do outro lado da pistaOnde histórias criam vida. Descubra agora