CAPÍTULO I

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O sol brilhava em meus olhos, me sentei na cama e passei a mão pelos meus cabelos bagunçados devido a uma longa noite de sono. Não foi uma das melhores noites da minha vida, havia algum tempo que sonhos estranhos me perseguiam, era sempre o mesmo sonho, era assustador.

Me levantei e troquei de roupa, apenas uma calça e uma blusa azul de mangas compridas, fiz uma trança lateral em meu cabelo e desci para tomar o café da manhã. Minha mãe preparava o chá, meu pai já havia saído para trabalhar e minha irmã ainda dormia.

- Dormiu bem queria? - diz a minha mãe me entregando uma xícara de chá.

- Não muito - digo tomando um gole do chá.

- É o sonho de novo?

- Sim, nada mudou mamãe. Ainda é uma garota correndo por um bosque segurando a mão de um homem e algumas...pessoas atrás deles.

- Acho que são apenas memórias das histórias que eu te contava antes de dormir.

De repente, me vem a mente todas as histórias que minha mãe me contava, sobre um povo mágico que viveu a muito tempo, um povo que nos odiava e como o nosso povo lutou para proteger os nossos. Mas uma das histórias é mais forte em minha mente, a história daquele que iria unir a todos novamente, iria lutar bravamente contra todo o mal que assolava não só a nossa terra, mas também a terra dos seres mágicos.

- Bom dia Talia- a voz da minha irmã interrompe meus pensamentos.

- Bom dia Amara.

- Não se esqueça do que me prometeu senhorita. - ela diz balançando o dedo indicador.

- E o que era mesmo? - brinco com minha irmã.

- Não se faça de desentendida Talia- ela faz uma cara brava- me prometeu ensinar a usar o arco e flecha.

- Por que não pede a mamãe pra te ensinar? Afinal foi ela que me ensinou - falo em um tom cansado e preguiçoso.

- Não não mocinha, prometeu a sua irmã - minha mãe me dá um leve tapinha.

- Quero ser tão boa quanto você - Amara cora.

- Vista roupas apropriadas e me encontre na floresta.

- Talia - minha mãe me chama -não atravesse o Rio.

Não entendi o porque minha mãe enfatizou tanto, eu sabia que nunca deveria atravessa-lo, mas mesmo assim apenas concordei com a cabeça e fui pegar as flechas.

Estava sentada em raízes das árvores quando vi minha irmã correndo em minha direção segurando um pequeno arco que meu pai havia feito para ela, eu já havia pintado algumas árvores mostrando onde ela deveria acertar a flecha, fizemos alguns aquecimentos e ensinei o básico a ela, ensinei como mirar para acertar o alvo e como segurar corretamente.

O dia já estava quase acabando quando resolvemos voltar para casa, minha irmã foi na frente e eu iria terminar de arrumar as coisas e depois iria, mas algo dentro de mim me pediu e quase senti implorar, para que eu fosse até a beirada do rio. Caminhei lentamente até o rio cristalino que corria no meio da floresta.

Parei à beirada do rio, olhei para os lados não vi nem um animal sequer, tudo o que eu sentia era a sensação de estar sendo observada, me virei para trás e jurei ter visto alguém se esconder atrás das árvores.

- Amara isso não tem graça - meu coração acelerou.

Um galho se partiu e os pássaros começaram a voar, embora a noite já tivesse começado a cair , ouvi passos em minha direção, senti que chegava cada vez mais e mais perto, corri desesperadamente. A floresta nunca tinha sido tão grande e tão difícil de sair , algo corria atrás de mim, não era um animal , não estava sobre quatro patas, eu gritava por socorro mas ninguém podia ouvir, eu não sabia mais onde eu estava, sabia apenas que estava sendo caçada por algo.

Tudo ao meu redor ficou tão escuro quanto uma noite tempestuosa, por mais que  corresse não consiga sair daquele lugar, estava tudo escuro e sombrio, mas de repente algo parou em minha frente, era um homem de cabelos brancos e pele branca, não vi seu rosto ele apenas gritou.

- Fruto proibido de um amor profano.

E desapareceu na noite, meu coração batia forte e rápido como se fosse explodir, quando consegui olhar para frente eu estava de volta na entrada da floresta, pronta para ir para casa.

Cheguei em casa ofegante, coloquei o arco e as flechas em cima da mesa, minha mãe me olhou assustada e preocupada.

- Talia você está bem? - olha checa a minha temperatura - oh céus está tão gelada, o que houve?

- Nada eu estou bem - não consegui contar o que houve, algo dentro de mim me impediu.

- Talia por favor me diga que não foi até o rio.

- O que tem nesse rio?- pergunto curiosa - por que não posso ir até lá?

- Não é seguro pra você - ela olha pela janela e sinto que está escondendo algo.

- Por que não é seguro? - torno a perguntar.

- É um rio traiçoeiro.

- A verdade mamãe.

- Talia - ela segura a minha mão - quem você viu lá?

Apenas olho para ela com uma cara de surpresa, como ela poderia saber que vi alguém lá? E se ela sabia por que não quer me contar?

- Não vi ninguém naquela floresta e nem mesmo cheguei perto daquele maldito rio - vou para o meu quarto mas paro no meio do caminho - seja o que for que estiver me escondendo, saiba que um dia eu irei descobrir.

Depois de um banho visto uma roupa confortável e me deito olhando para o teto, pensando naquele homem e naquela frase, eu sabia que estavam me escondendo algo, sempre soube, mas o fruto de um amor profano? O que ele queria dizer ?

Havia pegado no sono, mas fui despertada por uma conversa dos meus pais, desço as escadas e fico escutando contra a parede em busca de respostas.

- Então ela viu ele? - diz o meu pai.

- Ela diz que não, mas sei que ela o viu. - minha mãe diz com a voz embargada.

- Acha que Lorthal faria isso? - meu pai diz com um tom preocupado.

- Não é mais ele, agora é o filho dele Ronan que está tomando conta de Milo.

Não eram respostas que eu queria, mas já era alguma coisa, era pouco mas era melhor que nada.

- Talvez ele não venha, talvez ele não queira continuar com isso, vamos apenas torcer por isso querida.

Ouço minha mãe chorar, Mas não entendo completamente o motivo, eu queria tanto respostas, mas não iria adiantar perguntar aos meus pais, eles eram sempre vagos e não respondiam tudo ou mentiam. Eram tantas perguntas, quem é Ronan? O que é Milo? Quem era aquele homem? Todas essas perguntas sem respostas me corroaiam por dentro.

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