Capítulo 4

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-Senhorita Kimochi. -Escuto a voz do Hokage e engulo a seco, caminho até a porta de sua sala e entro, lá está a Sumisu Sensei do lado do Hokage, minha avó está na frente deles sentada em uma cadeira simples, do outro lado está uma moça que me atendeu assim que sai da sala de aula, que fez eu me acalmar e me concentra no meu chacka o que fez minhas mãos pararem de brilhar. -Venha pequena se aproxima, não tenha medo.

Ele aponta para outra cadeira do lado da minha avó, ando aos tropeços e me sento inquieta logo minha perna começa a tremer, coloco a mão sobre meu joelho que está ralado.

-Herena... -Ele da uma pausa e me olha dando um sorriso aconchegante. -Você sabe a história de sua família? O clã Kimochi.

Olho para a minha avó que apenas concorda com a cabeça.

-Sei... Um pouco, mas sei. -Ele faz sinal para que eu continuasse. -Nosso clã é antigo tão antigo quanto os Uchihas ou os Senjus, era conhecido por ter um kekkei genkai semelhante a clarividência, o que fazia muitos senhores feudais irem atrás de nós para que pudéssemos auxiliar, muitos foram conselheiros de grandes vilas. -Olho em volta me sentindo extremamente desconfortável com todos os olhos sobre mim fazendo meu rosto queimar. -Mas por algum motivo perdemos esse poder, muitos foram mortos pois achavam que estavam se negando a servir o senhor feudal da região, o que era castigado com a morte.

-É...- O hokage começa. -Não é tudo, mas você sabe muita coisa. O clã Kimochi nunca foi grande, mas sempre foi muito poderoso inclusive as mulheres. -Ele olha para a minha vó que cora e da um sorriso discreto fazendo a Sumisu sensei revirar os olhos. -Você sabe quando foi que vocês perderam, por assim dizer, o kekkei genkai? -Nego com a cabeça. -Diferente de que muitos acreditam não foi de repente, foi devagar, quando tentavam utilizar ele apenas falhava por assim dizer.

Ele se levanta e caminha até uma prateleira do outro lado da sala pegando um livro, caminha de volta e o abre.

-Sua bisavó foi a última do seu clã a possuir e que utilizou até o fim de sua vida, não que tenha sido uma vida longa, mas.... Ela ajudou o primeiro e o segundo hokage a comandarem, mas não era apenas clarividência que seu kekkei genkai se define, essa era a característica marcante, o que fez como você disse, muitos senhores feudais irem atrás. Algo que ele permitia também era transmitir sentimentos e sensações.

-Desculpe senhor Hokage, mas não estou entendendo. -Falo devagar com medo do que sairia dali.

-O que eu quero dizer é que sua bisavó foi a última a despertar e utilizar o kekkei genkai, agora esse título passou para você, Herena você é o único membro do seu clã que possui esse tipo de poder. -Arregalo os olhos e sinto meu coração pular. -Um kekkei genkai que aparentemente não tem nenhuma característica de clarividência como antigamente e sim de transmissão, ao seu toque você consegue transmitir sentimentos e sensações as pessoas, como o que aconteceu hoje.

Olho para o chão tentando digerir, por que não né? A Sumisu sensei já não gostava de mim, agora ela iria me odiar.

-Você teve um ataque de pânico... Um medo quase incontrolável -A enfermeira comenta ao meu lado. -E quando você tocou no seu colega você transmitiu o seu medo para ele, só que em um nível muito mais avançado e sem controle.

-E o que podemos fazer? -Minha avó pergunta fazendo eu me encolher. -Eu não despertei o kekkei genkai, ou pai dela eu nem sequer vi a minha mãe utilizar, não sei o que fazer.

-Homens do seu clã raramente possuía o kekkei genkai pelo que eu entendo... -Ele vira a página e passa os olhos por elas. -Agora sobre a senhora eu não vou saber te responder o motivo de não ter despertado, O poder do seu clã simplesmente foi acabando sem nenhuma justificativa até que sobrasse apenas Iro, sua mãe senhora Kimochi, ela foi a que manteve mais tempo sem ir acabando, até o final de sua vida e seus descendentes não mostraram esse poder... Até agora. Mas farei algo a respeito, no momento enquanto ela tiver na academia ficaremos de olho e treinando para que ela possa controlar e você Herena... -Olho para o velho a minha frente. -Vai ter que permanecer com as mãos cobertas.

Ele olha para a enfermeira que me entrega um par de luvas pretas grandes.

-Isso vai adiantar? -Pergunto olhando para todos a minha volta sentindo um enorme peso dentro do meu peito.

-Por enquanto sim, mas é melhor evitar tocar as pessoas.

Engulo a seco concordando com a cabeça, saio da sala em silencio e começo a caminhar pelas ruas de Konoha que aparentemente já sabia o que estava acontecendo, pois pessoas nos olhava e sussurravam o que faz eu me acolher mais ainda.

-Calma minha pequena. -Minha avó me abraça fazendo eu pular. -Não precisa se preocupar e nem da atenção para a vila, se orgulhe.

-Orgulhar do que vovó? De não poder tocar em ninguém? De ser olhada com desconfiança por todos?

-Se orgulhar de ser poderosa. -Ela me aperta. - Depois de duas gerações, nosso clã está com o kekkei genkai novamente e isso é maravilhoso, mesmo que por enquanto você tenha que usar luvas, mas você irá se tornar uma grande e poderosa ninja.

Abro o sorriso discreto e juntas atravessamos o portão da nossa propriedade, uma fazenda simples, com muros altos e sem portões como antigamente onde possuía portões de madeira de carvalho talhada a mão com desenhos que já não me lembro mais, passo pela entrada vendo as casas simples que um dia foi sinônimo de poder, fartura e união, hoje já era o oposto, as famílias eram dividas, fracas e lutavam por cada moeda que conseguia. Algumas casas que eram ricas e grandes estavam em decadência por abandono, pois seus moradores não estavam mais entre nós.

-Você consegue ir sozinha para a casa vovó?

-Claro, mas por que?

-Vou até o rio, preciso.... pensar.

-Claro minha linda, pode ir, só não se esqueça do jantar por favor.

Concordo com a cabeça e saio correndo pelo campo no meio das plantações vejo meu avô mexendo nas ervas quando ele me ver correndo apenas da tchau com as mãos, atravesso uma cerca simples de madeira até chegar em um campo aberto com poucas arvores, caminho até o riacho que corta a propriedade, tiro meus sapatos e me sento na beira deixando meus pés se molharem e a água fria me dar conforto. Olho para o horizonte vendo o caminho do rio com os pensamentos a mil, em minha família, em meu clã e o que deveria fazer. Sinto um aperto no coração e começo a tirar as luvas, olho para a ponta dos dedos que estão normais como se nada tivesse acontecido, começo a tirar a roupa, ficando apenas de calcinha e camiseta, entro na água cobrindo as minhas orelhas com o liquido frio deixando o rosto para fora.

O silencio faz com que meus pensamentos fiquem claros na medida do possível, sei que se eu me tornar uma ninja vou poder dar uma vida melhor para meus avós, pois todos sabem que a medida que fomos promovidos e pegando missões mais difíceis mais dinheiro se ganhava e se por acaso algo acontecer comigo, sei que mesmo assim eles receberam um pouco de dinheiro. Eu tenho orgulho do meu clã, mas o peso da única que possui o kekkei genkai faz com que os olhos de todos caem sobre mim, vi nos olhos da minha avó que ela está depositando todo o prestigio da nossa família em mim. Já passamos por muitas perdas, meu tio é um bom exemplo, encontrou o amor uma única vez quase fugiu com a mulher que a amava, mas o pai dela preferiu ver ela morta do que casada com um Kimochi, que foi tratado como desonra, de uns dos clãs mais antigos e mais procurados passamos a um clã de desonra e pena.

-Você não devia nadar assim. -Escuto uma voz alegre fazendo eu pular da água. 

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