Counting On Me

1

- Kaylee, por favor, eles estão chegando. É importante...
Ela revirou os olhos e ergueu um dedo, falando com uma voz diferente, tentando copiar a voz do tio.
- É importante que eles não vejam você. - Depois olhou ele e sorriu. - Eu sei disso. Pára de me tratar feito criança, tá? Tenho 24 anos, sei me cuidar.
Tony suspirou, derrotado, revirando os seus olhos exatamente da mesma maneira que ela.
- Então se sabe, por favor, vai para o seu quarto. E pára de acabar minhas frases. Isso é irritante.
Kaylee riu e pegou seu pacote de salgadinhos.
- Você é irriante, e continua aí.
Kaylee entrou no quarto e fechou a porta, olhando pela janela e comendo seus salgadinhos.
Era tão ridículo ter de se esconder. Era ridículo seres de outros mundos quererem pegá-la para controlarem tudo e todos.
Ela levantou, balançando a cabeça como se quisesse esquecer aqueles pensamentos maldosos, mas reais, e avançou até até chegar numa espécie de rádio, embutido na parede, que o tio fizera para ela. Tocou num dos muitos botões e a musica começou a tocar.
Era de uma banda que Kaylee adorava, com um estilo mais rock, mas que as músicas, e as letras das mesmas, a ajudavam a ultrapassar maus momentos. Ela nem se deu conta de começar a cantar...

Tony cruzou os braços quando percebeu que Steve estava um pouco distraído, de cenho franzido.
- Algum problema, Steve?
Ele o olhou e negou com a cabeça.
- Quem está cantando? - Perguntou.
Tony ergueu a mão, mexendo ela como se nada daquilo fosse importante.
- Ninguém. Se foquem no problema.
- Tem uma ótima voz. - Falou Peter.
Tony o olhou de forma que o garoto fechou a boca e não disse mais nada.
- Como eu estava dizendo...
De repente, Tony percebe que todos eles, seus amigos e companheiros de equipa, estavam olhando para o mesmo ponto, atrás de si. Ele se virou e viu Kaylee entrando, mexendo no cabelo e olhando em volta.
- Não falei para você ficar lá dentro? - Perguntou ele.
Kaylee ergueu o olhar e parou de andar abruptamente, deixando a mão cair ao longo do corpo. Depois ergueu as mãos, como se se rendesse.
- Desculpem, team maravilha. Façam de conta que não estou aqui.
- O que veio fazer, na verdade? - Perguntou Tony.
- Pegar minha outra luva.
- Tinha de ser agora?
Kaylee fez um aceno de cabeça como se Tony não entendesse nada do assunto.
- Sim, vou sair.
- O quê?
- Hum... Tony, quem é ela? - Perguntou Thor.
Tony o olhou, respirou fundo e respondeu. - Minha sobrinha, Kaylee.
Todo mundo ficou olhando ela, em silêncio, apenas Steve parecia estranho. Ele e um outro cara no fundo da sala. E Kaylee percebeu a forma como o tio olhava ele, mas preferiu deixar quieto. Se fosse importante ele iria contar, certo? Ou... não?
- Oi, Kaylee.
Ela e Tony olharam Peter e o garoto fechou os olhos e ficou calado. Kaylee sorriu, divertida. Depois seus olhos se focaram no cara no fundo da sala e voaram para Tony de novo.
- Tenho de ir. A gente se vê depois.
- Mas onde raio você vai?
- Apanhar sol, qualquer coisa que me faça sair daqui. - Disse ela colocando a luva na mão.
Uma voz fez todos eles olharem.
- Espera. - Era Loki e, por momentos, Tony temeu que ele falasse demais. E foi exatamente isso que aconteceu. - Porquê as luvas, em pleno verão? Ela é a sanguessuga? Sério?
- Loki! - Thor parecia desconfortável.
Tony deu um passo na sua direção, mas Steve parou ele.
- Não a chama disso!
Loki sorriu, triunfante. - Então ela é? - E gargalhou.
Todos olharam Tony, e este suspirou.
- É ela sim.
Todos eles ficaram quietos, mas o cara que Kaylee não conhecia ficou pálido, e isso chamou a atenção dela.
- Sua sobrinha é a Vampira? O ser que ninguém acredita que existe mas que todo mundo sonha deitar a mão? - Loki sorria. - Uau.
- Ela é apenas uma garota. - Falou Tony.
- Uma garota que, pelos vistos, não é bem normal. - Natasha olhava Kaylee. - O que ela faz?
- Você nunca ouviu falar da Vampira? - Loki parecia chocado e depois riu. - Ah! Entendi porque eu ouvi. Eu queria encontrá-la antes... Não importa. Ela, dizem, suga sua vida e seu poder e, se precisar, usa contra qualquer um.
Kaylee revirou os olhos. - Eu tiro uma amostra do seu poder, se você tiver um, e fica comigo para sempre, posso usar sempre, mas não é tão forte. Para ser exatamente igual, eu tenho de tocar na pessoa, ou coisa, tempo suficiente, o que nunca funciona pois as pessoas morrem.
Todos ficaram olhando ela, alguns de boca aberta, e Tony cruzou os braços, apertando o espaço entre os olhos com os dedos. Apenas o cara de cabelo comprido continuava olhando Kaylee com um olhar indecifrável.
- Uau. Então você pode ser mais poderosa que todo mundo? - Peter sorria.
Tony o olhou, por cima da mão, e franziu o cenho. - Parker!
- Foi mal. - Falou. - Mas...
Kaylee sorriu para ele e assentiu.
- Isso nasceu com você? - Perguntou Thor.
Ela o olhou. - Sim. Isso e o escudo.
- Escudo? - Perguntou Natasha.
- Kaylee... - Falou Tony.
Ela o olhou. - Ah, eles vão saber de qualquer jeito. - Encarou o grupo. - Eu consigo projetar um escudo e proteger coisas e pessoas, mesmo em movimento. Nada atravessa, nem fisico nem psíquico. Mas a pessoa consegue fazer tudo normalmente. É ótimo em batalha.
- Como você sabe? - Perguntou Parker.
- Já lutei ao lado de... pesssoas.
- Chega! - Tony abaixou os braços. - Ela é minha sobrinha mas... Também é procurada pelos vilões todos que possam imaginar. A mantivemos escondida todo esse tempo.
Natasha se levantou e deu um passo em frente. - Mantivemos?
Tony suspirou. - Eu e o Steve.
O cara no fundo olhou o Capitão como se ele fosse algum espectro do mal.
Todos olharam Steve, que deu de ombros. - Tony pediu minha ajuda.
- Oh, e você não achou que deveríamos saber? - Natasha olhava ele, com raiva no olhar. Olhou Tony, mais calma. - Eles sabem onde ela está?
Tony negou com a cabeça. - Não. Nem sabem quem é. Pode ser qualquer um.
Natasha balançou a cabeça. - Menos mal.
Steve levantou e se aproximou de Tony e Kaylee.
- Ela precisa ser protegida. Será nossa missão, acima de qualquer uma. Se alguém pega a Kaylee o mundo pode virar um inferno.
- É por isso que você usa as luvas? - Perguntou Peter. - Com elas seu poder é inútil?
- Consigo usar o escudo de qualquer forma, mas sim, a parte de sugar sua vida só funciona com toque direto. - Respondeu ela.
- Além disso - Falou Steve. - Seu pai era psíquico, o que significa que Kaylee herdou alguns dos seus talentos.
- Uau, você lê mentes?! - Peter estava numa empolgação só.
- Não. - Disse Kaylee rindo. - Eu... tenho flashes, imagens, de algo que você pensa, ou pensou, mas não consigo ler sua mente e essas imagens eu não controlo quando aparecem. Além disso, eu consigo... "tocar" - Ela fez aspas com os dedos. - sua mente. Do tipo, se você estiver tendo um pensamento mau, ou destrutivo, eu consigo entrar na sua cabeça e fazê-lo parar.
O cara de cabelo comprido olhou ela, no mesmo tempo que Steve olhava Tony, e o homem de ferro negava com a cabeça.
- Não, Steve, nem sonha!
- Tony... ela pode.
- A...
- Você não quer fazer uma demonstração? - Perguntou Loki. - Já deixou a plateia curiosa.
Kaylee olhou Loki de maneira estranha e Tony percebeu. Ele deu um passo na direção da sobrinha, mas ela já avançava na direcção do outro, tirando uma das luvas.
Parou na sua frente, Loki sempre sorrindo, então Kaylee segurou o pulso dele e Loki abriu muito os olhos, sem conseguir falar, e suas veias começaram a aparecer no seu rosto, num tom marrom...

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