No dia seguinte, quando acordei, Bucky já estava de pé. Bem, não propriamente de pé. Ele estava no chão, fazendo flexões, sem camisa e completamente alheio á minha presença no corredor.
- Tá fazendo o quê aí? Tá aprendendo?
Sorri, claro que ele sabia que eu estava ali, como eu podia pensar que não?
Cruzei os braços. - E você? Caiu da cama?
Enquanto ele subia e baixava, vi um sorriso torto surgir no seu rosto e, por momentos, soube que ainda havia esperança.
- Não dormi, é diferente.
Suspirei. - É...
- Não por sua causa, ou do facto de ter roubado uma porção da minha energia vital, mas pelo facto de eu ter tentado te matar sem nem perceber o que estava fazendo. - Ele parou e levantou, me olhando. - Eu que fiz besteira. Para variar.
- Esquece isso. Eu estou bem, você também portanto seguiremos em frente. - Me afastei em direção da cozinha. - Já comeu?
- Tou sem fome.
- Ótimo. Sobra mais para mim. - Falei abrindo um armário e me esticando toda para pegar a caneca que Bucky tinha arrumado. Bufei. - As pessoas deveriam saber que eu não sou do tamanho de um urso, de pé! Droga!
Do nada, um braço apareceu no meu campo de visão, pegando a caneca e entregando para mim.
- Bastava pedir, era mais simples. - Falou Bucky.
Fiquei olhando ele durante um bom tempo, mas depois pisquei os olhos e revirei eles.
- Você deveria se lembrar que eu sou mais baixa que você. Não chego ali.
- E você deveria parar de me comparar a um urso. - Ele seguiu na direção da porta. - Vou tomar um banho.
Fiquei olhando suas costas largas e possantes e sorri.
- Mas parece um. - Falei baixinho.No meio da tarde, eu estava jogada no sofá, com um livro nas mãos, depois de ter feito as tarefas de casa que Bucky me permitiu fazer. Ele ficava com a maioria, dizendo que isso o mantinha ocupado. E, com sua obsessão pela perfeição, devo dizer que toda a minha casa parecia outra.
Olhei pela janela, apenas um segundo, pensando em quando ele estaria pronto para sair lá fora. Mas eu sabia que ainda era cedo, pois Bucky ficava tenso e ansioso só com a ideia. E então eu decidira dar tempo a ele. Faríamos as coisas no seu tempo, qualquer coisa que fosse. Mas eu já estava feliz com o facto de ele parecer confiar mais em mim e se abrir mais. Já não ficava tão fechado na sua concha, se bem que eu sabia, e entendia, que ele precisava dos seus momentos sem ninguém por perto. E respeitava isso.
De repente, ele apareceu e sentou no outro sofá. Olhei ele por cima do livro e peguei ele me observando.
- O que foi? - Perguntei.
- Você está presa aqui dentro por minha causa.
Fechei o livro e suspirei. - Estou acostumada. E não estou presa, estou respeitando seu tempo.
Ele sorriu, mexendo apenas um dos lados da boca, fazendo aquele sorriso torto que eu começava a gostar.
- Mas...
- Bucky, quando você estiver pronto, tá? Até lá eu me mantenho aqui. Além disso, eu gosto de ficar em casa.
- É... eu também. - Ele olhou o chão.
Fiquei olhando ele, vendo uma ruga de expressão aparecer entre os seus olhos e depois, do nada, tive uma ideia.
- Você gosta de filme?
Ele ergueu o olhar na minha direção.
- Hã? - Deu de ombros. - Hum... sinceramente eu não sei... eu nem lembro.
Sorri. - Tudo bem. Estava pensando, podiamos fazer uma noite de cinema aqui em casa, o que você acha?
Ele fez uma careta. - Deveria saber o que isso é?
- Então, colocamos um filme legal para assistir e sentamos aqui, comendo o que você quiser. Te deixo escolher.
Bucky olhou o sofá. - Aqui.
- É. - Revirei os olhos. - Deixaremos tudo limpo, não se preocupa.
Ele sorriu, sem jeito, e depois assentiu.
- Tudo bem, podemos tentar. Mas... que tipo de filme?
Agora que pensava nisso, não podia ser nenhum que tivesse alguma espécie de gatilho que fizesse ele atacar, e eu não sabia do que ele gostava. Então dei por mim observando o seu braço de vibranium, e aquelas linhas douradas... Sorri.
- Bucky, você gosta de carros?
Ele ficou confuso. - Carros? Pensei que fossemos assistir um filme.
Eu ri e depois assenti. - E vamos, mas e se for um filme com carros? Tem problema?
Ele negou com a cabeça. - Não, pode ser qualquer coisa.Nessa noite, consegui convencer ele a cozinharmos algo mais simples e rápido, já que ele preferia não comer fast food.
Depois, sentamos no sofá, em frente da televisão. Por incrível que pareça, ele sentou do meu lado, tão perto que eu sentia aquele braço azul tocando no meu quando ele se mexia um pouco.
Mantive meus braços e mãos protegidos, para não haver nenhum acidente.
Depois de algum tempo, já com os pratos em cima da pequena mesa, vazios, eu vi Bucky negando com a cabeça. Olhei ele e ele percebeu.
- É impossível aquilo acontecer, você sabe, né? - Perguntou.
Eu ri. - Você sabe que é um filme, né?
Ele deu de ombros e sorriu. - Tá, tem razão. - Ele continuou me olhando. - Obrigado.
- Porquê? - Perguntei.
- Pelo que você está fazendo.
Sorri e assenti, sentindo um flash entrando na minha mente. Uma imagem de mim e Bucky na minha sala... e um sentimento de... calma. Bucky estava tranquilo naquele momento.Bucky:
Naquele momento, Bucky estava olhando a tv, mas sem a ver realmente.
A sua mente continuava pensando em tudo o que ele fizera, e passara, mas agora... sua mente também pensava em Kaylee. No porquê de ela ter aceitado aquela tarefa, no facto de ela parecer realmente disposta a ajudá-lo.
Ela era tão diferente. Era como uma força que o mantinha no lugar. Kaylee era alegre, como se o sol tivesse surgido na sua vida, de repente, depois de toda a tempestade e tivesse derretido todo o gelo daquele tenebroso inverno.
E ela parecia ser a única que conseguia, realmente, controlar a sua pior parte. Como quando colocara aquelas palavras na sua mente e ele virara o soldado de novo... ela conseguiu parar tudo.
Depois de uns dias, Bucky estava disposto a admitir a si próprio que se importava com ela, e que já não conseguiria viver sem o seu sorriso, a sua energia, seus olhos marrom... e sem escutar ela reclamando por ele arrumar coisas em lugares onde ela não conseguia pegar.
Ela não se importava com o que ele fora, com o que ele ainda era. Ela o aceitara do mesmo jeito.
Kaylee realmente se importava com ele. Mas... e quando ela soubesse da verdade? Sobre o que ele fizera? Ele odiava seu passado, ter sido uma arma para a HYDRA. Ter sido congelado e ter sua mente apagada vezes sem conta... Mas se isso não tivesse acontecido, ele nunca teria conhecido aquela garota maravilhosa, já que era bem mais velho do que ela.
O filme acabou, chamando sua atenção e ele se obrigou a prestar atenção no presente. - Aqui e agora, Bucky. - Pensou.
Olhou para o lado, para Kaylee, e viu que ela estava dormindo.
Ficou olhando ela dormir, por momentos se sentindo um idiota, mas Kaylee estava com uma expressão calma, como se tudo fosse perfeito. Do nada, sentiu um sorriso se formar nos seus lábios.
Bucky levantou e apagou a TV, voltando para junto do sofá, agradecendo, pela primeira vez, conseguir se movimentar de forma silenciosa.
Se aproximou de Kaylee, se certificando de que ela tinha braços e mãos protegidos. Depois, com todo o cuidado, colocou seus braços por baixo do corpo dela e pegou. Kaylee, automaticamente, se ajeitou em seus braços, encostando a cabeça no seu ombro de vibranium e Bucky fechou os olhos, esperando que a sua testa encostasse no seu pescoço e ele ficasse sem forças. Mas isso não aconteceu. Kaylee se colocou perfeitamente no seu ombro.
Como se a garota fosse leve como uma pena, Bucky levou ela para o quarto e colocou ela na cama.
Ficou mais dois minutos olhando ela. Ela tinha realmente algo de diferente, algo que mexia com ele de um jeito que nunca acontecera, não com aquela intensidade.
Sorriu e saiu do quarto, fechando a porta e seguindo para o seu quarto.
Já deitado na sua cama, de costas, com um braço atrás da cabeça, Bucky pensou na sensação que Kaylee começava a fazê-lo sentir. E isso lhe dava forças para continuar tentando. Ela estava se tornando importante demais.
Só tinha um problema... Era uma Stark. Ainda para mais, era a sobrinha do Tony.
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Counting On Me
FanfictionNinguém sabe quem é Kaylee na verdade, a sobrinha do Homem de Ferro, exceto o próprio Tony e Steve. Quando a verdade é revelada - que a garota é a Vampira - tudo muda e protegê-la passa a ser a missão número um. Mas quando, acidentalmente, descobrem...