Kaylee:
Parei o carro e olhei a rua que se estendia na nossa frente. Bucky viera calado o tempo todo, o que não podia ser bom sinal, podia?
Olhei ele, na mesma posição de toda a viagem e com aquele olhar preso sabe Deus onde. Suspirei e retirei a chave.
- Chegamos. Pronto?
Ele girou a sua cabeça na minha direção, automaticamente, e quase esperei raios vermelhos saíndo dos seus olhos, mas vi algo diferente no seu olhar...
- E se algo ficou para trás? - Perguntou.
Nem precisei perguntar para saber sobre o que ele estava falando. Respirei fundo e encarei.
- Steve falou que estava tudo tratado. Você estava limpo. Completamente.
Bucky soltou um som que não era nem um sorriso e nem um suspiro.
- Tá... o Steve. - E olhou em frente de novo.
- Ele só quer que você fique bem, aliás, todos querem. Eles limparam tudo, toda a besteira que você fez.
Bucky voltou a me olhar, mas dessa vez com um olhar mais pesado.
- Besteira. Foi, foi sim, mas tenta passar pelo mesmo e depois a gente conversa!
Levantei uma sobrancelha.
- Pensei que iria ajudar um adulto e não uma criança birrenta. - Depois lembrei de algo e ergui as mãos. - Oh, desculpa, essa birra faz todo o sentido. Você é idoso demais.
Ele ficou me olhando, mas juro que vi o cantinho da sua boca se mexer. Sorri e soquei seu ombro, para depois abrir a porta e sair, mas o que abriu foi minha boca quando senti a dor na minha mão, mesmo tendo batido devagar. Ele pareceu incomodado e tentou ajudar, mas eu segurei a minha mão e olhei ele.
- Você é feito de titânio, por acaso? - Perguntei.
Bucky puxou um pouco a manga da camisola, revelando um braço de aspeto muito pouco humano depois da luva.
Abaixei as mãos. - O que é isso?
- Eles não te falaram. Porque não fiquei surpreso. - Ele revirou os olhos. - Vibranium, foi...
- O rei. - Terminei e olhei ele. - Eu já reconheci. Mas... porque...
- Hydra. - Falou.
Franzi o cenho. - O quê? Eles tiraram o seu e...?
Bucky assentiu. - O outro era diferente.
Assenti devagar, processando aquela informação toda. Aquela parte eu não sabia, sobre ele ter um braço... não humano.
Bom, tudo bem. Sorri e depois olhei ele de novo. - Vamos, Cyborg?
Ele parecia querer me matar.
- Você é mesmo sobrinha do Tony. E não me chama isso de novo. - Ele saiu do carro, mas petrificou, ali, de pé, olhando em volta.
Vi pânico no seu olhar, enquanto pegava as mochilas e trancava o carro. Esperei mas ele continuava no mesmo sítio. Me aproximei e prendi meu braço no dele, no humano, e ele me olhou imediatamente. Parecia perdido.
- Está tudo bem. - Falei. - Ninguém sabe de você. Vamos?
Ele assentiu, pouco convencido mas me deixou levá-lo até o apartamento.
Pelo caminho, Bucky pegou as mochilas, levando elas, mesmo contra minha vontade.
Abri a porta, com ele esperando pacientemente atrás de mim. Entrei e segurei a porta para que ele passasse. Bucky me lançou um olhar antes de entrar e depois vi ele olhando em volta.
Fechei a porta e coloquei a chave no lugar dela, depois me aproximei dele e peguei a minha mochila.
- Não liga para a bagunça, tive de sair correndo. Bom, aqui é a sala, ali a cozinha - Indiquei enquanto ia falando e andando, com ele atrás de mim. - O banheiro é ali e aqui, essas duas portas, são os quartos. Esse é meu e esse - Abri a porta ao lado da minha. - É o seu.
Deixei ele entrar primeiro e Bucky ficou parado no meio do quarto. Depois seus olhos se prenderam na janela.
- E os vizinhos do prédio do lado? Conseguem nos ver? - Perguntou.
Sorri. - Não. Agradece para o Tony, ele pagou essas janelas que não deixam ver o interior.
Mexi as mãos, sem saber muito bem o que fazer e ia me virar, quando ele se mexeu, ficando de frente para mim. Algo estava eatranho no seu olhar.
- Você está bem? - Perguntei.
Ele negou com a cabeça. - Estou... é minha cabeça. Ficarei bem.
Larguei a mochila no chão. - Posso ajudar, se quiser. Eu posso fazer parar.
Ele ficou me olhando e depois suspirou, dando de ombros.
Assenti e me aproximei dele, olhando dentro dos seus olhos azuis. Forcei a entrada na sua mente e vi uma espécie de pânico por todo o lado, ao mesmo tempo que as barreiras da sua mente investiam contra mim, tentando me fazer recuar. Foquei no pânico e forcei ele a desaparecer. Pouco depois, saí da sua mente e a mudança no seu olhar era incrível.
- Melhor?
Ele assentiu e fez um sorriso bem pequenininho. - Sim, obrigada.
- Ótimo. - Peguei a mochila. - Estarei no banheiro, preciso de um banho urgente. Você fica bem?
Ele assentiu. - Estarei aqui.
Sorri e saí do quarto. Era tão estranho dividir o apartamento com alguém, eu duvidada me acostumar com isso, principalmente quando a pessoa era um cara lindo de morrer... mas quebrado pra caramba e com um braço que era tudo menos humano.
Aproveitei cada minuto daquele maravilhoso banho, me sentindo um pouco mais livre ali em casa do que junto do meu tio. Eu adorava ele, claro, mas ele queria me proteger de tudo e todos.
Saí, me secando e vestindo uma roupa confortável. Quando abri a porta, com a toalha na mão, ainda secando o cabelo, vi a porta do quarto de Bucky aberta e ele de pé junto da janela. Ele mantinha o casaco apesar de não estar frio algum. Sorri, balancei a cabeça e coloquei a toalha na máquina, penteando o cabelo e seguindo até á cozinha.
Um tempo depois, estava tão envolvida na tarefa, que quando senti alguém atrás de mim, minha reação foi largar a colher, tirar uma das luvas e girar, muito rápido, colocando a minha mão no rosto da pessoa.
Percebi o erro quando, com um movimento rápido demais, Bucky travou o meu ataque com um movimento do braço de vibranium.
Senti um choque nos meus dedos mas fiquei olhando ele, em pânico, pensando em como fora burrade esquecer que estava acompanhada.
- Desculpa, Bucky! Eu... - Coloquei a luva rapidamente. - Sério, desculpa!
- Na próxima eu faço barulho, tá bom? Bato com a porta ou algo assim. - Ele sorriu.
Fechei os olhos por dois segundos, me odiando pelo erro. Eu deveria mantê-lo a salvo, não atacá-lo. Quando abri, ele ainda me olhava.
- Não costumo ter visita. - Falei.
- Deu para perceber. - Ele colocou as mãos nos bolsos. - Eu só queria saber se você precisava de ajuda.
Mexi no cabelo e indiquei a mesa.
- Se ficar quieto já ajuda bastante. Além disso, está praticamente pronto.
Ele assentiu e sentou na mesa, olhando para o lado mas como se não estivesse realmente ali.
Coloquei tudo na mesa e sentei na sua frente. No inicio foi estranho. Eu não estava acostumada a ter pessoas sentadas á minha mesa, aliás, eu nem tinha amigos. Não, amigos de verdade. Estava acostumada a estar sempre sozinha, até porque era perigoso, eu podia matar eles. Nesse momento, lembrei que não deveria ser tão diferente para o Bucky. A única diferença era que ele tinha amigos.
No final, deixei que Bucky tirasse um tempo só para ele, e decidi arrumar a cozinha enquanto esperava o sono chegar, mas do nada escutei um som vindo do quarto dele. Olhei as horas, era tarde já, ele deveria estar dormindo. Mas aí o som voltou e escutei algo caindo.
Larguei tudo e entrei no quarto, sem nem me importar com o facto de ele estar dormindo e, provavelmente, com pouca roupa. Mas parei junto da porta.
Bucky estava encostado na parede, sentado no chão, suando que nem doido e parecendo completa e terrivelmente perdido. Seu lençol estava caído pelo chão.
Ele estava pior do que eu imaginara.
Corri para ele, caindo de joelhos junto dele e fazendo ele me olhar, já que eu estava protegida pelas luvas.
- Bucky! O que aconteceu? - Tirei alguns fios dr cabelo do seu rosto.
Ele me olhou de uma forma que eu nunca tinha visto antes. Fechou os olhos, mexeu a cabeça, e depois me olhou de volta.
- Pesadelo. - Falou.
- Você está bem?
Ele assentiu. - Só preciso me acalmar, isso acontece muitas vezes, nada de novo.
Franzi o cenho. - Sério? - Mordi o lábio e cruzei as pernas. - Tudo bem. Ficarei com você até passar.
- Não precisa, Kaylee.
Foi a primeira vez que ele disse o meu nome e foi estranho. Soava diferente vindo dele. Sorri.
- Claro que precisa. Eu também tenho pesadelos e adorava que alguém me ajudasse com os piores. Quando acordo não sei se foi real ou não, sabe?
Ele assentiu. - Porque você tem pesadelos?
Dei de ombros. - Não sei. Sempre tive mas... tem uns bem doidos e... - Olhei ele de canto e olhei o chão de novo. - Tem vezes que levantei e quando acordei... eu estava agarrando uma pessoa e...
- Você a matou?
Olhei ele e vi compreensão do nos seus olhos.
- É... ele acabou morto.
- Ele?
- Uhum. Desde aí nunca mais tive amigospróximos e nem namorados. É demasiado perigoso.
- Imagino.
Sorri e olhei ele. - Melhorou?
Ele sorriu e assentiu. - Um pouco. Obrigado por ter ficado. Realmente ajudou.
Ele levantou e eu imitei o gesto, tentando não pensar que ele estava sem camisa. Eu tinha de ser profissional, ele era minha missão e estava de rastos, eu não podia pensar besteira.
- Vou indo, então. Qualquer coisa estou na porta do lado. - Falei. - Grita, chama, bate na parede se precisar. Virei correndo.
- Certo, mas acho que não vou conseguir dormir mesmo.
Sorri como quem pede desculpa.
- Boa noite, Bucky.
- Boa noite, Kaylee.
Fechei a porta quando saí, vendo ele se metendo na cama de novo.
Entrei no meu quarto, depois de fechar as luzes na cozinha pois já não tinha a menor paciência para limpar, e troquei de roupa.
Caí sobre a cama e puxei o cobertor para tapar as pernas, mas fiquei ali, olhando o teto e completamente ciente da presença de Bucky no quarto ao lado. E se acontecesse de novo? E se eu levantasse e matasse ele? Afinal, ele era forte mas não tinha poder para bloquear o meu.
Suspirei, rezando para ter um sono tranquilo e para que ele pudesse, de algum modo, descansar também.N.A
LEITORES, ME DIGAM O QUE ESTÃO ACHANDO. DEVO CONTINUAR A FIC OU SERÁ MELHOR ESQUECER?
EU ESTOU ADORANDO ESCREVER ELA, MAS NÃO SEI SE ESTARÁ BOA O SUFICIENTE.
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Counting On Me
FanfictionNinguém sabe quem é Kaylee na verdade, a sobrinha do Homem de Ferro, exceto o próprio Tony e Steve. Quando a verdade é revelada - que a garota é a Vampira - tudo muda e protegê-la passa a ser a missão número um. Mas quando, acidentalmente, descobrem...