PRÓLOGO

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Era uma vez, em uma terra desconhecida dominada por Cinco Reinos, uma estrela cadente atravessava a intensa escuridão que banhava os céus.

No reino de Galdorn, estava a pequena Eleanora Hortênsia Soledade, de seis anos, coberta por uma grossa camada de cobertor na grande sacada do seu quarto enquanto lia escondida pela terceira vez o seu livro favorito, "A princesa e o rato". Os olhos curiosos da princesa conseguiram captar o pontinho brilhante que fez um risco por onde tinha passado. Ela não pensou duas vezes antes de deixar o livro preferido de lado.

Eleanora fechou seus olhinhos, apertando com a mesma força que apertava as duas mãos unidas. Ela moveu os lábios rapidamente, fazendo o seu desejo:

— Quero encontrar o meu amor verdadeiro!

Um pedido encantador e comovente de uma criança inexperiente... Talvez, a pequena Eleanora estivesse lendo muitos contos de fadas e teria sido influenciada por tais fábulas, achando que beijos transformavam ratos em príncipes, que paixões se ascendiam em questão de segundos e que só era necessário amar para atingir o ápice da felicidade. Todavia, a menina em sua doce inocência, pediu com todo fervor que os Deuses enviassem o amor que tanto clamava e, ao mesmo tempo, desconhecia.

Do outro lado do reino, atravessando as densas florestas de Farkos, havia outra garota.

No reino de Salbrava, Verônica Del Durcan, de sete anos, estava no quintal do castelo cuidando do pequeno Pin, seu cachorro preto e peludo que tinha machucado a pata direita em uma das excursões a cavalo da princesa. Ela olhou de esguelha para o céu quando flagrou a tímida estrela cruzando a noite fria e sombria do seu reino.

Verônica prendeu a respiração. Seu pai, rei Rafaello, tinha lhe dito que toda vez que visse uma estrela cadente, precisava prender a respiração por cinco segundos enquanto fazia o pedido e só assim ele se tornaria realidade. E assim Verônica o fez, prendeu a respiração enquanto ficava mais vermelha que os morangos do seu café da manhã, mentalizando o seu desejo:

— Quero encontrar o meu amor verdadeiro!

Bem...

Mais uma vez, outro pedido de uma criança que mal sabia o que era a vida real... Talvez, a jovem Verônica estivesse sendo pressionada por suas acompanhantes reais, todas mais velhas e cheias de assuntos adultos, que falavam tanto sobre a necessidade de se ter um amor que ela acreditou que precisava também, mesmo sem entender o significado daquela curiosa palavra. Mesmo em sua plena inocência, Verônica ficou mais de quinze segundos repetindo a frase para ter certeza que seria atendida, prendeu até não aguentar mais e precisar respirar de novo, antes que desmaiasse no chão.

Dois pedidos feitos para uma única estrela, no mesmo momento e com as mesmas palavras.

Um raro e único acontecimento que não poderia ser em vão, o Destino estava trabalhando em sua velha roca de tear e iria encontrar uma forma de unir e realizar ambos pedidos.

Duas súplicas que não poderiam ser ignorados.

E não foram.

Bem longe daqueles reinos, atravessando rios ferozes que separavam continentes, florestas estranhas que guardavam segredos e vilas humildes com habitantes divertidos, estava Octavius.

Quando os dois pedidos se colidiram, Octavius conseguiu escutá-los. Estava dormindo como um recém-nascido quando seus sonhos com vestidos e carruagens foram abruptamente interrompidos. Ele olhou para os céus, escutando as vozes das pequenas princesas de reinos tão distantes, mas ao mesmo tempo, firmes e decididas.

Apesar de incomodado por terem atrapalhado seu sono, ele não deixou de ficar curioso e extasiado com aquele evento predestinado. Ele pensara que eram pedidos vagos de duas crianças que provavelmente mal sabiam se limpar, mas... Coincidências não existiam em seu mundo. Tudo tinha um significado, poderia não fazer sentido agora por serem jovens demais, mas com o passar dos anos, adquirindo maturidade, descobrindo quem eram, as coisas definitivamente poderiam ser mais divertidas.

Era a chance de Octavius. Ele fora escolhido pelos Deuses para ouvir os pedidos, uma mensagem clara que ele deveria intervir quando sentisse que era a hora certa. Octavius vestiu o seu roupão estrelado após desistir de dormir, estava ansioso, precisava usar sua energia que brilhantemente se ascendeu, dessa vez estava convicto que iria realizar a sua missão de realizar os dois desejos.

Afinal, é para isso que servem as fadas madrinhas. 

 

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Eleanora & VerônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora