la rivincita

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O caminho até a padaria foi carregado com piadas sobre meu relacionamento e uma ruiva elétrica tentando me convencer a contar como eu tivera coragem de finalmente contar ao Henry sobre o que sentia por ele.

—Eu? — falo alto fingindo estar indignada enquanto entro na padaria sendo recebida pelos aromas deliciosamente irreconhecíveis das especiarias usadas nos doces. — Você sabia que ele me queria durante todos esses anos e escondeu isso de mim esse tempo todo garota.

Anna mostra a língua para mim passando pelo balcão no momento em que meu noivo sai da cozinha carregando uma caixa pesada, as mangas da camisa puxadas até os bíceps musculosos, o suor deixando sua pele com um brilho saudável e o abdômen marcado no tecido escuro.

Minha garganta fica seca ao que minha mente me lembra de tudo que tem ali embaixo, dos toques dele, do cheiro... Meu corpo estremece e minhas pernas tremem acompanhando o pulsar entre minhas coxas. Ahhh, agora tudo fazia sentido.

Todos os enjoos, o cansaço, os pesadelos, a dor... Aquilo era loucura, era impossível... Era...

—Bom dia? — pisco encarando os olhos dele sem notar que estava falando comigo. — Mia?

—Oi. — tento sorrir, mas sinto que não passou de uma careta agitada, principalmente pela expressão preocupada em seu rosto.— você está bonito. — mudo de assunto indo até Henry alisando seu peito por cima da camisa azul escura que usava, apenas acalmando um pouco do desejo de jogar ele sobre uma das mesas e subir em cima dele.— Devo ficar com ciúmes?

—De criancinhas e padres? — um sorriso enche os lábios dele e reviro os olhos beijando seu queixo com uma lentidão carinhosa.

Eu só podia estar louca... Depois de tantos traumas meu corpo devia estar me atacando da forma mais cruel possível, e o pior, eu não podia contar a Henry. Ele diria alguma coisa para eu ser forte, mas eu não podia ser forte quando o assunto era esse.

Estou cansada de ser forte sobre isso, apenas quero viver o resto da minha vida com o homem que eu amo. Não quero mais do que já conquistei aqui, eu tenho certeza disso e não preciso de uma gravidez psicológica para me afundar nas minhas dores novamente.

—Acho que estou segura então. — sussurro indo até o balcão escolhendo o que vou comer sentindo meu estômago implorar por torta de abóbora com geleia de framboesa. Sirvo um pedaço em um prato e ergo minha cabeça encontrando dois pares de olhos azuis me encarando de maneira estranha. — O que?

—Você odeia abóbora. — a ruiva me olha desconfiada agora e mordo meu lábio dando de ombros.

— Não odeio não. — murmuro com a minha melhor cara de paisagem indo para a cozinha achar o vinho e as duas taças. — Henry Cavill é bom você não estar mais aqui quando eu sair dessa cozinha.

—Estou indo. — ele responde alto e suspiro sem querer pensar na reação dele quando contar sobre esses novos medos na minha mente.

E se for o que ele quer? E se ele não quiser? A segunda opção me assusta mais do que a primeira sem motivos, não havia como ser real, as pílulas fazem o trabalho delas impedindo que fosse de verdade.

Certo?

—Mia, ta tudo bem ai? — escuto Anna me chamar e resmungo voltando para o balcão com uma taça apenas. — O que aconteceu? Cadê a outra taça?

— Lembrei que não posso beber nada de álcool antes da minha consulta. — minto com metade da verdade depois de entregar a taça dela e pego meu prato indo até o outro lado do balcão me sentando no banquinho alto ali apoiando um cotovelo no balcão. —Alias você vem comigo?

Dolce Pandoro - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora