abril de 2021

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Meus pés fazem o mínimo de barulho possível no carpete da casa, fecho a porta do quarto com um cuidado exagerado soltando um suspiro quando consigo o fazer sem nenhum som que avise sobre minha fuga furtiva da cama. Ando na ponta dos pés até a grande cozinha da minha nova moradia, a cada dia algo novo naquela casa que me fazia sentir mais como se eu finalmente tivesse encontrado meu lar.

Seja nas fotos da infância de Henry, no segundo andar acolhedor como uma pequena biblioteca, ou apenas na grande cama atirada no canto da sala reservada para o Kal. Aquele era o meu lugar. O lugar onde meu filho ia crescer, aprender e ser amado como o pequeno tesouro que ele é.

Minha mão esfrega meu abdômen liso por reflexo quando penso no bebê e volto ao meu plano inicial depois de me distrair. Puxo uma cadeira fazendo careta quando a madeira faz barulho ao se arrastar no piso e respiro fundo parando tudo enquanto escuto com atenção. Silêncio é tudo que me envolve, suspiro aliviada subindo em cima da cadeira e logo depois subo no balcão estendendo os braços até agarrar o pote de biscoitos sobre o armário.

—Te peguei. —solto um gritinho comemorando minha conquista e olho para a cadeira pensando em como vou descer sem causar um grande desastre. Um movimento atrai minha atenção e viro o rosto encontrando braços cruzados sobre um peito musculoso e cheio de pelos, um pouco mais pra cima o queixo tenso debaixo de alguns fios de barba negros e a boca fechada em uma linha reta acompanham os olhos azuis ferozes.

Ferrou. Fodeu. Tomei no...

—Vou dar cinco segundos para você me explicar isso! — a voz de Henry não passa de um grunhido grosso e urgente.

Um grunhido sexy e totalmente enlouquecedor.

—Eu...eu...— engulo em seco quando ele se aproxima e sinto minhas bochechas pegando fogo por causa do nervosismo. — O bebê queria biscoito. — falo com a voz bem baixa olhando o pote de biscoitos nas minhas mãos. — E você guardou muito no alto... Então a culpa é toda sua sabe, você me engravidou e então tem que deixar as coisas ao meu alcan...

—Você está grávida de no máximo três meses Amélia, não deve ter desejos por pelo menos mais um mês. Eu não vou cair nessa. — ele para na minha frente, tão perto que os braços podem tocar na barra da camisa dele que eu usava como camisola.— E os biscoitos estão ai em cima porque esses são os reservas, você comeu todos os outros?

—O que você espera se tudo que você me deixa fazer nessa casa é comer? — pergunto de forma ríspida me virando de costas para ele não ver como meu rosto ficou mais vermelho ainda, agora pela vergonha. Eu estava comendo demais? Passei dos limites?

—Você deve permanecer de repouso até a próxima consulta farfalla. — as mãos fortes seguram minha cintura, afastando com ajuda da voz carinhosa dele as lembranças que se arrastam pelos cantos da minha mente. — E não, você não esta comendo demais, não, eu não estou chateado ou irritado ou até mesmo frustado com suas ações.

—Eu não disse nada. — sussurro ainda sem me virar guardando o pote de volta no lugar, a vontade de comer sendo escondida pelo desconforto.

—Mas pensou, eu conheço a mulher que amo. — as mãos fazem meu corpo virar e Henry pousa o queixo sobre o vale entre meus seios me forçando a encarar seus olhos. — Pegue os biscoitos Mia, eu vou fazer mais depois.

—Perdi a fome. — murmuro mordendo meu lábio nervosa com as reações que a proximidade dele causa no meu corpo cheio de hormônios da gravidez. — Me ajuda a descer? Quero voltar para a cama.

Henry apenas concorda se aproximando um pouco, as mãos se arrastando para baixo nas minhas coxas causando arrepios por todo o caminho até onde ele não toca a quase três semanas. Nego com a cabeça afastando ele fazendo uma careta para sua expressão confusa, e esfrego minhas bochechas quentes ficando cada vez mais irritada com meu corpo, com Henry, com tudo.

Dolce Pandoro - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora