Dolce Pandoro

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〰️〰️〰️〰️ Henry Cavill 〰️〰️〰️〰️

♥️♥️♥️

Minha mente ainda está presa a três horas, na médica me expulsando da sala de parto assim que o choro do bebê tinha enchido o ambiente e minha Amélia dava um último suspiro, a mão se soltando da minha de forma lenta e desesperadora.

Ela não tinha gritado comigo como eu esperava, não tinha ao menos reclamado da dor, tudo que fez foi deitar lá e sorrir enquanto as contrações vinham, apertando minha mão com as unhas como se eu pudesse sumir. E tudo que eu podia fazer era dizer como ela estava indo bem, como ela era forte, e linda, e o quanto eu a amava.

Eu não pude fazer nada mais.

-Henry...- Anna me chama, mas meus olhos não se desviam da porta do corredor do centro cirúrgico, eles vão trazer ela para fora daqui a pouco, eu sei que vão. - Você precisa trocar de roupas querido.

Eu ainda vestia a roupa de coloração azul desbotada que me fizeram colocar para a acompanhar, as luvas apertam meus punhos me lembrando que são pequenas demais para meus dedos.

-Estou bem. - minha voz se arrasta pela minha garganta como se não quisesse sair até que minha garota esteja nos meus braços novamente.

Ela precisa voltar para mim.

- Querido, serão só alguns minutos, você pode usar o banheiro do corredor! - ela passa uma mão por meu braço enquanto deixa uma mochila aos meus pés. - A família está toda na sala de espera, sua mãe pediu para você ir para lá, para a gente esperar juntos.

- Vou ficar aqui até eles trazerem a Mia, não vou deixar ela. - respondo sem mover meu rosto, ou qualquer parte do meu corpo, todos os músculos tensos pela espera. - Diga a todos para voltar para casa, que descansem, quando ela e o bebê estiverem em um quarto eu te aviso.

-Henry... - a voz da minha irmã é sofrida e isso me obriga a olhar para o rosto dela.

-Por favor Anna, não posso lidar com todo mundo agora, não posso sair daqui. Se eu sair e algo der errado, se a Mia não... - minha garganta se fecha e preciso respirar fundo para continuar. - Por favor.

-Eu vou. - ela se levanta tocando minha mão com os dedos trêmulos. - Mas voltarei em uma hora, e se você ainda estiver vestindo isso aí, vou contar a Mia quando ela voltar e ela vai te proibir de ficar aqui.

Ela parece tão certa disso, e meu coração se aperta mais fechado ao lembrar do rosto pálido quando Amélia desmaiou, do apito dos aparelhos de maneira louca, dos sangue nas mãos da doutora enquanto ela gritava para me tirarem da sala.

Eu nunca esqueceria aquilo.

Anna vai embora e volto a ficar sozinho com meus pensamentos, puxo as luvas das minhas mãos e minha aliança brilha contra a luz forte do corredor, uma lembrança do que era pra ser o dia mais feliz da minha vida, nos casamos, nosso bebê nasceu.

Que tipo de piada mórbida o destino estava fazendo comigo? Me dar tudo que eu sempre quis para tirar horas depois.

Nego com a cabeça, Amélia não estava me deixando, ela odiaria saber que estou pensando esse tipo de coisa, posso ouvir a voz dela na minha cabeça gritando um "Henry William eu juro que vou dar na tua cara se você não trocar de roupas!". Era ela quem pensava nas coisas ruins, e eu mostrava a ela que tudo ficaria bem, não é agora que vamos mudar as coisas.

Com um último olhar para as grandes portas brancas eu pego a mochila do chão e parto em direção ao banheiro. Encaro meu reflexo no espelho e suspiro jogando um pouco de água no rosto limpando o rastro de lágrimas que ficou ali, abro a mochila encontrando um par de jeans e uma camiseta de mangas compridas junto com um vestido de Amélia.

Dolce Pandoro - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora