Final

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Corríamos para longe da muralha, enquanto Eren já em sua forma de titã tentava atrair a atenção de Reiner que escalava a grande parede de pedra. Perdi a conta de quantas vezes agradeci aos Deuses por Reiner estar vivo, mas agora eu deveria fazer por onde. Com certeza Zeke também estaria ali, bem como Bertolt.

Zeke, não faça loucuras.

Talvez Reiner já tivesse me visto, e talvez por isso também decidiu abandonar Erwin em cima da muralha. Ele se virou depressa já em seu formato de titã, e correu em nossa direção. O que eu deveria fazer? Deveria me transformar e parar Eren? Deveria me transformar e parar Reiner? Eu já não sabia mais.

Pensar em Jean vendo-me transformar em um verdadeiro monstro, me doía como nada nunca me doeu antes. Não pude suportar imaginar essa hipótese, e decidi que ela não aconteceria. Eu não faria isso com ele; não faria isso conosco.

Por outro lado, se eu permanecesse de braços cruzados, Zeke me mataria; me denunciaria para Marley como guerreira de zona perigosa (era assim que chamavam Kira), e eu certamente morreria logo que pisasse meus pés em meu país novamente. Meu coração me dizia algo e minha mente outra.

De um lado, escolheria minha sentença de morte caso continuasse ali, ao lado dos demônios de Paradis; do outro, escolheria minha eterna condenação mesmo em vida, por ter abandonado quem meu coração dizia ser meu maior amor.

Eu sou livre, livre para escolher! Sim Esther, pena que escolheu errado.

Reiner alcançou-nos em uma fração de segundos, ele realmente era bom controlando seu titã. Ele e Eren se batiam de todas as formas possíveis, e eu sabia que aquilo dependia de suas vidas. Como isso foi acontecer? Como chegamos até aqui?

Jean puxava-me pelo braço em minha frente, tentando afastar-nos o mais rápido possível da luta. Minha mente não conseguia mais lidar com aquilo tudo, eu não podia mais aguentar. Era tanta coisa, era insuportável!

- Esther! – ouvi os gritos de Hange, mas não assimilei o que ela queria que fizéssemos.

Jean foi mais rápido, e nos levou até uma casa quase inteira, pelo menos ainda tinha o telhado. Lá dentro, gigantes armas de fogo e os grandes mísseis que tanto usamos nos treinamentos, tomavam conta do lugar.

- Coloquem isso. Agora! – ele gritou, encaixando alguns em seu equipamento de locomoção. Eu não estava mais funcionando, apenas o obedeci, sem pensar no que aquilo significaria no campo de batalha. Mais tarde eu descobriria que se não a minha morte, significaria minha traição à Marley.

Esse é o preço da liberdade, Esther?

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Quatro Meses

- É, pode até ser. Mas nós dois sabemos que a liberdade não está aqui dentro, muito menos lá fora - Eren disse piscando um olho, mas discordando de alguns pontos de nossa conversa sobre o que era a verdadeira liberdade. Ele era bastante teimoso, e isso me estressava.

- Onde está então, Eren? Não vejo a liberdade andando por aí, com pernas e tudo mais – respondi da forma mais cínica possível. Ele riu.

- Você é engraçada, Esther. Mesmo assim, acho que a verdadeira liberdade está aqui – ele apontou para o meu peito.

Não pude responder, e corei de vergonha ao aceitar que estava certo. Acho que finalmente havia concordado com ele em algo. Sorri, sentindo o findar do calor do sol em meu rosto.

O fim de tarde em Paradis era o mais belo que já havia visto, e todos sabiam que eu amava vê-lo. Por vezes Eren permanecia ali, acompanhando-me na admiração do horizonte infinito. Jean sempre ia comigo, exceto nas vezes em que precisava voltar mais cedo para dar uma geral em seu quarto sempre bagunçado. Armin também aparecia, mas sua paixão verdadeira era a água; ele se divertia nos lagos e rios que passavam próximos aos nossos alojamentos e espaços de treinos.

Drowning (Parte I) - Jean KirsteinOnde histórias criam vida. Descubra agora