Uma noite de Halloween

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Odeio isso, odeio tudo. Odeio esse vestido e odeio meu cabelo. Estou bufando na frente do espelho. Não tenho David para me ajudar e não posso ir até ao seu esconderijo pedir ajuda. Lily não sabe mais o que fazer. Nenhuma de nós entende sobre esses trajes estranhos.

- Só falta fechar essa coisa – ela aponta para o espartilho – Mas você está engraçada. Meio amarrotada.

Reviro os olhos. Acho que colocamos as peças na ordem errada. Dispo-me mais uma vez, tentando lembrar a ordem das peças. Quando termino, Lily passa o vestido sobre minha cabeça e colocamos o espartilho e o casaco longo que vai até meus pés. Finalmente, parece o traje que vesti na Casa dos Gritos. Mas estou suando e meus cabelos estão espetados. Preciso fazer alguma coisa, mas o quê?

- Espere, vou escovar seus cabelos, sente aqui – pede minha prima.

Sento em sua cama, enquanto ela escova meus cabelos, desembaraçando cada nó. É torturante, mas sei que ela conseguira fazer sua mágica. Ela termina de prender meus cabelos e mostra o resultado com seu espelho de mão. Ela fez um coque alto, com tranças laterais e deixou alguns fios soltados na parte da frente. Meu rosto está harmonioso e com uma leve maquiagem. Pareço uma dama dos séculos passados.

- O que achou? – ela pergunta, na expectativa.

- É maravilhoso – abraço Lily com força e ela dá tapas no meu ombro, constrangida.

- Ok, já chega de demonstração de afeto – ela se afasta, mas está sorrindo.

Nós duas descemos para a Sala Comunal e encontramos nossos colegas. Todos estão fantasiados e a sala está com decoração de Halloween, planejada por todos os monitores. Foi muito trabalhoso, mas no final tudo ficou perfeito. Tem abóboras falantes nos cantos da sala, esqueletos dançantes, e a lareira está decorada com teias de aranhas e aranhas de brinquedo. Não quero aranhas de verdade andando pelo castelo. Só de pensar, me arrepio inteira. Há tanta vida no castelo e o clima de festa está no ar. Os fantasmas estão desfilando com bom humor e conversando com os alunos no Salão Principal. Todas as mesas foram retiradas para dar lugar a uma pista de dança. Onde eram as cadeiras dos professores, fizemos um palco, para que uma banda de rock bruxo pudesse tocar. Além de claro, uma mesa para DJ. Nem todos gostam de rock então tivemos que pensar em todos. Mesas redondas estão espalhadas pelos cantos, para que as pessoas possam sentar e fizemos uma grande mesa com comida e bebida, sem álcool. Mas duvido que os alunos mais velhos vão respeitar isso. Provavelmente vão contrabandear uísque de fogo. Estou tão contente que entro no salão e não me lembro de que deveria ter esperado Leon para vir à festa. Acompanho Lily de braços dados e recebemos elogios pelas nossas fantasias. Nick Quase Sem Cabeça diz que estou muito formosa e pede uma dança comigo, não sem antes retirar sua cabeça, como se fosse um chapéu. Vou ter que me lembrar de fugir dele, pois não vou dançar com um fantasma. Logo Lily encontra Lorcan, que está trajando com mago, com vestes caiando até os pés e um cajado. Ele está descalço. Tento não rir, pois ele está muito desengonçado. Apesar de ele não ser baixo, as vestes deixarem ele encolhido. Ele sorri ao nos ver e cora quando chega perto de Lily. Ela não percebe, apenas engancha o braço no dele e diz que vai passear pelo salão. Fico sozinha, observando tudo, não sem antes localizar os monitores que vieram à festa e dar instruções para que a qualquer movimento suspeito, entremos em ação. Eu deveria relaxar, mas não consigo, ainda mais com a aglomeração de estudantes. Uma festa sempre é motivo para baderna. Dou risada internamente, recordando o discurso da diretora Mcgonagall. Estou parecendo ela dizendo que é necessário ter disciplina em qualquer âmbito da vida. Não posso deixar de discordar.

Os minutos vão passando, os casais estão dançando na pista ao som de uma música lenta e estou a procura de Scorpius e Alvo. Eles disseram que viriam apenas para ajudar na monitoria, o que eu agradeço muito. Mas até o momento não os encontro. Estou preocupada com o movimento dos alunos perto da mesa de bebida. Alguém pode por álcool no ponche ou no suco de abóbora...

Scorose - Quase sem quererOnde histórias criam vida. Descubra agora