Um segredo só pode ser revelado pela pessoa que o guarda

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Seguimos as semanas de aula, ansiosos. O baile está bem próximo e não sei o que vou vestir. Lily já escolheu seu traje. Vai vestir um vestido de camponesa da Holanda, com tamancos e vai usar tranças no cabelo. Confesso que queria rir quando a vi trajada desse jeito, mas não quero magoa-la. Agora tenho que correr contra o tempo, pois o baile e no sábado à noite e já estamos na quinta-feira.

Continuo andando apressada, pelos corredores, com a mochila pesando sobre meus ombros. Hoje teve aula de Runas Antigas, Feitiços e Poções. Preciso carregar muito livros e estou começando a me irritar pelo peso constante. Quem sabe eu não faça um feitiço indetectável de extensão na bolsa. Fico pensando nisso e não olho para frente, esbarrando em uma armadura. Ela cai no chão, em um estrondo. Sinto minhas faces arderem de vergonha, mas não vejo ninguém ao redor, a não ser os ocupantes dos quadros reclamando pelo barulho e uma cabeça alta e loira encostada na parede. Droga! Tenho público.

- Você deveria ter mais cuidado, Rose – comenta Scorpius, tentando conter o riso.

Reviro os olhos, e uso minha varinha para reerguer a armadura do chão. Não quero responder ele e nem falar. Estou tentando escapulir do castelo e ir atrás de um vestido em Hogsmeade e estou sem tempo. Passamos a semana todo juntos, Scorpius parece empenhado em ser meu amigo e cumprir suas tarefas. Somente depois da ronda vai levar um pedaço de carne quase crua para seu amigo David e alguns bolinhos de abóbora. É claro que ele não precisa comer nada além da carne, mas David parece fascinado por bolos, de qualquer tipo. Confesso que queria falar mais com ele, mas tentei fazer uma visita essa semana e ele não parecia feliz em me ver. Recusou-se a conversar e desapareceu. O que eu tenho de errado, afinal? Enfim, fazer amizades nunca foi meu forte, sempre faço perguntas incomodas e sou controladora. Não sei como Alvo e Scorpius me aguentam até hoje.

- Aonde você vai? – pergunta ele, caminhando atrás de mim.

Suspiro. Não vou dizer, não vou.

- Vou a Hogsmeade – abro a boca, sem pensar.

- Você sabe que não pode sair do castelo, a não ser nas visitas programadas – comenta ele, indiferente.

Bufo, indignada. Ele quebra as regras quase sempre e eu não posso quebrar uma? Que hipocrisia.

- É uma emergência – explico – O baile vai ser no sábado e eu não tenho uma roupa para vestir.

Ele me encara, curioso.

- Você vai ao baile? – ele parece surpreso. Apenas assinto. Não quero discutir – Não posso acreditar. Vai com quem?

Mordo a bochecha. Eu não disse para ele que estou falando com Leon e nem que vou com ele. Isso é péssimo.

- Ah, sozinha – murmuro. Ele parece acreditar.

- Eu não pensava em ir, mas já que você vai, posso leva-la – ele oferece.

- Ah, não precisa – eu recuso, me sentindo idiota. Como posso ser tão insensível – Mas agradeço. Vou ficar bem, você pode fazer seja lá o quer for fazer no baile. Só não se esqueça da ronda depois.

Ele parece chateado, mas não diz nada. Paramos na frente do retrato da Mulher Gorda. Está me encarando, com intensidade, como se quisesse dizer algo. Está hesitante.

- Se você quiser, eu ajudo você a escapar, para comprar seu vestido – ele diz, por fim.

Eu fico estática. Sinto-me mal também, pois não fui sincera com ele quanto ao baile. Eu deveria dizer que vou com Leon? Ou ir com ele? Eu não sei, realmente.

- Eu adoraria – respondo.

- Bem, vejo você em trinta minutos em frente ao salgueiro – ele sai andando, com os ombros baixos.

Scorose - Quase sem quererOnde histórias criam vida. Descubra agora