Milagres ainda acontecem

◇Capítulo X ◇

"Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar." Josué 1:9

Mia:

- Eu não vou sair enquanto você não me escutar. -Henri diz em um tom de voz mais alto que o normal, "Ô menino teimoso" penso eu.

- Agora não é uma boa hora, eu quero ainda processar em minha mente o que aconteceu hoje. -digo exasperada, indo me sentar no sofá, pois ainda estou me recuperando do acidente e já estava começando a me sentir mal.

- Filha! -minha mãe sai do seu quarto e chega perto de nós assustada. - O que está acontecendo aqui? -dona Juliane olha para nós dois esperando uma explicação.

- Eu só quero que o Henri vá embora.

- Tia, eu preciso falar com ela e prometo que vai ser rápido, aconteceu algo mais cedo e precisamos resolver.

- Filho! Acho melhor deixar ela se acalmar, nada se resolve estando vocês dois estressados, da um tempo pra ela, em outro momento vocês se resolvem.

- Tudo bem. -diz com a cabeça abaixada, então respira fundo e sai.

Eu subo as escadas, corro para o meu quarto e oro ao pé da minha cama chorando e pedindo a Deus sabedoria para me ajudar a tomar uma decisão e resolver esse problema que fui me meter.

-Deus meu, tu me conheces e me sondas, pai me ajuda a tomar decisões sábias, pai o inimigo
tem usado pessoas para me afetar e me abalar, eu preciso de forças pai, peço que o Senhor me
capacite, peço que visite também a vida de Henri, sei que ele não acredita em ti, mas também creio que o Senhor um dia possa fazer morada no coração dele, pai independente da escolha que eu tomar,
que o Senhor conforte meu coração, que o Senhor me dê graças, vitória... orei por mais alguns
minutos, deito na cama e acabo dormindo em meio as lágrimas por algumas horas.

Acordo com meu celular tocando, era a Aline me ligando:

-Alô. Digo
-Oi Mia, tá tudo bem?
-Nem sei te dizer, mas me conta... aconteceu algo?
-Amiga eu tenho uma novidade ou melhor eu tenho uma aventura... Eu tinha me inscrito em um sorteio de intercâmbio voluntário em Vancouver... E eu ganhei e... eu quero que você venha comigo... é um
intercâmbio de seis meses, aonde vamos estudar e trabalhar voluntário, e com esse trabalho a viagem é paga... diz que vai, por favor!

Seria uma boa ideia, era disso que eu precisava, eu teria tempo para decidir qual decisão tomar com o Henri e sendo sincera não quero atrapalhar o namoro dele e nesse tempo eu o evitaria.

-Amiga eu vou. Ouço os gritos de animação de Aline. -E que dia embarcamos?
-Amanhã mesmo.
-O quê? Já?
-Sim.
-Então eu tenho que falar com minha mãe e também organizar a minha mala.
-Ta bom, Até amanhã amiga!
-Até.

Desligo o telefone e fui falar com minha mãe, a princípio ela ficou apreensiva e pensativa, mas ela entendeu que esse intercâmbio seria bom para mim, uma oportunidade que talvez não aparecesse novamente e permitiu que eu fosse, mas tendo cuidado, cautela e sempre a mantendo informada...

Eu decidi não contar para o Henri, aliás eu preciso resfriar minha cabeça e se eu falar para ele, é bem capaz dele querer ir e ele tem dinheiro pra passagem, então eu quero evitar esse problema. Eu janto, tomo um banho e arrumo a minha mala, ajoelho e oro ao redor da minha cama, e logo durmo.

Levanto cedo, como panquecas e escuto alguém bater na porta, era a Aline. Então despeço de minha mãe com um abraço bem apertado e um beijo na testa e lágrimas nos olhos, entro no táxi em direção ao aeroporto. Chegamos no aeroporto e fizemos o check-in e todo o processo correto de viagem, passa alguns minutos e embarcamos no avião, durante a viajem eu e a Aline fizemos muitos planos e escutamos músicas. Saímos do avião e fomos de taxi nos hospedar em uma Homestay (casa de uma família que hospeda estudantes intercambistas). A família que nos hospedaram era um casal de idosos amorosos, eles eram cristão como nós e nos receberam muito bem, seus nomes eram senhor Peter e senhora Lívia, eles eram boas pessoas e cuidou de nós como filhas, nos passaram experiências e aprendizados para a vida.

Meses depois...

Fazer intercâmbio em Vancouver tem sido a melhor experiência que eu já tive, durante os dias que não tínhamos aulas e trabalho, eu e Aline visitamos pontos turísticos, como museu, galerias de artes, parques... e fomos a uma igreja próxima  de onde a gente se hospedava todos os domingos acompanhando o senhor Peter e a senhora Lívia. Falávamos com Bler e Stella por vídeo chamada e claro que também falávamos todos os dias com nossas mães. Eu trabalhava em cafeterias e a Aline em Lan house e assim foi até o final do intercâmbio. O colégio que nos recebeu tinha muitos estrangeiros e intercambistas também e fizemos muitas amizades por lá, a rotina exigiu que nos esforça-se muito, então ficamos bem focadas nos estudos.

Durante os meses que estou aqui o Henri não me ligou e eu já tomei minha decisão que foi conversado e aconselhado por minha mãe. Há uma semana atrás, mamãe recebeu uma proposta de transferência do seu trabalho para uma cidade vizinha (Ottawa) ela trabalhava como enfermeira de plantão em um hospital muito conhecido e essa notícia me pegou totalmente de surpresa, no entanto eu não serei transferida de cidade, então para não ficar sozinha em casa eu irei me mudar para um colégio que possui aulas em período integral com preparação para a faculdade, lá possui dormitórios aonde dividimos o quarto com outras colegas. Assim que eu terminar o intercâmbio arrumaria minhas malas e me organizaria no dormitório do colégio. A Aline ficou meio triste, mas expliquei que sempre daria um jeito de marcar passeios e sempre estaríamos em contato, minha mãe também combinou que aos fins de semana eu ficaria com ela na outra cidade. Essa seria minha última semana do intercâmbio e a saudade estava muita.

Depois de meses de experiência, hoje eu e a Aline estamos voltando para casa, seis meses de muita diversão e aprendizado. Eu e a Aline nos despedimos do senhor Peter e da senhora Lívia a quem tinhamos nos apegados e que cuidaram de nós como filhas, fomos ao aeroporto e embarcamos no avião e eu acabei dormindo durante toda a viagem, acordo horas depois com a aeromoça dizendo que chegamos em Montreal, ao chegar na entrada do aeroporto vejo a minha mãe acenando para mim com os olhos cheios de lágrimas.

- Filha, que saudade de você. -ela corre ao meu encontro e me abraça.

- Também estava com saudades mãe. digo com os olhos marejados.

Me despeço de Aline e vou para casa com a minha mãe. Dona Juliane e eu decidimos passar o dia juntas, quase não fazemos esse momentos por causa do seu trabalho pegar a maior parte de seu tempo, fizemos um pequeno cinema, depois brincamos de karaokê, comemos pipoca e fizemos um devocional...

- Mãe... quando a senhora esta se programando para mudar? -pergunto deitada em seu ombro no sofá de casa.

- Daqui dois dias filha, só estava te esperando chegar do intercâmbio e te ajudar a arrumar as malas e ser transferida para o novo colégio. -sorri e acaricia meu cabelo.

- Okay.

Jantamos, tomei meu banho e fui dormir. Acordo bem cedo no outro dia, ajoelho e oro, arrumo a cama e tomo um banho, como panquecas e decido ir caminhar no parque. Hoje está quente então coloco uma blusa soltinha, uma bermuda e um tênis. Chego no parque dou muitas voltas, até que decido ir embora, pois hoje eu quero fazer um almoço especial para a minha mãe. Caminho com fones no ouvido, coloco a música Éfesios 6 no volume máximo e ando de cabeça abaixada, quando estou virando a esquina esbarro com um garoto, quando vejo...

- Mil desculpas! -digo e então a pessoa se levanta e olha para mim. Não pode ser...

Continuação no próximo capítulo 😉

Mais um capítulo prontinho!!!
O que acharam da decisão de Mia??
Espero que gostem e não deixe de votar e comentar. ❤️❤️