Em Busca de Faith

Capítulo Quatro

Eu nunca tinha notado como eu podia ser parecida com alguém, eu passei boa parte da minha vida me olhando no espelho e me perguntando se minha mãe teria os cabelos ruivos ou se eram do meu pai. Agora eu sabia.

- Eu era muito magra até os meus doze anos. Quando fiquei com um 1.70 de altura, meus seios ficarem maior. - Ele franziu a testa. - Não posso dizer que tenham crescido muito... Mas o suficiente para notarem, dois anos depois eu tive as regras, todos os meses depois disso lá estava ela. - Eu o olhei e seu rosto estava tomado por um tom vermelho. Eu ri. - Me desculpe.

- Claire chamava isso de puberdade. - Eu assenti.

- Bem, durante todo esse tempo teve a fase das espinhas. O meu cabelo era tão rebelde que eu sentia vontade de chorar. Eu era particularmente rebelde. E quando se tem quatorze e se é maior que a maioria dos garotos, você meio que pode assustar um pouco as pessoas, mas depois você se acostuma.

- Eu passei alguns meses em um mosteiro antes de conhecer Claire. - Eu ri imaginando ele raspando a parte de cima do cabelo e usando aquelas roupas.

- Parece uma ideia improvável. Como você foi parar lá? - Perguntei.

- É uma longa história. - Ele fez uma pausa. - Então, você... - Ele engoliu em seco e depois pigarreou. - já se apaixonou? - Senti meu rosto começando a esquentar.

- Na verdade, eu e um padre... - Ele arregalou os olhos e eu comecei a rir alto. - Desculpe, mas eu tinha que fazer isso. Mon Dieu homem, eu era uma noviça.

- Ser noviça não quer dizer que não possa se apaixonar.

- Verdade, eu mesma já vi isso acontecer. Algumas vezes, amores proibidos, mas é muito difícil você ver isso acontecer com uma noviça. Não improvável.

Ficamos um longo tempo conversando. Eu não liguei para o fato de que não tinha tomado café da manhã até que a sra. Murray apareceu para chamar Jamie para almoçar.

- Acho melhor, entrarmos. - Ele sorriu. Nós dois ainda estávamos sem jeito um com o outro. Então andamos pelo caminho e ele parou na porta, me olhando e não avaliando como a sra. Murray fez antes. Como se guardasse na memória, como se eu fosse sumir, talvez ele estivesse tentando me comparar com alguém. - Eu estou vinte anos atrasado, Claire... Sua mãe se foi e eu não tenho mais ninguém, minha irmã tem a própria família, a maioria dos meus sobrinhos já estão casados e tem alguns filhos. Eu sei que é tarde, que você cresceu, mas eu quero pedir para que eu possa ser sua família. Eu quero poder ser o seu pai. - Ele pigarreou. As lágrimas desciam por meu rosto.

Eu não sabia o que dizer, na verdade qualquer coisa que saísse da minha boca não seriam palavras. Nós ficamos parados no meio do caminho, a mulher pequena e várias outras pessoas olhando pela janela.

- Sr. Fraser...

- Jamie, por favor. - Assenti.

- Jamie, não é muito apropriado, mas eu poderia... Le visser - Dane-se. Disse e o abracei. - Merci, du fond du cœur, merci. - Obrigada, do fundo do meu coração, obrigada. Ele me abraçou tão forte e apertado, era um abraço totalmente paternal, o tipo de abraço que era tímido e cheio de carinho. O tipo de abraço que eu nunca tinha recebido.

- Sua mãe amava tanto você. - Ele sussurrou. - Ela ficou arrasada e se estivesse aqui ela... - Então ele me abraçou ainda mais forte, a voz dele abafada pelo meu cabelo. E eu fiquei ali, abraçando e sendo abraçada por meu pai. As crianças no orfanato ficariam com tanta inveja e com esse pensamento extremamente egoísta eu comecei a rir. - Por que está rindo?

- Eu queria que as crianças do orfanato estivessem aqui. Eu queria poder dar um lar para elas, mas sei que não posso. São muitas...

- Eu não posso dar um lar para todas elas, mas posso dar um lar para você. E para aqueles seus dois amigos que estão chorando na janela. - Olhei para lá, os cabelos brilhantes e louros de Marie estavam onde ele disse e Julian segurava sua mão.