Capítulo Cinco

95 13 4
                                    

Jamie me levou até o topo da colina, onde teriamos uma visão de boa parte da propriedade. Nós não falamos mais nada depois do que aconteceu e eu me senti muito grata por isso, me senti acolhida também. Mas sabia que em algum momento ele faria perguntas, talvez ele estivesse apenas esperando o momento certo.

A mansão de pedra se destacava na paisagem, e fiquei me perguntando como seria ter aquele lugar como um lar. Eu via as pessoas lá embaixo, as crianças haviam voltado para suas brincadeiras, Cam se destacava entre eles, brincando e correndo. Bem, se eu não tinha certeza do fato de ele ser um crianção, agora eu tinha.

ー Ele é um bom rapaz. ー Eu o olhei sem entender. ー Cam, eu conheço o pai dele e ele é um bom amigo de Michael. Ele está sempre indo e voltando com cartas para Jenny. ー Ele fez uma longa pausa, me encarou por alguns segundos e voltar a encarar o rapaz. ー Vocês pareciam bem próximos no almoço.

ー Eu não o conheço muito. Mas ele se tornou um amigo e é só isso.

ー Claro. ー Nós fizemos mais uma pausa. Ele apontou para o moinho e me mostrou as coisas mais importantes por ali. Me contando as histórias, as vezes em que Claire e ele andaram por ali, como foi o casamento. ー Ela não queria se casar, dava pra ver isso nos olhos dela, ela parecia estar com medo eu acho.

ー Ela podia estar só nervosa.

ー Ela já tinha sido casada antes e o amava. Ela o tinha perdido fazia pouco tempo, não queria se casar com alguém que acabou de conhecer, não queria se casar. Mas era perigoso, sabe. 

ー Quanto tempo? ー Perguntei.

ー Umas seis semanas. Mas nos dávamos bem, o começo foi um pouco complicado. - Ele começou a contar, ele me disse sobre ela querer voltar para casa e para a família dela, bem, era isso que ela dizia.

ー Você era apaixonado por ela? - Perguntei, ele sorriu assentindo. - Acho que dá pra perceber, pela forma como fala dela, como se machucasse não estar com ela, mas ainda tem um brilho. - Ela amava você?

ー Bem, ela disse que sim. - Ele respondeu rindo. - Acho que foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Deixá-la ir. Mas era para o bem dela...

ー Então ela não morreu. - Falei, meus olhos brilhando em expectativa, talvez eu conseguisse me comunicar com ela.

ー Ela se foi. Não vai mais voltar e não tem como ir atrás dela. ー Eu assenti, tinha mais coisa nessa história do que ele queria contar e eu não o questionaria sobre isso, tá bem, não ainda. - Vamos voltar. ー Ele disse levantando do chão em que estávamos sentados.

ー Eu gostaria de ficar. Mais um pouco. Não por muito tempo, mas você pode ir, sei que deve ter muita coisa a fazer. ー Ele assentiu e mostrou o caminho que eu podia voltar quando quisesse, como se eu não pudesse ver a enorme casa na parte de baixo da colina.

{.<>.}

Fiquei sentada na colina olhando as crianças correrem, eram meus primos e as crianças da vila, eles corriam para todos os lados, eu podia ver o homem grande que corria com as outras crianças, ele era mesmo uma criança.

Vê-lo assim fez meu coração doer, não muito só um pouquinho, mas ver as crianças me fez lembrar do que eu perdi, do que eu nunca vou ter. Minha própria família, então o que me restava era isso, observar as outras famílias, ver como elas eram e se amavam. Eu cresci sem uma e estava condenada a passar o resto da vida sem.

O homem que brincava com as crianças desapareceu derrepente. Cam deve ter entrado na casa, mas a figura do homem subindo a colina me fez ter certeza de que ele não tinha entrado na casa. Ele acenou na minha direção, ele estava sorrindo, claro que estava sorrindo, com o vislumbre de minha perturbação. Ele deve adorar fazer isso.

Em Busca de FaithOnde histórias criam vida. Descubra agora