Capítulo Sete

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20 de Junho de 1762

Cara Srta. Fraser,

É tão empolgante escrever para a senhorita, não tão empolgante quanto estar ai para ver você corar de raiva quando eu a chamo de ruivinha. Em nome de nossa amizade, uma amizade que só existe por sua insistência, eu estou lhe escrevendo. Mas espero que me responda o quanto antes, não seria uma troca de correspondência se a senhorita nunca me responder.
Como vão as coisas com sua nova família? Sei que não deve ser fácil, na verdade em nenhuma família é fácil, as pessoas são diferentes cada família tem uma característica diferente. A minha é cheia de gente, são cinco irmãos, John o mais velho, Amélia e Emily as gêmeas, Eu e então vem a caçula, Layla. Amélia e Emily são casadas e moram em Londres, elas detestam vir à Escócia, John não poderia ir embora já que é o filho sorteado ao prêmio de ficar com todas as responsabilidades quando papai se for. Ele tem uma linda esposa, que não foi ele que escolheu, mas suas filhas são lindas. Eu, Cam Albert Smith, sou viajante e não posso ficar em casa por muito tempo, se não meu pai vai acabar escolhendo uma esposa para mim. E minha irmã mais nova, bem, papai jamais ousaria escolher seu marido, ela tem o espírito livre demais para se deixar casar com uma pessoa que não ame
(...)
Não irei importuná-la mais com minhas divagações.

Amigavelmente, Sr, Cam Smith.

Ter uma família é uma coisa tão inesperada que eu fico assustada. Jamie e eu conversamos, mas tem algo que é como se nós estivéssemos escondendo algo. Não contando, ele me fala sobre sua vida com Claire e eu falo sobre a minha vida. Talvez com o tempo nós conseguíssemos quebrar essa barreira.

Segui as crianças, o jovem Ian estava ao meu lado falando com Julian sobre cavalos. Nos últimos dias eles têm ficado bem amigos, mesmo com a diferença de idade. A pessoa que eu mais tinha alguma intimidade na casa era Marie, é claro, e Maggie. Porém eu me sentia traída, elas se juntavam contra mim e conversavam sobre as cartas, cartas essas que elas não deveriam ler.

ー Faith, você realmente deveria nos deixar ler aquelas cartas. ー Disse Marie.

ー Jamais, eu lhe disse isso, não vou deixá-la ler. ー Disse ajeitando o chapéu.

ー Ele escreveu algo sobre beijos? Fez alguma poesia? ー Maggie perguntou.

ー Ele não está me cortejando. ー Murmurei sentindo minhas bochechas enrubescer. ー E não, ele não escreveu sobre beijos e nem poesias.

ー Que pena, ele poderia ter escrito sobre beijos a luz do luar, seria tão romântico...

ー Não é para ser romântico, ele não está me cortejando.

ー Você diz isso, mas quanto menos esperar lá vai estar ele de joelhos e dizendo que está apaixonado por você.

ー Oh, Faith, não posso passar mais um dia sem você. Case comigo, eu já falei com seu pai... ー Parei de ouvir.

Eu poderia imaginá-lo ajoelhado no chão, mas não me pedindo em casamento, e sim colhendo flores para o meu estudo de desenho, que precisava muito ser aperfeiçoado, a cabeleira negra caindo sobre o rosto e o sol batendo em seu rosto deixando seus olhos ainda mais verdes e lindos.

ー O dia está realmente quente. ー Falou uma das crianças que tinham se juntado a nós. ー Nós vamos poder nadar?

ー Acho que sim. ー Respondeu Maggie. ー Você pode pelo menos nos dizer um pouco sobre o conteúdo da carta.

ー Oui, s'il te plaît. ー Sim, por favor. Acredito que seja nesse momento em que eu me arrependia da rapidez que Marie aprende, quando contei a ela sobre as cartas ela ficou toda animada,

Em Busca de FaithOnde histórias criam vida. Descubra agora