Capítulo Onze

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Papa nos conduziu até a capela, nós passávamos conversando com as pessoas. Estavam todas ansiosas com o casamento, em algum momento Maggie parou para conversar com o mesmo rapaz do jantar, Marie ficou com ela e eu com papa. O rapaz com quem ela estava conversando não era nem um pouco feio, mas eu não havia notado até então, na verdade nem o havia notado muito. Eles pareciam muito entretidos na conversa, Marie olhou para mim por alguns segundos e eu pisquei para ela. Ela deu uma risadinha e então fez um movimento que dizia que diria tudo depois.

Parei em frente a igreja quando ouço, uma voz baixa e contida, a voz conhecida me fez sorrir mais do que eu deveria. Fez com que eu quisesse me virar e me jogar nos braços dele.

ー Olá, ruivinha. ー O tom grave fez meu corpo arrepiar, ele não deveria falar comigo e era bem capaz de ter uma multidão de jovens damas atrás dele agora.

ー Olá, milorde. ー Disse me virando e fazendo uma pequena reverência. Cam segurou minha mão e deu um beijo casto em meus dedos.  Seus olhos verdes me pareciam ainda mais brilhante do que na noite anterior, mais brilhante do que qualquer momento antes disso, os casamentos eram sempre feitos pela manhã e em seus olhos tinham pequenas olheiras que o deixavam ainda mais bonito.

ー Espero que guarde uma dança para mim, mais tarde. ー A verdade era que eu não sabia dançar, e eu poderia ver que ele sabia disso.

ー Não sei dançar, milorde. ー Respondi. ー Mas espero que isso não o impeça de dançar com as outras jovens. ー Mas seu olhar já dizia tudo, ele não queria dançar com as outras jovens, ele queria dançar comigo e apenas comigo.

Cam sorriu, o sorriso de lado que me fazia sentir pequenas borboletas passeando por meu estômago.  Eu quase podia sentir sua mão passeando por minhas costas e sua mão presa nos cachos de minha cabeça, eu poderia jurar que adoraria rodopiar com ele ao meu lado em um salão de baile, e principalmente adoraria passar momentos pintando com ele, ver como seria poder sujá-lo de tinta. Como seria correr com ele pelo campo e comer com ele, passar os dias ao seu lado...

Parei meus pensamentos, me repreendendo por eles terem ido tão longe, repreendendo Cam com o olhar por ele me fazer pensar sobre uma vida juntos. Não era o que eu queria e era por isso que papa parecia sempre tão relaxado quando eu estava com Cam, ele sabia que um relacionamento entre nós dois não iria adiante.

Nós nos separamos para irmos até nossos lugares ele lá na frente e nós atrás, Cam estava parado ao lado do noivo e ele dizia algo para ele, o noivo parecia tão nervoso que o comentário de Cam o fez ficar mais relaxado. Uma das características dele, uma boa característica.

Eu não consegui prestar muita atenção na cerimônia, eu mantinha meu olhar na direção dos noivos, mas não neles, eu olhava para Cam, os cabelos bem presos na nuca, o rosto bonito olhando para a irmã mais nova, os lábios curvados em um sorriso.

Algumas horas depois, talvez fosse apenas uma hora, quando a cerimônia estava enfim terminada e estávamos todos do lado de fora da igreja, observando os noivos entrarem em uma carruagem e ir na direção da casa, que não era muito longe dali, na verdade ela era perto o suficiente para que os convidados chegassem em menos de dez minutos andando, mas era uma caminhada tranquila no chão de pedras.

Enquanto eu via todos andarem a minha frente e eu começava a ficar para trás absorta em meus pensamentos, senti uma mão em minhas costas, o calor da palma tocando minhas costas fazendo meu corpo se arrepiar, continuei andando como se nada estivesse acontecendo, mas a mão continuou ali, quente e reconfortante.

ー Ruivinha, ー A voz de Cam chegou aos meus ouvidos rouca e baixa. ー você tem um cheiro muito bom.

ー Deve ser as flores, o que me vem a perguntar, estamos no meio do outono, como vocês tem flores?

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