Blaze of Glory

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    Adrien encarava fixamente o relógio na parede, se perguntando se ele estava ou não funcionando. Era a quinta vez que o olhava e parecia que ele estava completamente parado, então para tirar a dúvida, olhou discretamente as horas em seu celular e não pode esconder o desânimo ao constatar que o relógio estava funcionado perfeitamente.

   Estava no escritório de seu pai, em sua casa, enquanto o mesmo falava sem parar sobre a parte administrativa da empresa ou algo assim. Adrien não podia dizer ao certo, uma vez que havia parado de prestar a atenção nos primeiros cinco minutos de conversa.

  Adrien não dava a mínima para isso. Essa era a verdade.

  E no começo do ano, tinha tentado dizer ao seu pai que não tinha interesse em seguir com uma carreira no mundo da moda. Gabriel, surpreendentemente, reagiu bem a isso e parou de exigir que Adrien fosse seu modelo. Infelizmente, o garoto não havia especificado que não pretendia trabalhar nem com moda, nem em qualquer outra área da empresa. Isso resultou em Gabriel o enchendo com questões administrativas que fazia Adrien ter vontade de jogar tudo pela janela e fingir que nunca existiu.

  Sabia que um dia teria que falar isso para seu pai, mas era uma briga que não estava a fim de comprar. Pelo menos, não no momento.

  Já sabia o que queria fazer e não deixaria isso de lado para seguir o caminho que seu pai havia trilhado para ele. Tinha noção de que o caminho escolhido por Gabriel já estava ganho, mas ainda assim queria ter a chance de fazer as coisas por si só e saber que suas conquistas seriam méritos apenas seu.

  – ... você concorda? – ouviu a voz de seu pai e voltou seu olhar para o mais velho.

  – Claro. Faz todo sentido. – respondeu dando de ombros e sem muito interesse. Gabriel desviou os olhos do computador e olhou para o filho com seriedade.

  – Por que você pensa assim?

  Adrien engoliu em seco. Não estava prestando nenhuma a atenção no que seu pai estava falando e, pela nova postura adotada por Gabriel, Adrien percebeu que seu pai sabia disso.

   – Porque... eu acho que é uma opção viável. – tentou escolher bem as palavras, mas sabia que nada que dissesse o salvaria agora.

  Ambos ficaram em silêncio, olhando-se sem desviar o olhar. Adrien se preparava mentalmente para ouvir o monólogo de seu pai sobre como as relações financeiras e administrativas eram um assunto muito sério e deveria ser tratadado com toda atenção do mundo.

  Adrien concordava com isso, só achava que não era a pessoa certa para isso.

  – Adrien, isso não é uma brincadeira. Você tem que levar isso a sério. Não é o que você queria? – Gabriel questionou e o garoto se segurou para não revirar os olhos diante da pergunta.

  Não, não era isso que ele queria. Nunca foi isso que ele quis e seu pai nunca se deu o trabalho de perguntar.

  – Pai, eu acho... – Adrien começou, mas se interrompeu, perguntando-se se realmente queria ter aquela conversa com seu pai agora.

  Sabia que a faculdade e que queria fazer traria orgulho para muitos pais, mas Gabriel era diferente. Muito mais difícil de se agradar. E não estava com vontade nem disposição para a briga inevitável que viria quando ele anunciasse que não tinha nenhum interesse em trabalhar na empresa de seu pai. Nem como modelo, nem como qualquer outro cargo.

  – Estou ouvindo. – pelo tom de voz de Gabriel, Adrien já soube que ele estava pronto para uma briga. Por isso, o garoto apenas suspirou.

  – Eu estou com dor de cabeça. Não acho que estou bem para esse assuntos agora.

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