One Way Or Another

233 19 4
                                    

  Quando chegou em sua casa, Adrien foi direto para o escritório do pai. Não sabia o motivo, mas Nathalie havia lhe mandado uma mensagem dizendo que Gabriel queria falar com ele. Imaginou que talvez seu pai finalmente fosse parar com a birra e propor um "cessar fogo".

  Ao entrar no local, para o estranhamento de Adrien, Gabriel não estava lá como de costume. O garoto olhou para fora e buscou seu pai com os olhos, mas não o encontrou. Supôs, então, que ele provavelmente estava em algum outro lugar da casa.

  A atenção de Adrien foi para o grande quadro de Emilie, que ficava atrás da mesa de Gabriel. Adrien perdeu alguns segundos olhando para a pintura de sua mãe. Faziam cinco anos que ela havia partido, mas nunca parou de sentir sua falta. Nem um dia sequer. As vezes, Adrien se perguntava o que sua mãe pensaria dele agora, com dezoito anos. Gostava de pensar que ela sentiria orgulho dele, mas havia uma parte sua, uma pequena parte que Adrien não gostava de dar ouvidos, pensava que talvez ela o visse da mesma forma que Gabriel o via.

  E tinha um motivo para pensar assim. Lembrava-se de sua mãe como uma mulher doce e carinhosa, ela sempre estava lá e sempre tinha tempo para ele. Depois que ela morreu, Adrien manteve essas lembranças e se recusava a pensar em qualquer coisa sobre Emilie que não fosse exatamente isso. No entanto, depois de um tempo e conforme Adrien foi amadurecendo, essa imagem de "mãe perfeita" que Emilie tinha em sua cabeça sofreu uma rachadura.

  Desde muito pequeno Adrien fora privado de contato com o "mundo exterior". Quando criança, ele não frequentava a escola e as poucas pessoas com quem tinha contato era sua família e Chloe. Isso sempre o incomodou, sempre questionou seus pais sobre o motivo de não poder fazer coisas simples como ir a escola ou fazer novos amigos e sempre ouvira como resposta um vago "É melhor assim". Adrien sempre achou que o grande culpado por isso era Grabriel, mas depois de um tempo, percebeu que seu pai não levava toda a culpa.

  Emlie jamais questionou qualquer atitude superprotora de Gabriel e jamais saia em defesa de Adrien, mesmo sabendo o quanto a falta de contato com o mundo fora da Mansão Agreste o incomodava e o deixava infeliz. Lembrava-se perfeitamente que quando a pergunta era feita para ela, Emilie o abraçava e sorria com carinho, dizendo que ela era tudo o que ele precisava.

  Pensar nisso fazia Adrien se questionar se sua mãe era realmente a pessoa boa e amável que ele se lembrava. Sentia-se horrível por pensar assim, mas não podia evitar. Era mais forte que ele.

  – Adrien.

  A voz de Gabriel o tirou de seus pensamentos. Adrien encontrou-se diante a grande pintura de Emilie e se perguntou quando foi que, em meio aos seus devaneios, havia andado até lá. Então virou-se para seu pai, que estava com seu rosto livre de qualquer expressão, como de costume.

  – O que está fazendo aí? – Gabriel perguntou e Adrien notou uma coisa a mais em sua voz. Não conseguiu identificar o que, mas era algo como receio.

  – Só estou... pensando sobre ela. – respondeu Adrien, voltando a olhar para a pintura. Sentiu o coração apertar ao olhar para os olhos verdes, exatamente como os seus, de Emilie na pintura. Apesar de todos os seus receios e pensamentos enfadonhos, Emlie ainda era sua mãe e Adrien ainda a amava – Sinto falta dela.

  Assustou-se ao sentir a mão de Gabriel em seu ombro de um jeito que, imaginava Adrien, talvez fosse o mais próximo de acolhedor que Gabriel conseguia chegar. Adrien voltou seus olhos para seu pai, que por sua vez, tinha a atenção voltada a pintura.

  – Um dia você vai vê-la novamente.

  As palavras de Gabriel faz com que Adrien olhasse para ele com uma sobrancelha arqueada. Não imaginava que seu pai tinha esse conceito de "vida pós a morte" onde todos se reencontravam em algum momento. No entanto, não pode deixar de achar essa frase um tanto mórbida.

I wanna know you Onde histórias criam vida. Descubra agora