Friends

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- Então... vocês ficaram aqui, assistindo série... a noite toda? - questionou Alya, deitada preguiçosamente na cama de Marinette.

- Isso aí. - respondeu a garota, com um dar de ombros, sem olhar para a amiga, uma vez que sua atenção estava voltada para o caderno onde desenhava o vestido da festa de aniversário de nove anos de Manon.

Marinette ouviu Alya forçar uma tosse, uma coisa calculada para fazer com que Marinette a olhasse. A garota apenas revirou os olhos, se recusando a olhar para sua amiga. Sabia perfeitamente a expressão que encontraria em seu rosto e realmente não queria ter aquela conversa agora.

Na verdade, se dependesse dela, nunca teriam essa conversa.

Alya sentou-se na cama e, vendo que não seria tão fácil ganhar a atenção de Marinette, apelou para sua arma secreta.

- Um tanto romântico, não acha? - a garota perguntou como quem não quer nada.

Esperava que Marinette ficasse vermelha e irritada, que olhasse para ela brava e lhe desse uma bronca e dissesse "Chat Noir é apenas meu amigo e parceiro". Ao invés disso, no entanto, Marinette apenas gargalhou e balançou a cabeça negativa, dizendo ainda sem a olhar:

- Claro... se você considerar uma série como Game of Thrones uma série romântica. - Marinette fez uma careta involuntária ao se lembrar da cena clássica de Daenarys comendo um coração de cavalo. Com certeza essa série não tinha nada de "romântico".

- Não se faça de boba, Mari. Sabe muito bem o que eu quis dizer.

Sim, Marinette sabia o que Alya queria dizer.

Desde que seu relacionamento com Luka havia chegado ao fim, Alya não perdia uma oportunidade de lhe dizer como ela e Chat Noir formariam um casal bonito. Sempre dizendo que, agora que Marinette não pensava nem em Adrien ou Luka, não seria uma ideia ruim finalmente dar uma chance ao herói que sempre fora apaixonado por ela.

Marinette, no entanto, sempre a repreendida. Tinha Chat Noir como um amigo, apenas. Não daria uma chance a ele só por estar sozinha. Isso não parecia certo.

Além disso, fazia um bom tempo que ele havia superado essa paixão que tinha por Ladybug.

- Chat Noir e eu nunca vai acontecer, Alya. - Marinette disse, finalmente olhando para a amiga. - Somos amigos, só isso. Nunca vai passar disso.

- Nunca diga nunca. - Alya comentou, dando de ombros e Marinette suspirou, cansando-se desse debate com a amiga.

A garota se levantou do chão onde estava sentada, ao lado de sua cama, e desceu as escadas, deixando o caderno e o lápis na escrivaninha. Terminaria aquilo depois, tinha bastante tempo ainda. Marinette esticou os braços, sentindo cada músculo do seu corpo reclamar por ficar sentada muito tempo em uma só posição.

- Só estou dizendo que ele ainda gosta de você. Por que passaria uma noite em claro, assistindo uma série, bem no meio da semana? - Alya insistiu no assunto, saindo da cama e indo atrás da amiga.

Marinette revirou os olhos e massageou um ponto específico de sua testa. Alya era sim sua melhor amiga, mas as vezes essa insistência toda fazia Marinette enlouquecer. Então mirou seus olhos em Alya, não fazendo questão de esconder o desprazer que tinha em continuar com aquele assunto.

- Porque ele gostou da série, talvez? - perguntou ironicamente e, antes que Alya pudesse falar alguma coisa, Marinette continuou. - Olha, ele não sabe que sou a Ladybug. Ele ficou por que gostou da série, não por estar apaixonado por mim. Podemos, por favor, mudar de assunto?

Marinette viu nos olhos de Alya que ela se sentia contrariada, mas não pode fazer nada a não ser manter a firmeza em seu olhar. Se deixasse sua amiga continuar com essa ideia, ela não iria parar nunca mais.

- Ele pode estar apaixonado pela Marinette...

- Alya! - Marinette a interrompeu, dessa vez rindo. - Essa é a coisa mais maluca que você já me disse.

Dessa vez, Alya riu também balançando a cabeça negativamente.

- Vai ver ele está. Não seria surpresa, você é gata. - Alya disse, entre risos, fazendo Marinette rir mais ainda.

- Oh, claro... Chat Noir está mesmo muito apaixonado por mim. - Marinette disse, entrando na brincadeira. - Bem que eu percebi que os olhos dele brilhavam todas das três vezes que ele me encontrou na minha forma civil.

Assim como Chat Noir quando queria fazer graça, Marinette dizia de forma exagerada e colocando a mão direita sobre o peito. A performances dramática da garota fez Alya desatar em risos.

Marinette olhou para o relógio e viu que eram 14h00, voltou seu olhar para a janela e pode observar o céu azul e limpo. Estava um dia quente em Paris hoje. Quente e bonito, então por quê não aproveitar?

- Acho que quero um sorvete. - Marinette comentou, olhando para Alya que pareceu gostar da ideia. - Só preciso trocar de roupa.

- Não precisa. Você está ótima. - Alya disse, fazendo um gesto de desdém com as mãos.

Marinette se olhou no espelho. Estava vestindo sua roupa de ficar em casa, que consistia em um short preto de cintura alta e uma regata verde musgo. Realmente, não estava ruim. Então apenas vestiu um tênis e pegou sua bolsa.

- Vem Tikki. - Marinette não precisou chamar duas vezes. A kwami logo estava em sua bolsa.

Antes que pudesse falar qualquer coisa, Alya a pegou pela mão de maneira afobada e a arrastou para fora do quarto. Marinette usou toda sua concentração para não tropeçar nos próprios pés enquanto descia as escadas e tentava acompanhar o ritmo da amiga.

Assim que saiu para fora de sua casa, Marinette sentiu o sol bater quente sobre sua pele. Era uma sensação, de certa forma acolhedora. Olhou para o céu novamente e viu que o dia estava realmente limpo e bonito. Gostava de dias assim, eles lhe passavam uma certa alegria. Marinette achava isso, mesmo preferindo os dias de chuva.

As duas amigas andaram sem pressa até a sorveteria mais próxima que, por sorte, não ficava muito longe. Quando chegaram, fizeram seus pedidos e sentaram-se em uma mesa em um canto mais reservado.

  Marinette levou uma colher do seu sorvete de morango aos lábios e seu olhar se distraiu pela janela, observando a imagem da rua movimentada. A garota não pode deixar de olhar para os rostos de cada pessoa que passava naquela rua.

Rostos calmos e alegres de pessoas boas.

  A garota abaixou os olhos azuis, de um modo quase imperceptível, sentindo seu coração apertar. Como Shadow Moth tinha corigem de usar essas pessoas para tentar realizar seus desejos egoístas? Isso sempre a perturbou a respeito do vilão. Ele não parecia ter um pingo de humanidade e empatia no corpo e era frio a ponto de se aproveitar da fragilidade das pessoas para atacar.

  E como se ele ouvisse seus pensamentos, gritos foram ouvidos e sons altos também. Marinette deixou um suspiro escapar por seus lábios e olhou desanimada para seu sorvete, que não estava nem na metade.

  – O trabalho chama. – Alya disse, a olhando com empatia e Marinette sorriu.

  – Shadow Moth logo não vai mais nos incomodar. – a determinação na voz de Marinette surpreendeu até ela mesma, mas estava falando sério de qualquer forma. Ela iria pegá-lo.

I wanna know you Onde histórias criam vida. Descubra agora