Prólogo

320 56 28
                                    


Monstros são reais. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem.

     Cristinne era a pior criança do Instituto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     Cristinne era a pior criança do Instituto.

     Com oito anos ela ateou fogo na cozinha ao tentar fazer gelatina com cabeça de porco. Com as sobras de sua experiência não muito bem sucedida, manchou as vestes da governanta com o que sobrou da banha do animal. E não foi por falta de penitencias. Ela era só... falha. E falhas não atraem os olhares dos adultos. Eles não querem nada que comprometesse a qualidade dos serviços que as crianças ofereciam. O instituto sempre foi muito bom nisso. 

     Ensinar. 

     Cristinne caminhava de passos lentos enquanto as demais, corriam. Relevaram até certo ponto, até ela completar doze anos. Quando este dia chegou foi dado um aviso em suas mãos, através de um bilhete amassado, onde os garranchos diziam: Cris, eles vão nos separar hoje.

     Cristinne tinha um braço direito no instituto. Seu nome era David e ele tinha apenas dez anos quando enviou aquela mensagem. David por mais novo que fosse, era extremamente inteligente e na maior parte das vezes, a ajudava nas tarefas difíceis, escondido dos superiores. De todos os erros que Cristinne havia feito no instituto, o vínculo com outra criança era o mais hediondo e grotesco. Ela poderia por exemplo, ter sabotado uma das crianças para se sobressair nas tarefas e não ser ajudada. Isso é sinônimo de fraqueza, incompetência. 

     Afeto entre crianças são proibidas e esta palavra também é proibida. Trabalho em equipe, somente em ocasiões em que os adultos permitam. E então separaram a dupla. David teve o privilégio de ser enviado para trabalhar na recém inaugurada Grande Fábrica enquanto Cristinne permaneceu no Instituto por mais um ano.

     Aos treze anos todas as crianças saem do instituto e seguem seu rumo, preparadas e muito bem instruídas para servirem seus propósitos, mas algo perturbava Cristinne no dia em que David se fora. Pensou que estava relativamente cedo para uma criança de dez anos trabalhar. O correto seria aos Treze. O que houve desta vez? E não era só o garoto que havia partido. Muitas outras crianças menores também disseram adeus ao instituto naquele dia. 

     Isso despertou inveja nas crianças mais velhas. Era sempre uma grande honra quando chegava o momento de partirem. Servir, mostrar tudo o que aprenderam no instituto, crescer e se tornar um adulto de primeira classe. Esse era o grande objetivo de suas vidas, agora, ser chamado para esta missão, antes de todos? Era mesmo invejável. 

     Na cabeça de Cristinne, algo não fazia sentido. Não era inveja. Era outra coisa... um sentimento que desconhecia. A única coisa que tinha certeza é que a partir daquele momento ela estava só e teria que esperar mais um ano no instituto até seguir seu destino. 

     Ou não. Ou ela poderia tentar uma vaga na Grande Fábrica, da mesma forma que David conseguira. Mas como? Como se destacar em meio a tantas crianças promissoras? Como se juntar a David novamente sem parecer suspeito? E então... Cristine pensou em algo tão ardiloso, tão proibido que se quer fizeram uma regra contra isto. 

     Ela fugiu.

     E foi muito fácil. Não tinha nenhum sistema de segurança, nenhuma câmera, nenhum grande portão de ferro e ninguém que ficasse de prontidão na entrada das instalações, porque até hoje nenhuma criança decidiu escapar. Não havia motivos para isso. Sempre foram bem cuidadas e instruídas, mas Cristinne acabara de quebrar a primeira grande barreira do que posso chamar de Ousadia.

     A troco de quê? De uma amizade? Cristinne nem sabia o significado desta palavra, nenhuma criança sabia, então porque arriscar a própria vida para ir atrás de alguém que já esta com o futuro feito? Porque, Cristinne? Porque você dá tanto trabalho ao invés de oferecer?

     Essa pergunta me incomodou até o momento em que pude encontra-la pessoalmente, e quando a encontrei... Bom, o fim chega para todos um dia, e esse é o final da sua historia.

 Bom, o fim chega para todos um dia, e esse é o final da sua historia

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Todo Monstro que Há em NósOnde histórias criam vida. Descubra agora