Extraordinário.

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Melinda.

"Você não é apenas um extra. você é extraordinária." - ExtraOrdinary You.

Em minha mente, só havia nós dois ali, naquele momento, mas quando terminamos de nos beijar, percebi que estávamos na escola, e que havia alguns estudantes nos olhando, certeza que a fofoca iria se espalhar pelo colégio. – Isso foi... – ele dizia até eu o interromper.

- Incrível – falo, e sorrio envergonhada por ter dito algo assim.

Ele sorri, daquele jeito fofo que tinha, eu estava literalmente apaixonada pelo garoto asiático, pelo Dylan, depois do beijo, parece que aflorou ainda mais os meus sentimentos que estavam sendo prendidos aqui dentro, por mim mesma.

Eu tinha tanto medo de me apaixonar, que fiz o possível para bloquear meus sentimentos, mas por mais que eu tentasse, não consegui. Foi muito mais forte que eu, quando vi, tudo já estava acontecendo, e aqui chegamos nós, nos beijando, em frente a alunos, que metade eu não conhecia.

Eu fiquei tão abalada quando o Eduardo foi embora para Salvador, que me fechei totalmente para o amor, mas o que pude perceber, é que os sentimentos que senti e sinto com o Dylan foram totalmente diferentes dos sentimentos que eu sentia com o Eduardo. E depois de vê-lo hoje novamente, percebi que eu não estava mais apaixonada por ele. Por isso, quando vi que o Dylan nos viu, fiquei com medo de que ele entendesse errado e resolvi dar os sinais necessários para ele entender que eu sentia o mesmo por ele, que era um sentimento correspondido.

Ele toca no meu rosto com carinho, e me abraça. – Foi maravilhoso. – ele diz e me agarro a ele como se fossemos os únicos ali, como se aquele momento fosse terminar, caso eu o soltasse. Mas fomos interrompidos pela supervisora da escola.

- A escola não é lugar para namorar. – ela diz. Soltamos-nos, e fico envergonhada, mas ela ri no final e nos manda ir para a sala, pois o sinal havia tocado e nós ainda não tínhamos nos dado conta.

Quando entro em sala, as meninas me olham com aquela cara de: Sabemos o que vocês fizeram, queremos detalhes. Mas estávamos em sala, isso teria que ficar para depois. Apenas sorrio e faço um sinal de coração com os dedos cruzados, igual aos personagens de doramas faziam.

Quem disse que consegui prestar atenção em sala, fiquei os dois próximos horários, lembrando de nosso beijo, de seu toque, do seu sorriso, de tudo... Eu estava me sentindo nas nuvens, tanto, que comecei a me sentir boba, e pensei que eu estava começando a viver o meu próprio dorama.

Quando tocou o sinal, peguei minha mochila, mas antes que eu pudesse sair da sala, as meninas me agarraram e bloquearam minha saída. – Não... Não ouse sair sem nos contar o que rolou! – grita Isa, toda afobada.

- É isso aí, eu também quero saber! Como assim, você e o Dylan se beijam em pleno intervalo e não fala nada?! Não era você que estava convicta de que não queria mais namorar e entregar o seu coração? – debocha Verônica.

- Parem com isso, suas chatas. Apenas aconteceu... – digo e caio na risada.

- O quê?! Como assim? Para de ser malvada, Melinda! Você nunca admitiu que gostava dele pra gente, por mais que já desconfiássemos. O que fez você dar esse grande primeiro passo? – pergunta Isa, de forma insistente, mas eu entendia a curiosidade e o espanto delas, realmente eu nunca havia dado indícios de meus sentimentos para elas, guardei tudo para mim, como se isso não existisse.

- Desculpa meninas, eu não quis esconder nada de vocês, é só que... Nem eu mesma havia admitido o que eu estava sentindo. Eu só fui perceber com total clareza hoje, quando agi por impulso, com medo de que o Dylan pensasse que eu ainda gostava do Eduardo. Ele nos viu discutindo, poderia ter ficado com a ideia errada, então, eu resolvi fazer o que eu estava tentada a fazer há tempos. – termino de explicar, aliviada e sorrio.

Elas me olham com aqueles olhares de que entendiam tudo. Minhas amigas eram muito compreensivas, até demais, sendo que eu sempre fui a mais difícil de lidar de nós três.

- Estamos felizes que vocês dois tenham acontecido. – diz Verônica, com doçura.

- E que você tenha se permitido amar mais uma vez. Já imaginávamos que uma hora ou outra isso ia acontecer, era tão nítido seus olhares apaixonados um pelo o outro! – diz, Isa, e ri.

- Bobonas! – resmungo, e sorrio.

- Agora, vamos deixar você ir, aposto que o seu namoradinho está te esperando do lado de fora, agora é a fase inicial do namoro, ou seja, muita melação agora... – fala Verônica, e sinto vontade de implicar.

- Acho que você pode ser a próxima, o Hugo está tão na sua... Já percebeu?

Ela faz a cara que eu queria, negando e rindo. Também estava na cara que ela estava começando a se interessar por ele. – Malvada! – ela diz, até que somos pegas de surpresa pelos meninos, que estavam de olho em nossas conversas. Estavam parados ali em frente à porta como se fosse normal continuar ouvindo a conversa alheia.

- O quanto vocês ouviram?! – grito, assustada. Dylan também estava ali, os quatro intactos, todos com caras de riso.

Verônica fica corada, tanto, que eu percebo a vermelhidão se formando em suas bochechas.

- Desculpa interromper a conversa das madames! – brinca Lucas, com cara de malandro.

- Não ouvimos muito. – diz Hugo, segurando a risada.

- Mentira! Vocês ouviram tudo! Estão rindo por isso! – digo, irritada.

Verônica sai correndo, Isa sorri e se retira, eu suspiro, e saio apressada logo em seguida. Dylan corre atrás de mim, chamando por meu nome. Não dou ideia, até que ele puxa meu pulso e me vira a seu encontro, sinto a pressão de sua força neste momento. – Por que está fugindo de mim? Ficou brava? – ele pergunta, sem entender.

- É claro que fiquei, se vocês chegaram e escutaram que estávamos conversando sobre essas coisas, por que não foram embora? Não deveriam ter ficado parados escutando tudo! Isso é invasão de privacidade, além de ter escutado que eu estou caidinha por você, ainda escutaram o lance da Verônica... Agora ela deve estar morrendo de vergonha, e o Hugo vai se achar. – termino de dizer.

Ele faz cara de bobo, um rosto de que não compreendia o motivo do meu surto. Como se terem escutado nossa conversa não tenha sido nada fora do comum. – Tudo bem. Desculpa. Não entendo porque está tão brava, mas desculpa por ter feito algo que você não gostou. – ele diz, de um jeito muito fofo e de forma ingênua. Como era possível existir um adolescente tão lindo e ingênuo assim? Era real? Eu sabia que era sua inocência que havia me conquistado de primeira, mas eu ainda me surpreendia, até porque estávamos no inicio da relação.

Suspiro e logo depois sorrio. Coloco minha mão sobre seu cabelo e o jogo para o lado, mas por ser muito liso, acaba voltando rapidamente para sua testa. – O que foi? – ele pergunta, um pouco envergonhado.

- Você é extraordinário. – falo.

Ele sorri, e me puxa pela cintura. – Por qual motivo?

- Nunca vi um garoto da nossa idade tão fofo e inocente quanto você. Há alguns segundos eu estava com tanta raiva de vocês e só com um rostinho de bobo e um pedido de desculpas, você fez com que a minha raiva fosse embora, dando lugar a sentimentos maravilhosos. Você não pode sair ganhando assim... – digo e sorrio.

- Acho que devo pedir desculpas mais vezes... – ele brinca, o empurro de leve, ele me agarra, dando-me um abraço apertado e muito aconchegante.

- Não seja descarado. – falo.

- Se sou inocente você reclama, se sou descarado também... Fica difícil assim. – ele diz, e ri.

- Continue sendo você mesmo. Isso é o essencial em uma relação, liberdade de podermos ser como somos com todos nossos erros e acertos. Vamos aprender juntos. E eu amo o seu jeitinho. – digo e sorrio.

- E eu amo o seu. Mesmo sendo complicada. – ele fala e eu o bato de leve. Vamos embora juntos, de mãos dadas, havia poucos alunos no colégio, já que havia tocado sinal a um tempinho. Marcamos de nos encontrar à tarde, na rua. Era curioso como não queríamos nos desgrudar nem por um minuto sequer, eu estava perdida. Nunca tinha ficado tão apaixonada assim, mas tudo bem era correspondido, e eu sabia que o amor é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar, mesmo com todas as possibilidades falhas. Mas eu preferia não pensar nas falhas, ainda era o nosso inicio, e como todo inicio, seria lindo, e nós dois faríamos o possível para que continuasse assim.

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