"Não se esqueça de nada. Lembre-se de tudo e supere. Se não superar, sempre será uma criança cuja alma nunca floresce." - Tudo bem não ser normal.
Assim que saí do bar com as meninas, apressadamente, tive que explicar no caminho o motivo, se não, elas não me deixariam em paz. Eu senti o coração acelerar, senti vontade de beijá-lo e de enchê-lo de perguntas, senti vontade de conhecê-lo. Senti coisas que nunca haviam acontecido tão rapidamente assim, nem mesmo com o Eduardo. Eu não podia gostar dele, iria doer novamente caso algo desse errado na relação. Eu prometi a mim mesma que não iria sofrer mais, por que isso está acontecendo? Eu só quero ser uma adolescente normal e só gostar de alguém após o ensino médio. Nenhuma relação dura enquanto se está no ensino médio.
— Então... você saiu de lá, por causa do Dylan? Só por que se sente atraída por ele? — Perguntou Isa, e em seguida, prendeu seu cabelo vermelho todo ondulado.
— Eu não estou atraída por ele — respondi friamente.
Verônica suspirou. — Melinda, se você está interessada no garoto, fica com ele. Qual o problema? E daí se você gostar? Tenho certeza que ele também está muito interessado, da para perceber de longe — disse ela, como se isso fosse a coisa mais simples do mundo.
— Vocês duas estão loucas? Somos adolescentes! Nenhuma relação dura nessa idade. Não quero gostar de alguém perdidamente e depois sofrer por algo que não deu certo.
— Somos adolescentes, amiga. Por isso mesmo, devemos aproveitar e ficar com quem sentimos vontade. E daí se não der certo? Isso acontece até na fase adulta. E tem muitos casais de adolescentes que duram até a fase adulta, chegam até se casar. Vai que você acaba se tornando um deles? — Isa brincou no fim, e deu um sorriso bobo.
Olhei para ela com cara de poucos amigos. — Vocês duas não vão conseguir fazer com que eu mude de opinião. Agora, esqueçam isso, vamos embora, estou muito cansada — falei, apressando meus passos pela rua movimentada.
Quando cheguei em casa, encontrei minha madrasta me esperando na sala. Fiquei decepcionada, eu quase não via o meu pai, e mesmo quando ele estava em casa, parecia não estar, era como se não se importasse com a filha adolescente. Já eram onze da noite.
— Está tarde, Melinda. Não quero ser chata, mas... ainda não é final de semana. Amanhã você tem aula na parte da manhã — disse Marina, me olhando com afinco.
— Eu só saí um pouco, não está tão tarde. E onde está o meu pai? — Perguntei, já sabendo a resposta.
Ela me olhou de forma protetora, e me senti uma pessoa ruim por tratá-la com certa frieza. — Ele está deitado no quarto. Está cansado, mas, ele ficou preocupado... — ela dizia, até eu a cortar.
— Não minta. Ele nem sequer perguntou sobre mim, não é? Nem deve saber que eu saí.
— Melinda... seu pai te ama, ele só está muito cansado por conta do trabalho.
— Um pai que ama a filha, deveria ser mais presente, deveria querer saber onde a filha está. Ele apenas se parece com um pai que nem liga que tem uma filha. Tem sido assim desde que a mamãe morreu. Ele se tornou outro, e nem se importou comigo, quando assumiu outra relação. Acho que eu devo ter morrido, junto com a minha mãe, talvez seja por isso que ele finge que eu não existo mais. Quando eu for uma adulta e independente financeiramente, irei desaparecer totalmente da vida dele, assim, eu vou me magoar menos — gritei, com raiva.
Marina estava me olhando de forma assustada, como se não soubesse o que dizer, seus olhos estavam marejados e aquilo me incomodou. Por que ela se importava? Será que era fingimento? Mas se não fosse, por que ela gostava tanto de mim?
— Meu amor... — ela dizia se aproximando de mim. — O seu pai te ama muito, pode não parecer, mas ele ama. Ele só não sabe expressar isso. Não o odeie. Isso não é bom para você. Os adultos possuem formas diferentes de expressar o amor por um filho.
— Ele não era assim quando a mamãe era viva, ele se importava comigo, me amava, era presente, mas desde que ela se foi, ele finge que eu não existo. Ele devia ter se importado mais comigo, porque eu sou a filha dele, eu perdi a minha mãe! Não foi só ele que perdeu a esposa. Ela era a minha mãe... e como filha dela, ele devia me amar, devia ser atento, devia se importar mais, devia querer me proteger — disse, e algumas lágrimas desceram por meu rosto.
Ela tentou me abraçar, mas eu a afastei. — Desculpa, mas você não é a minha mãe — falei, e senti que a feri. A culpa veio logo em seguida.
— Eu sei que não sou sua mãe. Eu só quero que você possa me enxergar como uma segunda mãe, ou uma mãe adotiva, talvez uma madrasta que te ama e que quer muito poder ser alguém especial na sua vida. Quero ser alguém que consiga te ajudar, alguém importante para você. Sei que ninguém jamais será mais especial que a sua mãe, eu entendo, eu só quero que você possa confiar em mim — ela disse, com ternura e preocupação.
— Por que gosta tanto de mim? Não entendo... — eu estava confusa, sempre me senti confusa em relação aos sentimentos da Marina por mim, eu nem era sua filha biológica, mas ela me tratava como uma e nunca ficava brava quando eu a tratava mal.
Ela suspirou fundo. — Eu sempre quis ser mãe, mas nunca consegui. E depois que conheci o seu pai e descobri que ele tinha uma filha, pensei que talvez, eu conseguisse ser como uma mãe adotiva na sua vida. E por eu amar o seu pai, eu sinto um carinho enorme por você. Desculpa se te incomodei com o meu carinho.
Depois que escutei que ela sempre quis ser mãe, fiquei me sentindo culpada por tê-la maltratado. — Desculpa. Fui dura com você, mas... eu não sei se estou pronta para te aceitar como uma mãe adotiva. Vou para meu quarto — e assim, encerrei aquela conversa.
Quando entrei no quarto, fechei e tranquei a porta. Troquei de roupa e me preparei para deitar, enquanto desfiz minha cama para poder dormir, meu celular apitou.
Era uma notificação no instagram, senti o coração bater um pouco mais forte quando vi que Dylan havia me seguido, e deixado uma mensagem no direct. Visitei seu perfil, havia muitas fotos, e nossa, as fotos eram lindas, ele era muito lindo... como era fofo em algumas fotos. Fiquei fascinada, olhando suas fotos, lembrei que ele deixou a mensagem, o segui de volta, mesmo achando que seria uma péssima ideia. Cliquei no direct para responder, logo depois que respondi seu "oi", ele puxou mais assunto.
"Eu disse algo errado hoje? Você saiu apressadamente e fiquei com a impressão de que talvez eu tenha provocado isso".
Sorri após ler a mensagem. Que fofo. Para Melinda.... o que você está fazendo?
"Não, você não disse nada de errado, eu que tinha que voltar para casa mesmo, desculpa por sair tão apressada." — menti.
"Ah, menos mal. Vai à escola amanhã?"
"Sim, e você?"
"Também. Nos vemos lá então, vou dormir agora, boa noite."
O que ele quis dizer com isso? Ele estava pensando em conversar comigo amanhã na escola? E agora? Eu não posso ser amiga dele, tenho que ficar longe, e não perto. Onde eu havia me metido? Como eu fujo disso agora?
"Ok, boa noite". — respondi.
Fiquei perplexa, por que eu não o ignorei? Devia ter ignorado. Meus pensamentos estão uma bagunça, larguei o celular e resolvi ir dormir, eu precisava parar de pensar nele, precisava parar de pensar naquele lindo chinês, que estava fazendo meu coração bater mais rápido, só de olhá-lo.
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Você veio de um dorama?
Teen FictionEm Vila - Mariana, São Paulo, os caminhos de Dylan e Melinda se encontram. Uma garota popular, com o coração machucado, um garoto asiático, com uma personalidade jamais vista antes. Para Melinda, ele é um caso raro, um rapaz extremamente fofo, algu...